Iniciante ou utilizador experiente? Revelamos os melhores discos de rede
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Pretende um disco ligado à rede doméstica, para guardar de forma segura todos os seus ficheiros, incluindo conteúdos multimédia? A partir de 150 euros, pode comprar o sistema NAS que aconselhamos.
- Especialista
- João Miguens e José Almeida
- Editor
- Inês Lourinho

Um network-attached storage, ou sistema de armazenamento NAS, é como ter uma nuvem privada para guardar ficheiros digitais de forma segura. Mas faz bastante mais do que isso. Questão prévia: o que é, afinal, uma nuvem, também conhecida pelo equivalente anglófono, “cloud”? Fazendo uma incursão pelos sonetos de Camões, trata-se daquele assento etéreo onde sobem e repousam os nossos ficheiros digitais. Para libertarem espaço no computador, tablet ou telemóvel, mas permanecerem guardados e disponíveis em qualquer dispositivo, limitam-se a partir. O destino é uma rede de servidores geridos por entidades “intermediárias”. Basta ligação à net para aceder aos dados. Testámos 12 discos NAS, com uma, duas e quatro baías, de quatro fabricantes, e indicamos três opções, consoante o perfil de utilização.
Razões para apostar num disco NAS
E se pudesse ter uma nuvem apenas sua, sem subscrições, nem limites de armazenamento ditados por terceiros? Os sistemas NAS permitem isso mesmo: cópias de segurança e ficheiros acessíveis em qualquer lugar com ligação à net. O número de documentos, fotos e vídeos que guarda e as suas necessidades não o justificam? Deixamos sete argumentos que podem fazê-lo mudar de ideias.
1. Acesso centralizado aos dados
Uma caixa com espaços (baías) para discos rígidos, que inclui processador e memória e uma porta ethernet para ligar ao router, e grava e partilha ficheiros com os aparelhos que lhe estão ligados via rede doméstica: assim se apresenta um NAS. Que é também uma espécie de minisservidor, com o seu sistema operativo, o que, entre outras possibilidades, permite ter uma cloud. Talvez tudo isto lhe pareça complicado. E certas configurações e funções não estão, de facto, ao alcance de um utilizador menos experimentado. Mas não se deixe intimidar. Nos últimos anos, os sistemas NAS tornaram-se mais acessíveis: não é preciso ser especialista nas artes informáticas para usufruir das vantagens associadas. Apesar de o NAS integrar a rede doméstica, a informação nele contida pode ser consultada fora de casa, em qualquer dispositivo com ligação à net. O acesso externo permite, por exemplo, ir de férias e continuar a aceder aos dados armazenados, fazendo cópias de segurança de computadores e também das fotos e dos vídeos de dispositivos móveis. É também possível conceder, a terceiros, o acesso a pastas ou ficheiros específicos, por meio de um link, com ou sem palavra-chave, ou definir vários utilizadores (por exemplo, membros da família) e dar-lhes um espaço exclusivo. Pode deixar que os miúdos visualizem os conteúdos multimédia, mas vedar-lhes o acesso aos seus documentos de trabalho.
2. Alternativa à cloud
Um sistema NAS é a alternativa perfeita aos serviços de cloud, como o Dropbox ou o Google Drive. Desde logo, é o utilizador quem gere e mantém o domínio sobre a informação. Depois, está livre de alterações às condições de utilização do serviço. Também não tem de pagar subscrições, claro. O único encargo prende-se com a compra do equipamento, que pode ser bastante mais caro do que um disco rígido externo tradicional. Um NAS com apenas um disco rígido custa desde 140 euros. Já se incluir dois, os preços começam nos 281 euros. Mas os valores não se ficam por aqui. Estes são os preços dos equipamentos My Cloud, da Western Digital, prontos a usar, pois vêm já com os discos instalados. A maioria dos NAS trazem apenas os espaços (baías) para os discos rígidos, que são comprados à parte. Em teoria, pode usar qualquer disco, mas o mais avisado é escolher modelos especiais para NAS, mais adequados a um uso intensivo. Pode escolher entre três grandes marcas: Western Digital (Red, Red Pro e Red Plus), Seagate (IronWolf e IronWolf Pro) e Toshiba (N300). Assim, terá de somar o preço dos discos ao do NAS, que depende sobretudo do armazenamento: um disco de 4 terabytes (TB) custa cerca de 100 euros.
3. Cópias de segurança sem falhas
Os clássicos discos rígidos externos são opções mais do que válidas para fazer cópias de segurança dos ficheiros. Mas, a cada gravação, precisa de ligá-los ao computador, operação que tem de ser multiplicada, se houver vários PC em casa. Um NAS dispensa-lhe estes trabalhos. Só tem de configurar a periodicidade dos backups para todos os computadores, e o equipamento encarrega-se do assunto. Apenas um corte de corrente elétrica poderá impedir o sucesso da tarefa. Fora um tal cenário, como o NAS está sempre ligado aos computadores, as cópias de segurança são salvaguardadas de forma totalmente automática, sem a possibilidade de esquecimentos. Os fabricantes destes discos de rede propõem programas de backup, mas também é possível usar o software a que está habituado, como a função integrada no Windows (histórico de ficheiros) ou no Mac OSX (Time Machine), ou qualquer outra opção.
4. Ferramenta para partilhar ficheiros
O NAS permite pôr facilmente conteúdos à disposição de vários computadores ou utilizadores. Para tal, só tem de criar pastas partilhadas: por exemplo, uma para documentos, outra para música e outra para fotos. De seguida, pode adicionar uma pasta de rede ao Explorador, do Windows, ou ao Finder, do Mac, para aceder aos ficheiros como se estivessem no seu computador. Se quiser ir mais longe, pode recorrer ao NAS para sincronizar ficheiros em diferentes aparelhos. Será como beneficiar de um serviço de cloud, mas sem os eventuais custos de subscrição. Terá, no entanto, de instalar no NAS um programa que o converta em servidor de sincronização. Depois, terá de fazer nova instalação, em cada computador no qual pretenda sincronizar os ficheiros, mas desta feita de um programa fornecido pelo fabricante do NAS. Após a configuração, pode aceder aos conteúdos em qualquer computador ou localização. As modificações feitas num ficheiro serão automaticamente atualizadas em todos os equipamentos. Pode ainda partilhar pastas e ficheiros com um link público. Ceder espaço privado aos elementos da família, para armazenamento e partilha, é outra possibilidade.
5. Biblioteca multimédia
Um NAS é o local certo para guardar e partilhar música, vídeos e fotos, já o dissemos. A ideia é convertê-lo numa plataforma que centralize conteúdos, evitando que ocupem espaço nos computadores e dispositivos móveis e mantendo-os acessíveis através da rede doméstica e da cloud privada. Deseja assistir a um filme no televisor inteligente? Procure um título no NAS, e o processo será semelhante a visualizar o conteúdo no computador portátil. As mais-valias deste sistema são o amplo armazenamento para guardar ficheiros multimédia e a grande capacidade de processamento para lê-los. Como bónus, pode instalar aplicações, como a Plex, que organizam faixas musicais, vídeos ou fotos numa interface agradável ao uso. Estas apps pesquisam automaticamente na net imagens e informações sobre os filmes e os atores. Uma vez mais, é possível definir quem tem acesso aos ficheiros multimédia.
6. Ficheiros mais protegidos
Nada o impede de comprar um NAS com apenas um disco rígido. Contudo, este irá precisar também de um backup, para evitar perdas de informação, em caso de avaria. Assim, o ideal é um modelo com dois discos. Com um par de discos rígidos, pode ativar aquilo que se designa por redundant array of independent disks, em português, “conjunto redundante de discos independentes”, configuração mais conhecida pelo acrónimo RAID, a qual tem uma versão 0 e outra 1. No primeiro caso, os seus dados são divididos em fragmentos e repartidos por ambos os discos. Esta configuração tem uma grande desvantagem: se um dos discos sofrer uma avaria, há o risco de tudo se perder. Mas também envolve vantagens. Não só a velocidade de processamento é mais rápida, como é possível beneficiar de toda a capacidade de armazenamento do sistema. Por exemplo, se tiver dois discos de 3 TB cada, irá usufruir de 6 TB de espaço total. Já na segunda configuração, a que aconselhamos por ser muito mais segura, um dos discos é uma cópia exata do outro. Portanto, se algum avariar, nada se irá perder. Há, contudo, o inconveniente de dividir o armazenamento ao meio. Dos mesmos 6 TB, só poderá usar três.
7. Um mundo de aplicações para explorar
As funcionalidades podem ser expandidas com aplicações. A interface do sistema dá acesso a uma espécie de loja de apps gratuitas. Encontra, por exemplo, software para fazer o backup dos ficheiros, ou aplicações que permitem geri-los da melhor forma. Mas não é tudo. Existem programas que transformam o NAS num servidor VPN, para transmitir dados com segurança através da internet. Estão igualmente disponíveis apps para visualizar e gravar as imagens provenientes de câmaras de videovigilância que tenha instalado em casa, e para gerir dispositivos móveis e televisores inteligentes. As opções são amplas.
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Escolher uma marca é também optar por um ecossistema. Indicamos as vantagens e os inconvenientes de cada um.
Asustor
Ator relativamente recente no mercado dos NAS, mas que tem tudo para desafiar as marcas de referência.
Prós Esta plataforma proporciona quase tantas opções quanto a Synology e a QNAP. Tem ainda a vantagem de ser acessível a utilizadores pouco experimentados no universo dos sistemas NAS.
Contras A navegação na interface da web é intuitiva, mas menos apurada nos detalhes do que a Synology e a QNAP. A loja de aplicações tem muitas opções inúteis.
QNAP
Concorrente direta da Synology, é um pouco melhor quanto ao número de possibilidades de configuração. No entanto, a utilização pode ser menos intuitiva, ou seja, é mais adequada para quem tem conhecimentos técnicos.
Prós Plataforma muito fiável e madura, possível de expandir com várias aplicações.
Contras Embora a interface web seja clara e bem desenhada, os principiantes nem sempre recebem a ajuda necessária na escolha dos parâmetros para obterem o pretendido. Gerir fotos e vídeos requer muito mais operações do que na Synology. Já para não falar que, de início, a multiplicidade de opções pode assustar quem tem menos experiência.
Synology
Também este ecossistema oferece múltiplas possibilidades, mas não é adequado para utilizadores com conhecimentos básicos.
Prós Plataforma muito madura, com um vasto número de aplicações. A interface web tem um modo básico e outro avançado, que permitem exibir mais ou menos funções. A Synology criou uma versão do sistema RAID, a qual garante que o armazenamento do NAS, quando são instalados discos de capacidades diferentes, não está limitado ao mais pequeno.
Contras A grande quantidade de funções e aplicações pode causar desconforto a quem está a dar os primeiros passos. As configurações das cópias de segurança em computadores Mac (Time Machine) também podem ser algo complicadas.
Western Digital
Muito intuitivo, adequa-se aos utilizadores domésticos que pretendam um NAS como solução de armazenamento, mas que não necessitem de muitos extras.
Prós Sistema simples de configurar, pronto a usar, na medida em que já inclui os discos, ou seja, não precisam de ser instalados, nem pagos à parte.
Contras As funcionalidades adicionais são limitadas, e algumas das existentes nem sempre se revelam fáceis de configurar.
As nossas recomendações
Temos soluções, qualquer que seja o seu perfil de utilização.
Perfil básico
Quem se está a iniciar nos sistemas NAS, provavelmente, procura um preço mais acessível. Pretende também um sistema simples, pronto a usar e com configuração intuitiva, que lhe permita armazenar, organizar e partilhar ficheiros, fotografias e vídeos, assim como fazer cópias de segurança automáticas dos computadores e dos telemóveis. Igualmente importante é que o acesso possa ocorrer em qualquer lugar e a partir de qualquer dispositivo, desde que haja ligação à internet. E, apesar de ser bastante mais dispendioso, o ideal é que o NAS tenha dois discos rígidos, como acontece no caso da nossa segunda recomendação, o My Cloud Home Duo. Os dados do primeiro disco podem ser duplicados no segundo, evitando a perda de informação, em face de uma avaria de um deles.
Western Digital My Cloud Home (4 TB)
desde € 150
Trata-se da melhor solução, com preço acessível, para quem necessita de um NAS. Ainda que as funcionalidades sejam poucas se comparadas com aquilo que podem oferecer outros sistemas, este equipamento, com disco rígido de 4 TB, acaba por ser muito interessante para um uso baseado sobretudo na realização de cópias de segurança e no armazenamento e na organização de ficheiros.
Western Digital My Cloud Home Duo (4 TB)
desde € 281
Alternativa ao modelo anterior, integra dois discos rígidos de 2 TB cada. O desempenho é muito semelhante, mas a segurança é superior, pois o par de discos permite uma configuração RAID 1. Ou seja, se um disco avariar, a informação estará guardada no segundo. Existem modelos mais caros, com capacidade superior a 4 TB.
Perfil avançado
Quem já tem alguns conhecimentos e, além das funções básicas, necessita de possibilidades mais avançadas irá rever-se neste segundo perfil. Pretende também mais flexibilidade, segurança, rapidez e capacidade para funcionalidades exigentes. Em contrapartida, não se importa de gastar um valor superior a 400 euros, já com os discos incluídos.
Synology DS220+
desde € 352 (não inclui discos rígidos)
Oferece uma multiplicidade de funções, muitas expansíveis com aplicações e software disponibilizado. Plataforma NAS com baías para dois discos rígidos, permite funcionalidades avançadas, como criar e executar máquinas virtuais (programas que simulam computadores físicos). O preço indicado refere-se à “caixa”. Discos compatíveis com este modelo custam desde 100 euros cada.