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Tarifas de eletricidade: fique a par das mudanças

Julho trouxe alterações às tarifas de eletricidade por parte da ERSE e dos comercializadores. Saiba o que mudou e como descobrir o melhor preço.

12 julho 2023
Lâmpada acesa em cima de uma pilha de moedas

iStock

O custo da eletricidade continua a ser uma preocupação de todos. Mas nem sempre é fácil perceber as alterações que ocorrem nos tarifários e qual a tarifa mais em conta. Para julho, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) anunciou um agravamento do custo das tarifas de acesso às redes. Para contrabalançar, alguns fornecedores divulgaram descidas até 20% na tarifa de eletricidade.

Neste artigo, irá perceber que mudanças são estas e as implicações reais que têm na fatura mensal. Ficará ainda a saber como descobrir a tarifa mais baixa.

O que é a tarifa de acesso às redes?

Para haver eletricidade em casa, há toda uma infraestrutura por trás e vários serviços associados que têm custos: são as tarifas de acesso às redes. Estas são pagas por todos os consumidores, quer tenham a tarifa regulada quer estejam no mercado liberalizado. São fixadas no início de cada ano civil, pela ERSE, e revistas, ao longo do ano, caso se verifiquem desvios significativos e duradouros em relação às previsões. Deste modo, evita-se que haja dívida tarifária, caso os custos superem as previsões, ou os consumidores paguem mais do que o devido, se os custos forem menores do que a realidade.

No primeiro semestre de 2023, verificou-se um desajuste para o preço da eletricidade no mercado grossista face às previsões da ERSE, o qual iria pesar, mais tarde, na fatura de todos. Daí o regulador ter revisto as tarifas de acesso em julho.

A mudança na tarifa fez os preços subirem?

Nem sempre. Para os consumidores que têm a tarifa regulada, a ERSE desceu o preço da energia, acompanhando o que se verificou no mercado grossista, no primeiro semestre. Deste modo, a subida de uma das componentes do preço – a tarifa de acesso – é anulada pela diminuição do custo da energia, e os consumidores continuam a pagar o mesmo. Já no mercado liberalizado, alguns comercializadores anunciaram descidas que podiam chegar aos 20% ou mais. Mas, na prática, nem sempre os preços terão descido.

Na verdade, é a forma como comunicam o “preço da energia”. Para os fornecedores, o preço da energia é o valor cobrado quando adquirem a eletricidade que irão revender aos consumidores e à qual adicionam uma margem. Já para o consumidor, o preço da energia é o custo em quilowatt hora (kWh) que consta na fatura e que também inclui as tarifas de acesso.

Vejamos um exemplo sobre o funcionamento da comunicação do fornecedor e o que se verifica na prática. Em junho, um comercializador cobrava 0,20 euros por kWh na componente da energia, e a tarifa de acesso era de -0,09 euros por kWh. Tal resultava num total de 0,11 euros por kWh. Em julho, com um desconto de 20% por parte do fornecedor, a energia passa a custar 0,16 euros por kWh. Mas, como as tarifas de acesso passaram para -0,01 euros por kWh, o consumidor ficou com um custo de 0,15 euros por kWh: mais do que em junho. A comunicação com os consumidores deve ser clara. E é por esta razão que as percentagens de desconto pouco significam.

O simulador da DECO PROTESTE inclui mais de 200 tarifários, só para eletricidade. Foi, por isso, a ferramenta que permitiu verificar o custo da eletricidade a 30 de junho e a 1 de julho, ou seja, antes e depois das alterações tarifárias. Para os cálculos, considerou-se uma casa com um consumo mensal de 150 kWh e uma potência contratada de 3,45 kVA. Pesquisou-se a melhor tarifa simples dos comercializadores mais representativos e sem condições associadas.

Variação da fatura mensal entre 30 de junho e 1 de julho de 2023
(tarifa simples, potência de 3,45 kVA, consumo mensal de 150 kWh) 
Comercializador e tarifa Fatura a 30 de junho (€) Fatura a 1 de julho (€)  Variação
Endesa Tarifa e-luz 25,39 32,89 30%
Galp Casa & Estrada Eletricidade Verde & Combustível (DD) 27,56 35,26 28%
 Iberdrola Mais Casa ( DD+FE) 28,37   32,78 16% 
Goldenergy + Cliente 23 Monoelétrico (DD+FE) 31,94
31,94 0%
EDP Comercial Eletricidade Campanha Digital 2023 (DD+FE) 32,15 36,47 13%
SU Eletricidade Tarifa regulada 35,39
35,39 0%

Os valores são um indicador das alterações que, com forte probabilidade, podem ter ocorrido nos cerca de 6 milhões de contratos de eletricidade dos consumidores domésticos. Aos tarifários da Endesa, da Galp, da Iberdrola e da EDP Comercial acresce o mecanismo MIBEL. A tarifa regulada, a referência para o mercado, apesar de mais elevada em junho, não alterou. Já outros tarifários deixaram de ser vantajosos.

Como escolher a melhor tarifa?

Se estiver no mercado liberalizado, comece por olhar para a fatura e verifique a informação sobre quanto pagaria, a mais ou a menos, se tivesse a tarifa regulada. Esta informação é obrigatória em todas as faturas do mercado liberalizado. Embora a tarifa regulada possa não ser a mais vantajosa, é um bom indicador sobre a que tem contratada. Se a regulada compensar, mude.

Outra alternativa, passa por verificar as tarifas condicionadas. Se, pela primeira vez, se tornar cliente do operador ou se tiver a recomendação de um atual cliente, pode ser que consiga condições mais vantajosas. Desde que não implique uma despesa adicional, aproveite para baixar a sua fatura de eletricidade.

Quanto a uma tarifa indexada, só deve ser contratada por quem tenha bastante atenção à evolução dos preços, para poder mudar caso deixe de ser interessante. Como este tipo de tarifa é muito incerta, pois depende de vários fatores, a DECO PROTESTE opta por não a integrar no seu simulador.

 

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