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Covid 19: maioria dos portugueses a favor da vacinação obrigatória para todos os adultos

Dois em cada três portugueses concordam que todos os adultos sejam obrigados a vacinar-se contra a covid-19. Tratando-se de profissionais de saúde, professores e funcionários públicos em contacto direto com o público, o número é ainda maior. Porém, apenas 42% são a favor da vacina obrigatória abaixo dos 12 anos.

10 dezembro 2021 Exclusivo
mulher a ser vacinada

iStock

Concordaria que a vacinação contra a covid-19 fosse obrigatória? Os resultados de um inquérito que conduzimos, em conjunto com as associações de consumidores de Espanha, Itália e Bélgica, nossas congéneres, revelam que uma percentagem elevada de portugueses, 67%, diz “sim”, no caso dos adultos. Tratando-se de profissionais de saúde e que prestem assistência, funcionários das escolas e das universidades e trabalhadores dos serviços públicos que contactem diretamente com o público, as percentagens são ainda mais altas.

Para 79% dos inquiridos, profissionais do setor da saúde, como médicos, enfermeiros, farmacêuticos e assistentes de geriatria, devem ser obrigados a vacinar-se. Quanto aos funcionários das escolas e das universidades e aos trabalhadores dos serviços públicos em contacto direto com o público, o nível de concordância dos inquiridos sobre a vacina obrigatória é de 73% e 72%, respetivamente.

Numa conclusão mais geral, os dados recolhidos indicam que 93% dos portugueses inquiridos neste estudo são a favor da vacinação obrigatória num grupo social, pelo menos.

O inquérito, sobre as opiniões e a experiência dos consumidores em relação à vacinação contra a covid-19 e ao certificado digital, foi conduzido via online, em novembro, a uma amostra representativa da população entre os 18 e os 74 anos. Recebemos 976 respostas válidas.

Os inquiridos vacinados ou com a inoculação agendada e mais velhos são os mais propensos a concordarem com a vacina mandatória em, pelo menos, um grupo social.

No entanto, algumas dúvidas instalam-se quando a pergunta sobre a obrigatoriedade da vacina tem em vista os menores de idade. Apenas 52% dos inquiridos são favoráveis a tornar a vacina obrigatória para crianças e jovens entre os 12 e os 17 anos. Uma percentagem ainda mais baixa, 42%, concorda com a obrigação da vacina em menores de 12 anos.

Isto não significa, porém, que a maior parte dos inquiridos seja contra a vacinação mandatória das crianças e dos adolescentes, conclui o estudo. Mais de um em quatro não concordam nem discordam (uma das opções de resposta) que a vacina seja obrigatória. Apenas 15% e 21% dos inquiridos dizem estar contra a obrigatoriedade da vacina, respetivamente, nas crianças e jovens entre os 12 e os 17 anos e nos menores de 12 anos.

Nos agregados familiares com crianças abaixo dos 12 anos, muitos dão conta da incerteza que sentem quando está em causa uma possível vacinação nesta faixa etária. Focando nas crianças desta idade, 31% responderam “não sei” à pergunta “Se fosse aprovada uma vacina contra a covid-19 para crianças com menos de 12 anos, estaria disposto a vacinar o(s) seu(s) filho(s)?”. No entanto, a maioria (56%) é a favor. Apenas 13% dos inquiridos rejeitam por completo a vacinação neste grupo etário.

Preocupações diferentes entre vacinados e não-vacinados

Questões diferentes relacionadas com a vacinação contra a covid-19 preocupam os inquiridos vacinados ou com a inoculação agendada e os ainda não-vacinados.

Os primeiros estão, sobretudo, preocupados com a escassez de vacinas e testes nos países em desenvolvimento, tendo seis em cada dez dos inquiridos vacinados ou com a vacina marcada dito que este era o aspeto que maior nível de preocupação lhes suscitava.

Entre os inquiridos ainda não vacinados, estender a indicação do uso da vacina a crianças com menos de 12 anos e ter de tomar novas doses da vacina contra a covid-19 todos os anos são os aspetos que mais preocupam. Para metade destes inquiridos, vacinar crianças abaixo dos 12 anos é o fator que mais os preocupa. Ter de repetir a vacina anualmente é o que mais inquieta 42% destes inquiridos.

À pergunta “porque é que ainda não foi vacinado ou porque é que não o vai fazer?”, 41% dos inquiridos não inoculados responderam que não acreditavam na eficácia da vacina. Uma percentagem ligeiramente mais baixa, 38%, não confia no processo de fabrico e de aprovação da vacina.

Menos de metade apoia restrições para quem não tenha certificado digital

Sobre se as pessoas que não têm certificado digital covid devem ser impedidas de entrar em espaços e eventos públicos, menos de metade dos inquiridos (46%) respondeu concordar com tais restrições. Ligeiramente menos ainda (45%) acha que a implementação do certificado seja uma medida eficiente para evitar a propagação da doença. 

No entanto, apenas 21% concordam com a ideia de que o certificado digital covid discrimina injustamente as pessoas não vacinadas.

Mais de metade dos inquiridos acredita mesmo que o certificado digital encoraja os indecisos a vacinar-se (59%) e é uma medida eficaz para permitir a livre circulação na União Europeia (55 por cento).

Metade afirma-se também mais segura ao entrar em alguns espaços públicos, pelo facto de ser obrigatório ter certificado digital covid.

A grande maioria dos inquiridos neste estudo (87%) tem certificado digital covid. Quase metade (45%) indicou não lhe ter sido pedido o certificado, pelo menos uma vez, ao entrar num espaço ou evento onde o documento era exigido. O mesmo aconteceu a 17% dos inquiridos ao cruzarem uma fronteira da União Europeia (UE) desde junho de 2021.

Negociação com as farmacêuticas: inquiridos apontam falta transparência

Mais de metade dos inquiridos (52%) creem que as negociações entre a UE e as empresas farmacêuticas detentoras das vacinas deveriam ter sido mais transparentes, apurou também o nosso estudo. Mais de quatro em cada dez inquiridos, contudo, são da opinião de que a UE conseguiu um melhor negócio com as farmacêuticas, em comparação com o que Portugal teria conseguido sozinho.

No entanto, a perceção do desempenho da UE na aquisição de vacinas contra a covid-19 é má. Apenas 37% dos inquiridos acham que o processo foi bem gerido.

Como fizemos o nosso estudo

Este estudo foi conduzido em paralelo pelas organizações de consumidores de Portugal, Espanha, Itália e Bélgica durante as primeiras semanas de novembro. Recebemos um total de 4155 respostas válidas, 976 das quais relativas a Portugal. Os dados foram ponderados por género, idade, região e nível de educação, de forma a refletir as características da população entre os 18 e os 74 anos.

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