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O que é a Euribor e qual o seu impacto na prestação do crédito à habitação?

Calcule o impacto das variações da Euribor na sua prestação do crédito à habitação.

Especialista:
09 setembro 2025
Casal com ar preocupado em frente a um computador

iStock

Vários anos de taxas de juro negativas permitiram aos consumidores aceder a crédito com menos custos e manter em alta a procura. No entanto, a subida da inflação no espaço europeu deu início a uma trajetória de subida dos juros, no começo de 2022. Quase sete anos depois, a Euribor chegou a índices positivos a 12 de abril de 2022 e, em menos de dois anos, passou a marca dos 4%, nas maturidades a 6 e 12 meses. Há muito que os economistas previam que tal viesse a acontecer. Só faltava saber quando, não se esperando, contudo, esta rapidez. Contudo, o final de 2023 marcou uma inversão muito gradual desta tendência de subida, cuja continuidade se manteve nos meses seguintes. Isto levou a que os valores ficassem próximos de 2,5% no final do ano passado. O ano 2025 está a ser marcado por uma gradual estabilização desta evolução.

O que é a Euribor?

A Euribor é um indicador variável que traduz a taxa de juro a que os bancos se emprestam dinheiro entre si na zona euro. Obtida através da média das taxas de juro anunciadas por 52 grandes instituições ao nível europeu, este indexante é definido diariamente pela Federação Europeia de Bancos. 

A Euribor influencia diretamente o valor da prestação mensal do crédito à habitação. Quando a Euribor sobe, a prestação aumenta; quando desce, a prestação diminui. 

Simulador Euribor: calcule o impacto no seu crédito à habitação

Para ter acesso ao ficheiro em excel que permite simular o valor das prestações dos seus empréstimos em função dos aumentos da Euribor, faça login ou crie uma conta no site. 

Saiba o que está em causa e como a alteração das taxas de juro pode afetar a prestação do crédito à habitação.

Que mês serve de referência à revisão da minha prestação?

A média da Euribor considerada para efeitos de revisão de um contrato de crédito de taxa variável (seja a 3, 6 ou 12 meses) é a do mês anterior ao da assinatura do contrato de crédito. Ou seja, se assinou o contrato com o banco em outubro, a média considerada será a de setembro. Embora, normalmente, o mês da celebração do contrato com o banco coincida com a assinatura da escritura, a primeira pode ocorrer até 30 dias antes da segunda. Logo, num caso em que a escritura tenha ocorrido em outubro, mas o contrato com o banco tenha sido finalizado em setembro, a média da Euribor usada como referência será a de agosto. Resumindo: a data a considerar é sempre a da assinatura do contrato com o banco. Essa informação pode ser consultada na ficha de informação normalizada europeia (FINE) que acompanha o contrato de financiamento.

Como me precaver para a variação das prestações do crédito?

  1. Faça simulações para o seu caso e perspetive o impacto de uma eventual subida das prestações no seu orçamento familiar. Lembre-se de que o valor destas não deve superar 35% do rendimento mensal disponível. Se ultrapassa essa referência, é hora de ponderar renegociar as condições do crédito.
  2. Se o seu contrato de crédito prevê um spread superior a 1,5%, renegoceie, pois com facilidade encontrará propostas melhores. Compare as propostas através da TAEG, optando pela menor. Caso o banco onde tem o crédito não queira acompanhar a melhor proposta da concorrência, pondere transferir o crédito para outro banco.
  3. Em alternativa à redução do spread, pondere aumentar o prazo do empréstimo ou estabelecer um período de carência. Ambas as opções permitem um alívio no encargo mensal, mas representam um custo adicional no final do contrato.
  4. Para ficar imune às oscilações das taxas de juro, pode optar por contratar uma taxa fixa. Contudo, atualmente, esta opção ainda implica pagar mais do que nos empréstimos com taxa variável. Mas, no caso de o orçamento familiar já não resistir a grandes variações com a prestação, pode ser uma alternativa a ter em conta. Já se optar por manter a taxa variável, é recomendável que acompanhe a evolução do mercado e vá ajustando o orçamento familiar às novidades. Em alternativa, pondere uma taxa mista, composta por um período inicial de taxa fixa a que se segue uma taxa variável. Presentemente, existem no mercados propostas de taxa mista que apresentam valores iniciais de fixação da taxa abaixo das médias mensais da Euribor. Se encontrar uma proposta deste género, constitui uma boa opção para proteger o orçamento familiar em tempos de taxas de juro altas no mercado.
  5. Pondere amortizar o crédito, caso a taxa de juro líquida da aplicação financeira onde tem as poupanças investidas seja menor do que a taxa de juro nominal do crédito à habitação.

No episódio dedicado ao tema do podcast POD Pensar, moderado por Aurélio Gomes, o economista da DECO PROteste Nuno Rico ajudou os consumidores a navegar na tempestade de juros que se abateu sobre o País.

A análise crítica do comentador especialista em assuntos económicos Paulo Ferreira, da Rádio Observador, e de Joaquim Montezuma Carvalho, professor do ISEG, na área da Economia do Imobiliário, ajudam a compreender o fenómeno da rápida subida das taxas de juros e que rumo esperar do Banco Central Europeu nos próximos tempos.

Quando a Euribor sobe, é mais difícil obter um empréstimo?

Sim. O acesso ao crédito torna-se mais difícil nestas condições, já que, quanto maior for a subida das taxas de juro, menor será o montante que os bancos estão autorizados a emprestar aos consumidores. Ou seja, com o aumento do valor dos juros, a prestação para um mesmo nível de financiamento sobe, o que significa que o seu peso sobre o rendimento mensal dessa família será superior. Como, desde 2018, os bancos devem garantir que, no momento da concessão do crédito, a taxa de esforço das famílias não ultrapasse os 50% do seu rendimento, com o aumento das taxas de juro, respeitar este limite implica diminuir o montante financiado. Por exemplo, consideremos uma prestação máxima de 750 euros, num cenário de um financiamento a 30 anos, com um spread de 1 por cento. Com a Euribor a 1%, esta família pode pedir ao banco até 203 mil euros. Mas, caso a Euribor suba para 2%, mantendo-se as condições do crédito e o rendimento da família, o montante máximo de financiamento baixa para 178 mil euros. Já se o indexante atingir os 3%, o valor do empréstimo reduz-se para 157 mil euros. A subida dos juros implica, assim, uma redução do montante máximo de crédito a que uma família pode aceder. Com o crescente desfasamento entre o preço do imobiliário e os rendimentos das famílias, comprar casa ficou ainda mais difícil.

Evolução da taxa Euribor: qual a previsão para os próximos tempos?

Apesar da descida verificada, as taxas de juro ainda continuam relativamente altas, quando comparadas com os valores no início da trajetória ascendente, que começou em 2022. Os últimos meses têm sido marcados por uma descida. A DECO PROteste considera plausível a continuação desta descida, mas com tendência a estabilizar, até ao final do ano. 

Quem decide se a taxa de juro sobe ou desce?

Em cada reunião mensal do Banco Central Europeu, pode decidir-se pela manutenção ou alteração da chamada taxa diretora, que o BCE cobra aos bancos para lhes emprestar dinheiro. Uma revisão desta taxa influencia todos os contratos de crédito praticados entre as instituições bancárias, que definem a Euribor. A última alteração aconteceu em junho de 2025, quando a taxa diretora dos depósitos foi reduzida para 2 por cento. Esta dinâmica junta-se às do mercado, e as expectativas em relação à evolução dos indicadores económicos também influenciam as taxas Euribor definidas pelos bancos europeus, procurando antecipar os próximos passos da política monetária. No final, são estas as taxas que influenciam diretamente os contratos de crédito de taxa variável. 

Oiça todos os episódios do POD Pensar

 

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