Exmos. Senhores,
Venho por este meio apresentar uma reclamação formal relativamente ao serviço prestado pela Linha SNS24, que considero inaceitável e profundamente frustrante, tendo em conta a situação clínica em que me encontro.
Desde o dia 21/06 estou com sintomas preocupantes: ouvido tapado, perda significativa de audição, tonturas e sensação de pressão, com agravamento progressivo. No dia 22/06, fui encaminhada pela linha SNS24 para o centro de saúde da Póvoa de Varzim, onde fui atendida por uma médica que, após avaliação, referiu que eu deveria ser vista com urgência por um especialista em Otorrinolaringologia. No entanto, informou-me que não me podia encaminhar para esse serviço porque não pertenço à unidade local, sendo a minha unidade de saúde a USF Santos Pousada, no Porto.
A partir desse momento, iniciei uma série de tentativas para voltar a contactar a linha SNS24, sem sucesso durante horas. No dia 23/06, após múltiplas chamadas falhadas e mais de 1 hora em espera em cada chamada, fui finalmente atendida por uma enfermeira, que, após ouvir o meu relato, me disse que iria encaminhar-me para o serviço de urgência do Hospital da Póvoa de Varzim. Informou, no entanto, que não tinha a certeza se essa unidade dispunha da especialidade de otorrino, mas que, se não houvesse, eu deveria voltar a ligar para a linha para ser encaminhada a outra unidade.
Pedi esclarecimentos sobre se poderia saber sem me deslocar fisicamente ao hospital se de facto existia a especialidade de otorrino, e a enfermeira respondeu que sim — que bastaria ligar ou perguntar na triagem.
Segui o seu conselho e telefonei diretamente para o hospital da Póvoa de Varzim, onde me confirmaram que não havia otorrino disponível, e sugeriram que voltasse a ligar ao SNS24 e pedisse para ser enviada para o Hospital de São João, no Porto.
Assim o fiz. Liguei novamente à linha e fui atendida pela enfermeira Carla Sousa. Expliquei a situação e, para meu espanto, fui contrariada de imediato, sendo acusada de estar a mentir. Disse-me que, estando de férias em Mindelo, e com a morada atual fora do Porto, não poderia ser reencaminhada para o Hospital de São João, e que deveria ser o hospital da Póvoa a tratar da transferência.
Tentei, em desespero, explicar tudo o que me tinha sido dito anteriormente — tanto pela outra enfermeira como pelo hospital —, bem como a urgência da minha situação, mas a enfermeira Carla recusou-se a ajudar, não demonstrou qualquer empatia ou vontade de resolver a situação, limitando-se a repetir que “não podia fazer nada”.
Neste momento, encontro-me completamente sem acesso a cuidados médicos adequados, mesmo tendo procurado várias clínicas privadas (que não dispõem de otorrino em urgência). A resposta em todos os casos foi que só teriam vaga daqui a vários dias.
Além do mais, terei agora de marcar uma consulta no privado — a única opção restante. E quem irá pagar essa despesa? Todos nós já contribuímos para o Serviço Nacional de Saúde através dos nossos impostos. No entanto, mesmo pagando, não conseguimos usar o serviço público quando mais precisamos dele, porque o acesso está condicionado por decisões incoerentes e arbitrárias de profissionais da linha SNS24, que demonstram falta de sensibilidade, humanidade e sentido de responsabilidade clínica.
Relembro que todas as chamadas para o SNS24 são gravadas. Assim, solicito que revisitem as gravações das minhas chamadas dos dias 22 e 23 de junho de 2025, de forma a confirmarem os relatos aqui apresentados. As provas das contradições e da falta de apoio adequado encontram-se aí registadas.
Estou completamente desiludida, frustrada e indignada com a forma como fui tratada. Gostaria de solicitar uma resposta formal a esta reclamação, bem como uma explicação sobre os procedimentos da linha SNS24 nestes casos e a atuação da profissional em questão.
Data: [23/06/2025]