Exmos. Senhores,
Boa tarde,
Venho por este meio expor algo que me parece digno de um filme de ficção, para não de dizer de terror, que se passou com a minha mãe.
A minha mãe de nome Irene da Costa Carvalho Vieira utente nº372949558, cidadã nº:07121648, de 72 anos de idade, foi diagnosticada com cancro de intestino e para proceder à quimioterapia, foi requisitado que lhe fosse colocado um cateter, pelo seu médico oncologista.
Até aqui tudo bem, foi marcado a colocação do cateter para dia sete de junho pelas 10h30 da manhã. A minha mãe apresentou-se à hora requisitada, com 6h de jejum, e entrou no serviço, relembro que era simplesmente para colocar um cateter, passou uma hora, duas , três e não havia nenhuma informação disponível o que nos fez ficar muito preocupados, tentamos obter informações e ninguém nos sabia dizer nada. Pelas 14h foi-lhe dada alta, sem lhe terem colocado o cateter, com a desculpa que se tinham atrasado e que o turno terminou, vinha com uma mão muito inchada e negra devido a incompetência de quem lhe colocou o soro.
Depois disso ninguém nos contactou para remarcar a colocação do cateter, tive de ser eu a ligar e perguntar quando iriam colocar o dito cateter, no início disseram que não havia marcação que tinha de esperar, nesse momento alterei-me e exigi que me dessem uma data, pediram-me para aguardar e depois remarcaram para as 08h30 da manhã do dia 20 de junho.
Mais uma vez, tal como da primeira, a minha mãe doente oncológica apareceu à hora marcada com 6h de jejum, entrou no serviço e mais uma vez passou uma hora, duas, três, quatro e nenhuma informação...fui pedir informações e disseram-me que era a última a ser atendida e que ainda nenhum dos outros utentes tinha saído....esperei mais umas horas e nenhuma informação, voltei a pedir novidades e disseram-me que ia ser a seguir a uma paciente que estava a ser operada... esperei de novo e não diziam nada...depois um enfermeiro veio dizer-me que a minha mãe ia ter de passar a noite no hospital, porque não tinham conseguido colocar o cateter, devido à forma da omoplata...disseram eles... tentaram varias vezes, tanto é que a minha mãe tinha vários pensos na zona ...12h depois de dar entrada, não lhe colocaram o cateter, algo que demora 30 minutos em média. A minha mãe, já com 6h de jejum à entrada, passou mais 12 horas sem comer.
Passou a noite no hospital com a promessa de ser das primeiras a ser atendida no dia seguinte, mais uma vez não obtive mais nenhuma informação até às 10h da manhã, hora que me desloquei ao serviço, uma vez que via telefone não informam nada, aí um enfermeiro, pelas 10h40, disse-me que ela estava na sala de cirurgia há 50 minutos, e que deveria ser o tempo para a anestesia fazer efeito, e no momento deveriam estar a colocar o cateter, ao fim de mais uma hora, finalmente disseram-me que estava despachada, que ia só comer algo e me chamavam. Quando a fui buscar, disse-me não tinha comido nada desde a entrada no serviço, apenas lhe tinham dado um chá, ou seja, uma doente oncológica do intestino, já por si com dificuldades para comer ficou desde o jantar de dia 19/06/2024 até perto das 14h de dia 21/06/2024, sem comer. É simplesmente absurdo.
Eu trabalho com animais de laboratório, e as regras que seguimos é o de provocar o mínimo de sofrimento, minorar ao máximo a dor e o stress. Acham que colocar alguém numa sala, em jejum, dias seguidos não é maus tratos? Para mim é criminoso, vergonhoso... Não se admite no século XXI ter entidades públicas a tratar cidadãos numa fase frágil da sua vida, como mercadoria num armazém.
Espero que está minha exposição possa contribuir para melhorar os serviços de saúde deste país, e para que deixem de tratar que precisa de apoio e carinho.
Com os melhores cumprimentos,
Adérito Vieira cidadão nº: 11537562, utente nº: 372949515
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Cumprimentos.