Exmos. Senhores,
No passado dia 26/10/2023, desloquei-me à clínica da Insparya no Parque das Nações para uma consulta de avaliação capilar. Em 2016 fiz o meu primeiro transplante noutra clínica e passados 8 anos, após um excelente resultado, achei que a densidade já tinha reduzido o suficiente que pudesse justificar uma nova intervenção.
Fui atendido por uma comercial (Andreia Ribeiro) que após uma rápida análise visual, prontamente me mostrou resultados excelentes de outros pacientes, dando a entender que poderia esperar resultados do mesmo nível. Adicionalmente, referiu que se marcasse a operação num prazo de 10 a 15 dias, poderia usufruir de um desconto e que poderia inclusive recorrer a um crédito a 36 meses sem juros. Foi, portanto, uma proposta bastante aliciante e agressiva, que, baseada nos exemplos reais apresentados, me fez aceitar de imediato a pré-marcação de uma data, ficando pendente o pagamento de um sinal no valor de 150€. A operação ficou então agendada para o dia 14/11/2023.
Nesse dia, tudo correu conforme esperado, exceto quando foi necessário fazer a implantação dos folículos. No meu primeiro transplante em 2016, todo o procedimento foi efetuado por uma médica. Neste caso, a implantação foi efetuada por 3 enfermeiros. Que fizeram questão de passar as 3 ou 4 horas a conversar e a rir entre si. Sendo este um procedimento que requer uma extrema concentração e minúcia, estranhei. Mas quis acreditar que estava nas mãos de profissionais com experiência e que me trariam resultados semelhantes aos mostrados na primeira consulta de avaliação.
Não podia estar mais enganado. O ano que se passou foi um desastre a nível emocional e psicológico, tendo a Insparya sido totalmente incapaz de atuar de forma preventiva no que diz respeito ao PÉSSIMO resultado que se previa.
Passo a resumir:
- Nas primeiras semanas reparei que não só o cabelo transplantado tinha caído (o que é normal) mas os espaços e falta de densidade que daí resultaram deixaram-me numa situação excessivamente pior à que estava antes de fazer o transplante.
- 22/12/2023: Fui à consulta do primeiro mês. Exprimi de forma clara que não era normal o estado em que estava. A enfermeira que me atendeu referiu apenas que não me deveria preocupar e que o cabelo até estava a crescer mais rápido do que o normal e que deveria ver resultados a partir do 4º mês
- 20/05/2024: Fui à consulta do sexto mês. Posso afirmar que estava bastante preocupado pois não via qualquer resultado e estava claramente pior do que antes de fazer o transplante. A enfermeira que me atendeu disse, mais uma vez, que estava tudo ok e que agora deveria esperar pelos 12 meses para ver o resultado final. Insisti que a densidade estava pior, irregular, e que tinha espaços demasiado grandes entre os cabelos. A enfermeira reforçou que estava tudo normal
- Por volta dos 10 meses após o transplante: Sem ver qualquer resultado, pedi para ser visto pela médica responsável, com o intuito de entender o que se estava a passar e perceber quais as minhas opções. Marcaram-me uma consulta passados poucos dias. Fui atendido pela médica Joana Coutinho e por uma enfermeira. Passaram a consulta a tentar convencer-me que o meu resultado era excelente. Insisti diversas vezes que estava pior do que antes de fazer o transplante. Quiseram comparar fotografias que me foram tiradas no dia da operação, sob um foco de luz, que obviamente realça os espaços entre os cabelos, com o meu reflexo atual no espelho da sala escura onde fui atendido, sem qualquer luz direta. Notei um certo tom sarcástico e pouco construtivo no discurso da médica. Recusaram-se a tirar-me fotografias nesse dia num ambiente com uma luminosidade igual à que foi utilizada nas fotografias no dia do transplante. A médica chegou a dizer que eu estava na casa dos 30 anos e que era uma altura em que a alopecia se fazia notar de forma mais forte (informação que me foi omitida desde o momento 0 até esse dia. Aliás, o foco de todos os profissionais com os quais me cruzei ao longo deste processo sempre foi o de que os resultados seriam excelente) e que o resultado final após um transplante até poderia ser pior do que o estado anterior ao transplante.
- 18/11/2024: Consulta dos 12 meses. A tal consulta onde eu deveria observar o resultado final, tal como me foi dado a entender no dia da consulta de avaliação. Exprimi mais uma vez a minha profunda insatisfação à enfermeira que me atendeu. Infelizmente, a Doutora Joana não esteve presente nessa consulta. Pedi para me marcarem uma nova consulta com a mesma para que me pudesse justificar a razão para o péssimo resultado conseguido.
- 20/11/2024: Fui atendido pela Doutora Joana e fui recebido por um irónico “Então? Já está satisfeito com os resultados?”, quando sabia perfeitamente que a única razão para aquela consulta ter sido marcada era a minha insatisfação. Desta vez levei fotografias, tiradas por mim dias antes, que claramente demonstram que o resultado final era inadmissível. Obviamente que nada do que disse e mostrei fez diferença. O discurso da médica centrou-se, mais uma vez, na tentativa de me convencer de que os resultados eram excelentes. Portanto, acabei por dizer que queria apresentar reclamação de forma formal para que me apresentassem uma solução.
- 11/12/2024: Recebo um email da Doutora Joana a afirmar que não haveria lugar a qualquer possibilidade de correção aos resultados. Afirmou ainda que a direção clínica queria utilizar o meu caso como um bom testemunho de sucesso (ironia novamente?).
Acredito que a clínica Insparya tenha clientes com resultados excecionais. Acredito também que tenha clientes com resultados muito bons ou razoáveis. Acredito ainda que estes sejam a maioria dos seus clientes. Mas como qualquer atividade com intervenção humana, existe a possibilidade de erro. E não existe uma taxa de sucesso de 100%. A maneira como fui tratado, desde o primeiro mês após o transplante, causou-me um transtorno psicológico enorme. Foram-me prometidos resultados que nunca apareceram. Fui ignorado quando poderia ter sido feito algo para corrigir uma clara falha de procedimento e que evitaria eu ter que passar quase 12 meses com a certeza de que algo não tinha corrido bem e sem qualquer resultado visível.
Não vou obviamente aceitar este desfecho. Nem vou aceitar que me tenham cobrado 3.500€ para me deixar numa situação pior.
Nunca foi feito qualquer acompanhamento prévio à minha situação para poderem afirmar que a minha alopecia estava no estado avançado ou não. Tentaram a todo o custo que eu marcasse o mais rapidamente possível a operação, aliciando-me com descontos monetários e promessas de resultados.
Eu cumpri todos os cuidados pós-operatório. Gastei centenas de euros em produtos de farmácia, aconselhados para poder ter os melhores resultados. Fiz tudo o que me foi requisitado e, no entanto, o resultado final foi abaixo do medíocre.
Houve um erro claro, em algum momento durante a operação. Os cabelos podem ter sido mal extraídos, ou mal implantados, ou simplesmente mal conservados no intervalo entre extração e implantação. A Insparya não quer assumir o erro.
Tive que recorrer recentemente a tratamentos noutra clínica para corrigir o problema que a Insparya criou (ou foi incapaz de resolver).
Exijo que a Insparya me devolva os 3.500€ pelo péssimo trabalho que foi feito e pelo inaceitável acompanhamento que fizeram do meu caso.
Deixo em anexo fotografias que comprovam tudo o que referi, tiradas até 90 dias antes da operação e tiradas dias antes da consulta dos 12 meses pós-operação.
Termino reiterando que não duvido que a Insparya tenha uma taxa de satisfação elevada. No entanto, têm que ser responsabilizados pelos erros que cometem. E este foi um erro gravíssimo. Sinto que fui roubado.