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BURLA

Não resolvida Pública

Problema identificado:

Outro

Reclamação

C. M.

Para: Novo Banco

30/06/2022

Venho por este meio comunicar a V.Exas que no dia 04 de maio de 2022 ligou-me uma senhora às 15h40, do número 927382389, a dizer que era do departamento de segurança e fraude do Novo Banco. Explicou que tinham recebido um alerta de uma transferência bancária, a sair da minha conta, com um montante elevado. Sendo uma transferência suspeita queriam confirmar comigo se era mesmo eu que estava a realizar a transferência. Eu disse que não. E ela então disse que iria efetuar todos os procedimentos para realizar o cancelamento da mesma. Antes demais disse aquele discurso que a chamada iria ser gravada etc.Começou por dizer que antes de tudo tinha que confirmar os meus dados e assim foi. Confirmou todos os meus dados pessoais, nomeadamente nome, número de cartão de cidadão e número de contribuinte. Inclusive alertou-me que tinha de atualizar o meu cartão de cidadão que estava fora de validade, o que corresponde à verdade. Voltou a confirmar se a transferência que estava a ocorrer no valor de 2985,16 euros tinha sido realizada por mim. Eu disse novamente que não. E comecei a ficar bastante nervosa e stressada perante a possibilidade de me estarem a tirar todo esse dinheiro. Ela então disse que, antes de procedermos ao cancelamento dessa mesma transferência, iríamos confirmar todas as transações da última semana para saber se havia ocorrido mais alguma irregularidade. Ela estava dentro na minha conta e confirmou-me todos os meus dados e transferências da última semana. Só quem poderia ter acesso a estes dados, além de mim, seria alguém que trabalha no banco. Seguidamente fez-me uma lavagem cerebral sobre segurança. Perguntou-me se eu não tinha clicado em links de mensagens ou e-mails suspeitos, se não tinha acedido à minha conta num computador diferente do usual, se não tinha dado passwords ou enviado fotos com os meus dados bancários a alguém, entre outras. Fez-me várias perguntas para tentar perceber o que estava a ocorrer. Para além disso voltou a relembrar-me os procedimentos de segurança do banco. Reforçar que estávamos já há mais de 20 minutos ao telemóvel, ela com um discurso bem ensaiado, seguindo os protocolos na abordagem, levando-me a confiar nela e que estava realmente a tentar ajudar-me, tudo realizado de forma exímia. Depois disto, disse-me que para procedermos ao cancelamento da transferência ia enviar-me um e-mail para seguir os passos em simultâneo com ela em linha. Então tinha um link para carregar num botão que dizia “Cancelar transação”, o que fiz, e redirecionou-me para uma página de segurança, em que o layout e design pareciam verídicos. Então ela disse-me que tinha que colocar três posições do cartão matriz. Eu não lhe disse esses números. Eu coloquei-os no meu computador e ela do outro lado validava cada um deles. Depois ela disse que ia desligar a chamada porque eu ia receber um código que depois deveria colocar nessa mesma janela no computador. Relembrar que este procedimento vem reforçar a minha confiança no procedimento uma vez que, normalmente, após todas as operações colocando posições do cartão matriz, por questões de segurança, o banco envia ainda um código, pelo telemóvel, para validar qualquer operação.Eu não recebi o código. Ela voltou a ligar, voltámos a fazer o mesmo procedimento de eu colocar três números das posições do cartão matriz, com ela a validar do outro lado. Voltei a não receber o código.Seguidamente ela disse que tinha de ir à aplicação aceitar a transferência para ela então poder cancelar e efetuar o estorno do dinheiro. Eu aqui exaltei-me, levantei-lhe a voz, dizendo que não ia confirmar uma coisa que estávamos a tentar cancelar. Ela disse que era a única forma de me ajudar. Reforcei que eu não tinha esse dinheiro na conta corrente pelo que não me poderiam tirar nada (nunca pensando que me iam tirar dinheiro da conta “poupança”). Explicou-me que iria ficar com o saldo negativo e que depois quando entrasse dinheiro na conta, como o ordenado, iriam tirá-lo todo até saldar a dívida. Eu já estava nervosa, a tremer, mas confiei nela. Fez muito bem o seu trabalho até chegarmos a este ponto. Pelo que eu fiz o que me pediu. Aceitei a transferência. Ela informou-me que ia proceder ao estorno do dinheiro no prazo de duas horas, informação esta que também apareceu na janela para o qual o e-mail redirecionava. A pessoa para a qual foi feita a transferência chama-se Guilherme Muniz Cirino de Carvalho. Depois disso liguei para a linha de apoio ao cliente do novo banco porque estava bastante nervosa com a situação. Assim que expliquei o sucedido a senhora explicou-me que tinha sido vítima de burla cancelando todos os meus canais digitais e abrindo um processo a reportar o caso. Seguidamente fui à PSP reportar o caso.Importa frisar que quando tentei aceder ao link ou ligar para o número, ainda nesse mesmo dia, ambos já estavam desativados. Entretanto enviei a queixa da psp ao novo banco para juntarem ao processo. Já tentei saber informações junto do banco, por e-mail, telefone e presencialmente, e ninguém me diz nada. Por isso enviei e-mail ao banco de Portugal. Mas ainda não recebi resposta.A polícia judiciária solicitou-me este relato detalhado, o extrato da conta e o cabeçalho técnico do e-mail que me foi enviado.Recebi carta do ministério público para solicitar abertura de procedimento criminal.Chorei dias seguidos a pensar o que podia ter feito de diferente ou como podia ter percebido que estava a ser vítima de fraude. Senti-me culpada e com baixa autoestima. Chorei pelo dinheiro que estive anos a juntar e que me roubaram. Comecei a ter ataques de ansiedade. A não dormir bem. Deixei de confiar nas pessoas.Quero que o banco assuma responsabilidade pela falta de segurança da conta bancária. Alguém entrou na minha conta e não sei como. Alguém estava na minha conta e nunca duvidei que fosse um funcionário do novo banco. Têm que ter um seguro para estes casos de forma a reembolsar as pessoas lesadas. Agradecida pela atenção.


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