Ex.mos Srs.,
Boa tarde.
No dia 4 de novembro fui submetida a uma cirurgia ao endometrio. Da parte da cirurgia propriamente dita correu tudo bem, o cirurgião realizou o procedimento sem intercorrencias.
No entranto, o mesmo não posso dizer sobre a médica anestesista, Dra. Clarissa Ribeiro. Logo no início a referida ao colocar o tubo respiratório fez-me uma lesão na garganta (que ainda persistir hoje, continuo a ter dores e a sentir a impressão da cicatriz), provocando uma hemorragia interna e obrigando uma equipa de otorrinolaringologia a intervir. Saliente-se que não ha via qual queer obstrução ou problems com a minha garganta.
Não me foi entregue qualquer relatório escrito sobre a ocorrência apesar de eu já ter solicitado o mesmo, uma vez que sou asmática e esta lesão está a ter e terá consequências para o resto da minha vida diária.
Foi me explicado o sucedido muito sumariamente pela médica quando acordei mas de forma leviana sem alertar para as consequências do ocorrido e sem qualquer indicação a não ser para ingerir líquidos.
Apesar de eu me queixar de dores e de não ter voz foi me dada alta no próprio dia.
No dia seguinte ligou me uma enfermeira que me disse “se tiver febre decorrente da cirurgia dirija-se ao hospital para ser observada”… (a chamada deve estar gravada).
No dia seguinte tive febre e por isso obedeci dirigindo-me ao bloco operatório onde fui operada. Disseram-me “tem que ir lá abaixo à urgência ser observada”.
Sendo esta situação da exclusiva responsabilidade da anestesista dirigi-me à urgência, fiz a admissão mas logo avisei que não ia pagar para ser vista por uma situação que me tinha sido imputada pela médica e pedi para registarem essa observação no sistema informático.
A Sra que me atendeu disse que eu posteriormente teria que fazer uma queixa. Que eu fiz a partir do site da Cuf. Até fiz mais que uma… seria no mínimo estranho pagar uma urgência que só ocorreu por negligência da médica Dra Clarissa Ribeiro e também porque me dirigi ao hospital por ordem da enfermeira do mesmo.
Para além de ter sido lesada fisicamente, lesão essa irreversível e que a Sra. Dra. descurou completamente, discrimino em seguida todos os “constrangimentos”
causados por este episódio:
- tive que gastar dinheiro em 2 antibióticos, analgésicos e cortisona;
- estive de baixa mais uma semana, para além do previsto, sem receber ordenado;
- voltei ao trabalho sem estar curada e cheia de dores, num esforço imenso porque sou professors (tenho que falar o dia interior);
- tenho a lesao e dor permanente;
- paguei na operação o valor à anestesista, que não justificou os seus honorários (antes pelo contrário) e não fui ressarcida desse valor;
- estão a tentar cobra-me os 55 euros da urgência e inclusivé fui ameaçada por SMS do perigo de cobrança judicial.
Agradeço a análise deste caso e uma orientação de como posso de alguma forma ser compensada por todos os danos referidos e constrangimentos causados.
Agradecia ainda que me esclarecessem sobre como exigir um pedido de desculpas por escrito pelo incómodo de estar a receber esta conta inúmeras vezes quando esta não é da minha responsabilidade.
Também gostaria de perceber o que tenho que fazer para exigir um pedido de desculpas por escrito da Dra. Clarissa e um relatório completo dela e da equipa de otorrino a descrever exatamente o que se passou.
Aguardo um contacto vosso sobre este assunto. E aproveito para partilhar a queixa que já tinha feito à ordem dos médicos.
Cumprimentos,
Ana Tavares.
“De: Ana Tavares [anasofiafariabastostavares@gmail.com]
Data: 7 de novembro de 2025 às 18:24:45 WET
Para: ordemdosmedicos@ordemdosmedicos.pt
Assunto: Fwd: Queixa disciplinar contra a médica anestesista Clarissa Ribeiro
Exmos. Senhores,
Venho apresentar uma queixa disciplinar contra a médica anestesista Dra. Clarissa Ribeiro, pela forma negligente e desumana como fui tratada durante e após a minha cirurgia ao endométrio, realizada no [Hospital / Unidade de Saúde], no dia [data].
Durante o procedimento anestésico, a médica provocou uma lesão grave na minha garganta ao introduzir o tubo respiratório, o que resultou numa hemorragia significativa e necessidade de intervenção da equipa de Otorrinolaringologia para cauterização.
Após a cirurgia, acordei sem voz, com dores intensas e sem qualquer acompanhamento adequado. A anestesista em questão não se apresentou, não pediu desculpa, nem explicou o ocorrido, demonstrando total falta de empatia e de responsabilidade profissional.
Fui dada de alta poucas horas depois, sem avaliação médica adequada e sem instruções claras sobre o que fazer caso a dor ou febre surgissem. No dia seguinte, tive febre e, ao regressar ao hospital, fui obrigada a pagar uma urgênciaoriginada por uma complicação decorrente da atuação da própria anestesista.
Por tudo isto, considero que houve violação dos deveres deontológicos e negligência grave no exercício da medicina.
Solicito à Ordem dos Médicos a abertura de um processo de inquérito disciplinar e que me seja comunicada a decisão final sobre o caso.
Dados pessoais:
Nome: Ana Sofia Faria de Bastos Tavares
N.º de utente: 393237022
Data da cirurgia: 4 novembro 2025
Local: CUF TEJO
Contacto: 965269919
Com os melhores cumprimentos,
Ana Sofia Faria de Bastos Tavares.”