Família Beija-Flor dá conselhos para quem vai renovar a casa

Publicado a 02 dezembro 2025
Filipa Nunes
Filipa Nunes Editora

Um casal, com dois filhos pequenos e muitos animais, numa casa senhorial de 1931 permanentemente em obras, partilham tudo o que precisa de saber antes de começar um projeto de reabilitação desta dimensão.

Filipa Nunes
Filipa Nunes Editora
4See/Ricardo Castelo Família Beija Flor

Porque decidiram pôr mãos à obra?

"O online é um mundo maravilhoso para aprender. Aprendemos muito com o YouTube, com as contas de Instagram de construtores e profissionais."

A ideia foi sempre fazermos algumas coisas. O telhado, o piso, o início da canalização e o início da eletricidade, o grosso da obra era para ser feito por profissionais. Nós íamos complementando consoante os orçamentos: faríamos os acabamentos, pinturas, colagens de rodapés, gessos cartonados... Só que acabámos a ter de ser nós a fazer as coisas muito mais cedo do que estávamos à espera e a aprender coisas que não estávamos a contar aprender. A realidade foi esta.

Recorremos muito ao YouTube! O online é um mundo maravilhoso para aprender. Aprendemos muito com o YouTube, com as contas de Instagram de construtores e profissionais. Ainda hoje é o tipo de conteúdo que eu mais consumo, obras.

O que foi mais desafiante?

"Mais do que as toneladas de entulho, foi difícil lidar com a incompetência e a falta de compromisso de quem contratámos."

Para mim, as demolições foram muito complicadas, porque são muitos metros quadrados; foram toneladas e toneladas de entulho, acartado a balde.

Mas também lidar com a incompetência de quem contratámos, com a falta de brio no trabalho, com o não cumprir os prazos, dizer "eu vou amanhã", e não aparecer. Sentirmos que o nosso trabalho estava dependente daquela falta de compromisso foi muito difícil de gerir. Foi quando fui mais abaixo na obra toda. Pensava "estou a gastar tanto dinheiro e não me estão a dar de volta aquilo que eu estou a investir". Essa foi a parte mais difícil.

Houve mesmo uma altura em que pensámos desistir e vender a casa! Isso aconteceu quando faltaram à palavra. Como é que íamos conseguir andar com o resto para a frente se já tínhamos gastado todo o orçamento? Nem sequer podia contratar outra pessoa porque não havia dinheiro para isso.

Foi um ponto de viragem, e tomámos a decisão de não contratar ninguém durante muito tempo. É para aprender a fazer, é para aprender a fazer! Não vou pôr aqui mais ninguém para acontecer exatamente a mesma coisa e perder o pouco dinheiro que temos para isto.


Onde procuraram informação e conselhos?

"Recebi dicas maravilhosas e muito úteis online. Sinto que devo partilhá-las também com outras famílias."

No início, quando percebíamos menos disto, tivemos imensa ajuda de profissionais pela internet. Lembro-me perfeitamente de estar a colocar os montantes, a estrutura do gesso cartonado na casa de banho, e recebi uma mensagem de um senhor que me disse: "Bárbara, não faças com essa distância, faz antes com esta, porque assim tens mais resistência, tens não sei o quê." Pesquisei um pouco, e ele tinha razão. Era engenheiro e acabou por me dar essa dica, que uso até hoje cá em casa, a distância dos 40 centímetros, porque efetivamente melhora muito a parte estrutural do gesso cartonado.

Mas eu já tive muitas outras dicas, para a argamassa, por exemplo, para o espaçamento na colocação do piso. Recebi dicas maravilhosas, e acho que é por isso que eu também partilho tanto online. Se me dão tanto a mim, porque não hei de ensinar outras famílias a fazer?

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Bárbara e André junto à escadaria da entrada, o elemento que os conquistou quando conheceram a casa.
 


Quem é o rosto do projeto?

Bárbara Morais, 32 anos, é arquiteta. Fez da renovação de uma casa antiga o trabalho a tempo inteiro da família. Nas redes sociais, partilha como é viver numa casa inacabada e pôr mãos à obra nas tarefas.

Ter uma comunidade no Instagram ajuda?

"As pessoas do outro lado não imaginam que são a verdadeira inspiração para nós e a força que nos leva a fazer acontecer."

Sem dúvida! Recebo muitas mensagens a dizer "Bárbara, tu és uma inspiração para nós". Mas as pessoas que estão do outro lado não imaginam que são uma autêntica força. O facto de sabermos que temos tanta gente do outro lado à espera de que isto aconteça dá vontade de levantar da cama e ir fazer acontecer. Portanto, também são uma inspiração para nós. Ganham os dois lados. Partilho tudo com muito carinho, e as pessoas que nos acompanham têm sido impecáveis até agora. Aquele ódio da internet é muito raro, felizmente.

Se calhar, é porque romantizo muito a vida das obras; acho que para mal já chega o que se passa no mundo. Gosto que a conta seja alegre, por assim dizer, mas realista. Não finjo que as coisas correm todas bem. Sempre fui muito clara e aberta com as pessoas. Quando decidimos ser nós a pegar nos trabalhos da casa, a comunidade percebeu, e a verdade é que a conta no Instagram foi crescendo. É diferente quando está tudo dependente de nós: sabia que, se dissesse que estaria feito até quarta-feira, estaria feito até quarta-feira. E conseguia comprometer-me tanto com as marcas, como com as pessoas, de que as coisas iam acontecer. Até ali não estava a conseguir fazê-lo, porque estava inteiramente dependente de outros, que não estavam a cumprir.

Foi quando comecei a conseguir agendar as coisas e a ver acontecer que as marcas permitiram que isto evoluísse. Conseguiram investir em nós e no nosso projeto, e tudo avançou mais. A comunidade também cresceu, talvez por essa consistência, por estarmos efetivamente a mostrar algo.


Que conselhos dariam a quem vai renovar a casa?

"Calma! Vai apetecer fazer tudo ao mesmo tempo, mas tem de haver um calendário, um seguimento lógico."

Primeiro, o projeto foi essencial. Sem uma base, sem uma visão do futuro, saber qual o resultado final para aquele lugar, nem vale a pena começar! Vai-se andar a dispersar trabalhos.

O segundo conselho é foco. Vai apetecer fazer tudo ao mesmo tempo, mas tem de haver um calendário, um seguimento lógico das coisas. Senão, a probabilidade de escorregar nos orçamentos, de gastar mais dinheiro do que se deveria e de tomar decisões erradas, é muito grande.

E depois fazer isto sem pressas, sem invenções, sem tomar a decisão em cima do joelho. Temos tempo. Fazer as coisas com calma. Um investimento destes geralmente é sempre grande. Se recorrer a crédito, é dos maiores créditos que uma pessoa pode contratar, das maiores dívidas que estará a contrair. Portanto, isto não é brincadeira. É preciso fazer as coisas com consciência. Calma. Eu sei que apetece fazer tudo, mas calma.

 

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