Poupar: um desejo, muitos entraves

Três em cada quatro consumidores revelaram à DECO PROteste sentir dificuldade em poupar, sendo que, em 40% dos casos, o desejo de pôr algum dinheiro de parte raramente consegue ser concretizado. As famílias com um ou dois filhos, e os aposentados, representam esta grossa fatia no universo de 7 mil inquiridos que participaram no barómetro anual da organização sobre as condições de vida dos portugueses.

Embora estes números em pouco difiram dos de anos anteriores, não deixam, por isso, de ser menos relevantes ou preocupantes. Antes consubstanciam a poupança como o calcanhar de Aquiles da saúde financeira dos lusos. E quando à dificuldade de poupar se somam más decisões – por falta de literacia financeira ou por mau aconselhamento, por exemplo –, entraves à mudança para produtos de poupança mais competitivos e políticas fiscais nem sempre justas, o resultado não poderia ser diferente ou menos desastroso.

Os portugueses estão invariavelmente entre os europeus que menos conseguem poupar e, muito possivelmente, entre os que menos conseguem fazer crescer essa (parca) poupança. Produtos de aforro do Estado pouco atrativos, que não querem competir, em termos de rentabilidade, com os de capital garantido dos bancos; depósitos a prazo com remunerações acima do valor estimado da inflação quase exclusivamente em campanhas promocionais para captar novos clientes ou montantes elevados; ou comissões que desincentivam à transferência para produtos mais rentáveis, como acontece nos seguros PPR – são alguns dos entraves à poupança e que levantam apenas o véu sobre os inúmeros fatores que alimentam este círculo vicioso...