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Nintendo Switch 2: DECO PROteste já testou e diz se vale a pena

A DECO PROteste já pôs as mãos na tão aguardada Nintendo Switch 2, que chegou ao mercado no início de junho. Desde a primeira utilização à jogabilidade, tudo foi examinado. A organização de consumidores revela se vale a pena e quais são as alternativas.

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25 junho 2025
nintendo switch 2

Nintendo.com

Depois de alguns dias a jogar… quer dizer, a testar meticulosamente todas as funcionalidades da nova Nintendo Switch, os técnicos da DECO PROteste ficaram com a certeza de estarem perante uma sólida atualização da icónica consola. Mas não deixaram de notar que muitas vertentes não são novidade. Em poucas palavras, a Switch 2 está mais para evolução do que para revolução. A experiência de utilização não é 100% nova, mas uma versão muito melhorada daquilo que já existia. Será ótimo para os fãs da Switch, mas ficará aquém das expectativas de quem imaginasse algo de radicalmente diverso.

A partir de 470 euros, sem contar com os jogos, o preço é muito mais elevado do que o exigido pelas várias versões da Switch original (Switch 1, Switch OLED e Switch Lite). Os jogos também encareceram, podendo custar mais 10 a 20 euros. E, nesta fase inicial, tão-pouco se mostram inovadores, mas, pelo menos, o equipamento agora lançado garante a compatibilidade com títulos antigos. Outra notícia animadora quanto aos jogos antigos: mesmo os que não foram otimizados para a Switch 2 têm jogabilidade superior, devido à maior capacidade de processamento da nova máquina.

Vale a pena optar pela Switch 2? Depende do ponto de vista, responde a DECO PROteste. A consola testada pode ser interessante, mas não para todos os utilizadores. Veja a análise da organização de consumidores.

Uma máquina maior e mais pesada

A Nintendo Switch 2 é maior e mais pesada do que a anterior versão. O mais amplo ecrã, com 7,9 polegadas, e as mais evoluídas especificações da nova máquina aproximam-na mais de um pequeno tablet PC do que de uma consola portátil e leve, desenhada para ser facilmente manuseada. Alguns utilizadores são até da opinião de que se parece com um iPad Mini com controlos acoplados nas laterais. Apesar de tecnicamente portátil, a Switch 2 não é aquele aparelho que se atira para o fundo da mochila de forma descontraída, tal como a Switch orignal ou, ainda mais, a Switch Lite.

Os sinais estão à vista. As consolas mais ligeiras e fáceis de transportar estão a evoluir para versões que pretendem posicionar-se à frente dos versáteis e todo-poderosos smartphones. Alguns exemplos? A Steam Deck, consola portátil que permite jogar os títulos armazenados na biblioteca da Steam, assim como outras que têm entrado no mercado recentemente, recorrem a processadores de consumo energético reduzido, mas conseguem equiparar-se a computadores portáteis de entrada de gama específicos para jogos.

O peso extra da nova Switch é especialmente evidente durante sessões de jogos mais prolongadas. Há quem reporte um certo cansaço nas mãos após 30 a 60 minutos de uso contínuo, sobretudo tratando-se de jogos que exijam o ajuste contínuo da câmara (por exemplo, aproximar ou afastar o zoom, ou mudar o ângulo para ver melhor o ambiente) ou o recurso a botões nos comandos.

Os técnicos da DECO PROteste consideram que é preferível jogar com a consola no colo ou com os braços apoiados numa mesa. Mesmo assim, a melhor ergonomia da Switch 2, que garante uma adaptação mais perfeita das mãos aos comandos, equilibra um pouco os efeitos de um aparelho maior e mais pesado. Para quem joga sobretudo em casa, não será um problema. Mas, para quem gosta de se entreter nos transportes públicos, durante as viagens para o trabalho ou a escola, a Switch 2 é demasiado volumosa para um uso confortável.

Primeira utilização sem complicações

Na primeira utilização, tudo é simplificado para pouco exigir ao jogador. O processo é intuitivo, passando por wi-fi, login e atualização ao sistema. Comparando com a Switch original, é bastante mais rápido, mas ainda muito “Nintendo” na sua simplicidade: não existe animação inicial, nem é exigido um elevado nível de personalização das definições.

Infelizmente, criar uma conta online implica o recurso a um smartphone ou a um computador, pois não é possível preencher, na própria consola, todos os campos requeridos. Por enquanto, pode parecer um pequeno pormenor, mas é mais um sinal de que mesmo as consolas da Nintendo, nos dias que correm, são menos brinquedos e mais equipamentos tecnológicos avançados, concebidos para serem usados num mundo conectado.

Mais um exemplo? A Switch 2 pode ser vendida sozinha ou num kit que inclui, por exemplo, o jogo Mario Kart World. No segundo caso, o jogo não vem instalado no aparelho nem guardado num cartão. Em vez disso, a consola traz um código para descarregar o jogo online, que fica associado à conta do utilizador.

Outro pormenor: como os jogos da Nintendo pesam vários gigabytes, é indispensável uma rápida ligação à internet. No dia do lançamento da consola, descarregar o Mario Kart World com uma ligação de 100 Mbps, velocidade normal em Portugal, levou meia hora, sem que nenhum outro aparelho estivesse ligado à mesma rede.

Comandos com conexão magnética: problemas de durabilidade?

Os novos comandos, também designados Joy-Con 2, conectam-se magneticamente à consola, em vez de recorrerem aos encaixes metálicos do tipo carril da versão original. São maiores, para acompanharem uma consola aumentada, e têm a ergonomia melhorada, proporcionando mais conforto a mãos adultas, sobretudo quando o aparelho é usado no modo portátil.

A conexão dos comandos à consola é bastante mais suave e parece reduzir as oscilações, que, na Nintendo original, podiam manifestar-se ao fim de pouco tempo de uso. Vários aparelhos deste modelo eram ainda afetados por um problema técnico nos comandos, originado pelo desgaste mecânico resultante do atrito dos sensores usados, mas também pela sensibilidade à poeira ou sujidade. Por vezes, as personagens moviam-se no ecrã, sem que o jogador tivesse ativado os comandos, o que tinha consequências nefastas para a progressão.

A marca não confirmou o uso, na nova Switch, de sensores hall effect, que muitos esperavam e que seria uma solução eficaz para o problema, visto dispensar o contacto físico entre peças móveis para detetar o movimento. Mesmo assim, é notório que o isolamento e a selagem interna dos novos comandos foram melhorados, o que deverá incrementar a sua imunidade, pelo menos, à sujidade.

Os encaixes magnéticos parecem, de facto, um passo em frente se tivermos em conta o anterior sistema, mas fica o alerta quanto à durabilidade. A Switch 2 é ainda extremamente recente, pelo que não há como provar que, com o uso, não sofrerá do problema dos "movimentos fantasma” das personagens nos jogos. Por outro lado, vale lembrar que também os comandos das novas PlayStation (PS5) e Xbox (Series S e X) usam sensores analógicos (potenciómetros), pelo que a ausência da tecnologia hall effect, por si só, não deve ser vista com grande preocupação.

E quanto à autonomia dos comandos da Switch 2? As baterias têm pernas para 20 a 30 horas de jogo, o que está em linha com os valores da antiga consola.

Ecrã tem mais resolução, mas não é um OLED

O ecrã com resolução de 1080 p, ou seja, 1080 linhas em modo progressivo, é uma melhoria, face aos 720 p da Switch anterior, e a diferença nota-se especialmente em jogos com muitos detalhes gráficos. Ainda assim, não é um OLED, mas um LCD convincente, superior aos presentes em muitos tablets, sobretudo os de entrada de gama. Fica o aviso: o brilho é bom sem ser excelente, o que pode constituir um problema se a consola for usada no exterior, com luz solar direta.

Quem aprecia negros profundos e cores vívidas pode, pois, sentir a falta dos contrastes proporcionados por um OLED, que equipa uma das versões anteriores da Switch. Não admira que, na qualidade da imagem, a versão Switch OLED fique à frente da Switch 2 em parâmetros importantes, como o contraste, a saturação das cores e os níveis de negros.

Conexão ao televisor é a mais-valia da Switch 2

Quando a Switch 2 está ancorada na docking station e ligada ao televisor por cabo HDMI, mostra a sua potencialidade, e as diferenças, em relação à Switch original, tornam-se mais claras. Mesmo assim, o ecrã da consola ainda não é compatível com a tecnologia HDR, que otimiza os contrastes. Significa que não consegue entregar um espectro de cores vibrante e contrastes profundos, ao contrário de muitas consolas recentes, a menos que esteja ligado a um televisor compatível com HDR. Não é possível deixar de sentir que se trata de uma oportunidade perdida, ainda que, para os menos exigentes, este não seja um motivo válido para rejeitar a Switch 2.

Ao nível do desempenho, a Switch 2 corre, de forma fluida, muitos jogos em resolução de 1080 ou 1440 p, e, com truques de upscalling, a qualidade da imagem aproxima-se do 4K, desde que a consola esteja ligada ao televisor. O que faz o upscalling? Embora o jogo seja processado em 1080 ou 1440 linhas, o sinal de vídeo é enviado da consola para o televisor em resolução 4K, o que melhora a nitidez da imagem. Para tudo resultar, o televisor tem também de ser compatível com o 4K.

No processamento gráfico, a Switch 2 está ao nível de algumas consolas clássicas de gerações anteriores, como a PlayStation 4 e a Xbox One. Mas ainda fica atrás da PlayStation 4 Pro e da Xbox One X, já para não falar dos modelos da geração atual, como a PlayStation 5 e as Xbox Series S e Series X, graficamente bastante mais poderosas.

Porém, todos estes aparelhos são muito mais volumosos, com um consumo de energia bastante superior, e só funcionam por meio de ligação a um televisor. As consolas clássicas consomem cerca de 200 watts a reproduzir um jogo, enquanto os atuais computadores de gaming podem exceder bastante esse valor. A Switch 2 fica muito à frente de um smartphone no plano do processamento gráfico, que genericamente gasta abaixo de 10 watts, mas menos do que um bom computador portátil para jogos, que anda nos 100 watts, máximo. Além disso, o processador da Switch 2 tem mais de cinco anos, muito menos eficiente do que os mais recentes.

O que retirar de tudo isto? A Switch 2 compete no processamento gráfico, se ancorada na docking station, com algumas consolas da geração anterior, mas não está à altura de uma PlayStation 4 Pro ou de uma Xbox One X, e menos ainda das atualizações destes modelos.

No fundo, o que a Nintendo consegue é um interessante equilíbrio entre desempenho, portabilidade e autonomia da bateria, em vez de acelerar a fundo na qualidade gráfica. Vistas bem as coisas, quem já gostava da Switch irá também apreciar a sua nova declinação.

O veredicto da DECO PROteste

Para lá de resolução e de processamento gráfico vitaminados, a Switch 2 pouco traz de verdadeiramente novo. Se a este argumento juntarmos o preço, elevado ao patamar daquilo que é pedido por uma consola clássica de última geração, a compra interessará mais aos fãs da Nintendo, sobretudo jogadores intensivos e adultos. Num uso portátil, o peso e o volume acrescidos tornam a consola menos conveniente para crianças. Se os mais pequenos já tiverem a versão anterior, não vale a pena trocarem para a Switch 2.

O conselho aplica-se ainda a jogadores ocasionais. No passado, a DECO PROteste teria sugerido que esperassem por uma descida de preços, se estivessem interessados na Switch 2. Mas, depois daquilo que se viu com a Xbox Series S/X, não há certezas de que os preços venham mesmo a cair. Se apreciam os jogos divertidos da Nintendo, como os das icónicas séries Mario ou Pokémon, têm na versão original uma opção mais equilibrada face ao atual preço da Switch 2. E, claro, na eventualidade de já possuírem a Switch original, também não faz sentido procederem à sua substituição. A Switch Lite, exclusivamente portátil, custa 220 euros, enquanto a Switch original ronda os 300 euros. São diferenças muito significativas para o patamar mínimo da Switch 2, que se fixa nos 470 euros.

Dito isto, a nova Nintendo é uma máquina convincente e a única portátil híbrida no mercado. O que significam estes predicados? A Switch 2 é a única consola que combina, de origem, uma experiência híbrida completa, com modo portátil, modo de mesa e modo TV, sem necessidade de comprar acessórios. As alternativas são o smartphone ou um híbrido entre consola e computador, como a Steam Deck. Mas jogar no telemóvel tem os seus contras. Não só os jogos tendem a ser demasiado simples, como podem também envolver armadilhas financeiras a longo prazo, ao recorrerem a sistemas de monetização agressivos, que dão a possibilidade de pagar para ganhar ou de fazer compras que contribuem para a progressão.

Já a Steam Deck tem a vantagem de ser compatível com todos os jogos armazenados na biblioteca da plataforma Steam e com todos os conteúdos que o utilizador tenha criado para esses jogos, além de ser um verdadeiro computador de bolso com o sistema operativo Linux ou até adaptável para o uso do Windows. A desvantagem é o preço, um pouco acima daquilo que custa a Switch 2, mas que é compensado a longo prazo pelos jogos mais baratos e pelo processador mais avançado.

Existem outros híbridos entre consola e computador, como a Lenovo Legion ou a Asus Rog Ally, e fala-se até do eventual lançamento de uma Steam Deck mais potente, com os mais recentes processadores AMD, como os da série Ryzen HX.

As conclusões da DECO PROteste sobre a Nintendo Switch 2 podem, pois, ser resumidas nos seguintes prós e contras.

Prós

  • Processamento potente para uma consola portátil.
  • Permite jogar os títulos da Switch original.
  • Ecrã LCD de boa qualidade, ainda que sem o contraste de um OLED.
  • Muito ergonómica para mãos adultas.

Contras

  • Muito cara, com jogos igualmente dispendiosos.
  • Bastante volumosa e pesada e, por isso, menos conveniente para um uso portátil por crianças.

 

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