Novo Chromecast com Google TV é excelente, mas caro
O Chromecast com Google TV é um leitor multimédia completo. Além da habitual facilidade a transmitir conteúdos a partir do smartphone, permite instalar apps, como as de streaming ou jogos. Mas o preço, desde 70 euros, impede a nossa recomendação.
- Especialista
- António Alves e José Almeida
- Editor
- Inês Lourinho

Cerca de cinco anos após o lançamento, alguns televisores inteligentes começam a perder o acesso a aplicações e atualizações do sistema operativo. É a conclusão que retiramos da nossa análise à obsolescência dos sistemas operativos destes equipamentos, que fazemos desde 2015.
O Chromecast, dispositivo concebido pela Google que conta já com diversas versões, faz a ponte entre os dispositivos móveis (telemóveis e tablets) e os televisores e, como tal, é das soluções mais práticas e baratas para repor as perdas resultantes da falta de atualização. Só é preciso ligá-lo a uma tomada HDMI do televisor. A versão 3 (full-HD) custa cerca de 40 euros e foi durante bastante tempo a nossa recomendação. Já o mesmo não podemos dizer da Ultra, compatível com imagens em resolução 4K, que está à venda desde 75 euros: as vantagens, pouco evidentes, não justificam a diferença de preço.
Tudo mudou há alguns meses, quando chegou um pequeno aparelho da Xiaomi, o Mi TV Stick, que faz tudo o que o Chromecast faz, e lhe acrescenta uma componente de leitor multimédia. Dotado da versão 9 do sistema operativo Android TV, custa cerca de 40 euros. Tratando-se de um leitor multimédia, permite mesmo prescindir do smartphone no uso de várias apps, como as de streaming de áudio e vídeo. De que forma? Basta instalar as apps na memória do aparelho e conectá-lo ao televisor. Surgem então menus no ecrã, em que pode navegar com o telecomando fornecido de origem.
Quem puder gastar a partir dos 50 euros tem noutro aparelho da Xiaomi – o Mi Box S – uma solução mais versátil. Trata-se também de um leitor multimédia com o Android TV 9 e todas as funcionalidades do Chromecast, mas é bastante mais potente do que o Mi TV Stick, além de ter compatibilidade com conteúdos em 4K e com a tecnologia de otimização de contrastes (HDR).
A Google não se deu por vencida, e lançou uma nova versão do Chromecast. Equipada com o Android TV 10, também designado como Google TV, admite imagens em 4K e com HDR. O preço, esse, começa nos 70 euros. Se vale ou não a pena depende daquilo que pode gastar. As capacidades são muito superiores às do Xiaomi Mi TV Stick. O novo Chromecast é também mais fluido e rápido a iniciar aplicações do que o Xiaomi Mi Box S, o que pode ser notório, por exemplo, se correr os jogos da Google Play Store. Para tal, precisa de emparelhá-lo com um comando bluetooth ou com o comando de uma consola Microsoft Xbox. Fossem os preços mais parecidos, e a nossa recomendação seria mesmo o novo Chromecast. Assim, a decisão depende do orçamento disponível.
Em que situações se justifica o novo Chromecast?
Se tem uma televisão inteligente mais recente, não deverá sentir problemas de acesso a aplicações ou atualizações do sistema operativo. O Chromecast, neste caso, não terá grande utilidade. A maioria das aplicações de serviços de streaming populares, como YouTube ou Netflix, já vêm instaladas no televisor. Mais: se a aplicação estiver no telemóvel e no televisor, é possível transmitir a partir do primeiro, usando-o como comando do segundo. Além disso, se o seu televisor correr o sistema operativo Android TV, como é o caso de vários modelos da Sony, Philips, TCL e Xiaomi, é até descabido usar um Chromecast, já que a plataforma de smartTV funciona de forma em tudo semelhante.
O Chromecast já se torna muito interessante no caso de televisores convencionais, que não permitam instalar aplicações, ou, como referimos, para os que, sendo inteligentes, tenham perdido funcionalidades.
Existem ainda duas situações em que o Chromecast se reveste de grande utilidade. Quando, por exemplo, sai de casa e viaja para outra localidade, pode ter interesse em fazer-se acompanhar do dispositivo da Google. No alojamento onde ficar, só tem de ligar o aparelho ao televisor através de cabo HDMI e depois à corrente. O Chromecast 3 pode ser alimentado através de uma ligação USB do televisor. Já a nova versão exige o uso do carregador de corrente fornecido.
O último contexto em que se justifica o Chromecast pode até ser frequente, já que as marcas de televisores que lideram o mercado, como a LG e a Samsung, não correm o Android TV. Significa que ficam impedidos de usar algumas apps apenas compatíveis com este sistema operativo. O novo aparelho da Google pode, pois, contornar as incompatibilidades e transmitir os conteúdos nesses televisores.
Como instalar o Chromecast com Google TV?
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Para continuar a ler, basta entrar no site ou criar uma conta (disponível para subscritores e não-subscritores).As ligações são simples e rápidas: só tem de conectar o aparelho a uma entrada HDMI do televisor. Também precisa de ligar o Chromecast à corrente. Para este efeito, é fornecido um carregador de corrente e um cabo USB-C, que liga ao aparelho.
Ao ligar o aparelho pela primeira vez, este corre o setup inicial. Pode fazer a configuração com o telemóvel via app Google Home. Também pode fazê-lo por meio dos menus do Chromecast, mas o processo é mais moroso, exigindo, por exemplo, a palavra-passe da rede wi-fi.
Ligado o Chromecast, a configuração do comando é automática, identificando o televisor e permitindo controlar aspetos básicos, como volume e alimentação.
Durante a configuração, notámos que não estava disponível o português do nosso país, ainda que, no teste ao assistente de voz, a compreensão dos comandos vocais até tenha agradado bastante.
Outra novidade está no modo ambiente. Quando o Chromecast deixa de ser usado durante algum tempo, faz uma apresentação de imagens (slideshow). Agora, além das fotos do sistema, pode selecionar, para fundo, imagens que estejam na sua conta de Google Fotos (pode escolher álbuns).
Como usar o novo dispositivo da Google?
Repor o acesso a apps num televisor que o perdeu tem sido a mais‑valia de um Chromecast, missão que, no entanto, os leitores multimédia que indicámos, da marca Xiaomi, também cumprem. Estes aparelhos integram a tecnologia Google Cast, que, num teste prático, usámos juntamente com o Cast para lançar três apps num televisor a partir de um telemóvel.
Comecemos pelo básico. O Cast e o Google Cast são dois protocolos de transmissão de conteúdos para o televisor. O primeiro é o mais comum. Já o segundo, no fundo, é igual ao Chromecast, mas já vem de raiz nos televisores compatíveis com o Android TV: por exemplo, vários modelos da Sony, Philips, TCL e Xiaomi.
O que fizemos foi, pois, ligar o Chromecast a um televisor sem Android TV e lançar três apps compatíveis com este sistema operativo: YouTube, Google Fotos e RTP Play. E usámos os protocolos de transmissão Cast e Google Cast.
YouTube
Normalmente, esta app vem pré‑instalada nos televisores inteligentes e nos leitores multimédia. Por isso mesmo, acabou por ser o caso mais simples do teste prático. A partilha de conteúdos a partir do telemóvel não envolveu problemas com nenhum dos dois protocolos.
Google Fotos
O serviço de armazenamento de fotos mais popular do planeta não pode ser instalado num televisor inteligente ou leitor multimédia: apenas em smartphones ou tablets Android ou iOS. A partilha decorreu sem obstáculos no caso do Google Cast. Mas não foi possível fazer o Cast. Motivo: este protocolo exige que a app esteja instalada no televisor.
RTP Play
Muito apreciada pelos utilizadores e realmente bem concebida, permite, por exemplo, aceder a um vasto leque de programas já transmitidos, retomar a reprodução e aceder às emissões em direto. Mas só pode ser instalada em dispositivos com Android TV. Logo, sucedeu o mesmo que no caso anterior. A transmissão foi possível via Google Cast, e não para televisores que suportam apenas o Cast.
O que podemos concluir, então, deste teste prático? O Cast só é possível quando a aplicação está instalada tanto no smartphone ou tablet, como no televisor ou leitor multimédia. Já o Google Cast permite lançar todas as apps compatíveis com o Cast.
E como funciona o leitor multimédia?
Sendo também um leitor multimédia, o aparelho da Google admite a mais recente versão do sistema operativo Android TV, também conhecida como Google TV. É compatível com imagens de resolução 4K e recorre a tecnologias de melhoramento de contrastes e paleta de cores (HDR 10 e Dolby Vision).
Aceita igualmente a instalação de apps através da Google Play Store, como YouTube, Netflix, Spotify e Amazon Prime Video, e até de alguns jogos.
Integra o assistente de voz Google Assistant, que conta com um botão dedicado no telecomando, assim como microfone para a captura das instruções vocais. Notamos melhorias na compreensão das instruções vocais, ainda que esteja longe de acertar em todas...
Os menus e a navegação agradaram bastante, o mesmo acontecendo com o hardware, que respondeu bem às exigências do nosso teste. Fluidez na navegação e rapidez no acesso às apps ou na reprodução dos jogos são pontos a favor.
Quase todos os jogos exigem o emparelhamento com um comando bluetooth. Mas verificámos que o comando da Xbox também faz as honras. Ensaiámos o desempenho do novo Chromecast com alguns jogos, incluindo o Asphalt 8, simulador automóvel exigente, e verificámos que o pequeno leitor multimédia respondeu bem. Mesmo assim, ocorreram algumas perdas esporádicas de fluidez com o Asphalt 8.
Resumindo, por um preço que começa nos 70 euros, obtém um aparelho três-em-um, que lhe resolve problemas de compatibilidade do televisor, tem uma componente de leitor multimédia e ainda serve de consola de jogos... ainda que, no último caso, apenas para jogadores ocasionais.