Cremes para o rosto hidratam, mas impacto ambiental das embalagens tem de ser melhorado
Quase todos os produtos testados revelam bom poder de hidratação, mas quem tem pele a tender para as alergias deve prestar atenção a algumas fragrâncias. Quanto ao impacto ambiental das embalagens, está quase tudo por fazer, a começar pelo abandono das inúteis caixas de cartão.
A água está em cada célula do que somos. Só a pele, maior órgão do nosso corpo, contém 70% deste recurso vital. Uma pele bem hidratada é flexível e elástica, e conserva a sua função de barreira. Deixa, assim, escapar menos água por evaporação.
De toda a extensão cutânea, o rosto é das áreas mais fustigadas pela ação dos elementos. Radiação ultravioleta, humidade, vento, calor, poluição... todos podem deixar as suas impressões digitais na nossa face, sob a forma de secura, descamação, irritação e comichão. A hidratação com um creme à base de óleo em água mitiga estes fatores negativos, e devolve flexibilidade e elasticidade à pele.
A maioria dos 17 cremes hidratantes para o rosto que a DECO PROTeste pôs à prova mostram boa hidratação e agradaram no teste de uso – estão aptos para a missão e não custam fortunas. A Escolha Acertada, a 2,99 euros, permite poupar 53 euros por 50 mililitros face ao creme mais caro do teste.
Mas um hidratante pode não ser suficiente. Outras medidas devem ser-lhe somadas com vista à melhoria da saúde, inclusive da pele: uma dieta equilibrada, um justo consumo de água, a moderação quanto a bebidas alcoólicas, a abstinência de tabaco, uma rotina de sono reparador e atividade física a ritmo frequente. Há limites, porém. Aos efeitos da gravidade e do envelhecimento, ninguém escapa.
Quase todos os cremes oferecem boa hidratação
A prova destinada a aferir a capacidade de hidratação é a que mais peso tem na avaliação de cada creme. Na verdade, representa mais de metade da nota final. Quatrocentas e oitenta mulheres dos 25 aos 70 anos participaram na análise, fornecendo o interior do antebraço à ciência, numa zona onde foram aplicados os cremes durante duas semanas, um par de vezes ao dia. Com um instrumento especial designado "corneómetro", o laboratório mediu o nível de hidratação na zona que recebeu o creme, comparando-o com o de outra área onde não foi passado. Conclusão?
Quase todos os cremes conseguiram aumentar a hidratação face à pele não tratada, mas também em relação a um produto que o laboratório usa como fasquia, por revelar um bom desempenho. Quinze cremes receberam, assim, uma boa apreciação na prova, que nem sequer igualaram o produto-fasquia e, como tal, foram classificados com uma nota aceitável.
Cremes agradam no uso diário
A DECO PROTeste completou esta análise com um teste de utilização. Mais de cem mulheres dos 18 aos 35 anos experimentaram os produtos durante uma semana, sem conhecerem as marcas. Cada produto, reembalado para ocultar a marca, foi testado por 30 mulheres. Facilidade de aplicação, textura, odor, absorção, suavidade da pele, perceção de hidratação e eventual efeito pegajoso ou gorduroso foram os critérios que avaliaram por meio de um inquérito.
Todos os cremes receberam boa ou excelente nota. Mesmo assim, as utilizadoras consideraram o perfume do Weleda só medianamente agradável, enquanto o L’Occitane en Provence foi apontado como algo gorduroso.
Pouca informação em português
Nome do fabricante, importador ou distribuidor, peso ou volume do conteúdo, durabilidade, precauções no uso, lote e funções do produto, e ingredientes: todos os cremes ostentam as informações legais no rótulo. Mas os produtos da Rituals, da L’Occitane en Provence, da Weleda e da Sephora não dão explicações em português sobre a sua utilização correta. Há também a repreender a dificuldade em ler a lista de ingredientes dos cremes da Bioderma e da Sephora.
A DECO PROTeste valorizou igualmente alguns extras quanto à informação, como um contacto (e-mail ou telefone), a selagem dos produtos e a indicação dos ingredientes na embalagem primária, e não na caixa de cartão, que se deita fora ao chegar a casa.
Há cremes que, de facto, incluem a informação adicional. Além disso, alguns boiões recorrem a uma película de alumínio a selar o produto ou de plástico no exterior. Mas a lista de ingredientes vem sempre na caixa de cartão. A DECO PROTeste lamenta ainda que sejam muitos os cremes sem indicações sobre a forma de descartar a embalagem com o objetivo da reciclagem.
Embalagem dá pouca atenção ao ambiente
As questões ambientais são hoje incontornáveis na avaliação global de qualquer produto, pelo que a organização de consumidores analisou os impactos da embalagem. Absteve-se de igual exercício para os ingredientes, pois os cremes são, em grande parte, absorvidos pela pele. E a análise da embalagem desdobrou-se em três vetores: a retenção de creme, os materiais usados e a relação entre o seu tamanho e a quantidade de produto.
Todos já nos batemos em duelo com embalagens de que não conseguimos extrair o conteúdo até ao fim sem medidas drásticas, uma luta mais desesperada com bisnagas do que com boiões. Ora, a retenção de produto, assim o dizem as recomendações para o uso do EU Ecolabel, tem de ficar aquém de 10 por cento.
A DECO PROTeste mediu pouco mais de 1% a quase 23 por cento. A embalagem que mais dificuldade tem em deixar partir o conteúdo é a do Cien, creme vendido, em bisnaga, pelo Lidl. Já o Rituals e o Nuxe, na forma de boião, são que os menos desperdício acusam. Ainda com boa marca, o boião do Deliplus, comercializado pela Mercadona, anda pelos 2 por cento.
Quanto aos materiais da embalagem primária, a DECO PROTeste gostaria de ter visto bioplásticos, mas já se contentaria com plásticos simples, de preferência, resultantes da reciclagem. Só encontrou uma quantidade significativa de plástico reciclado no produto da Sephora (46 por cento).
Na maioria dos casos, observou plásticos não reciclados e vidro, que têm um peso desmesurado face ao conteúdo em creme, o qual vai de 30 a 50 mililitros. Viu ainda embalagens secundárias em cartão, perfeitamente dispensáveis.
Tudo ponderado, nenhum creme superou um patamar aceitável no impacto ambiental da embalagem, e muitos não conseguiram mais do que uma solitária estrela, o que reflete um mau desempenho. O recado para os fabricantes é claro como água.
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