Os medicamentos têm preço

Publicado a 03 outubro 2024
Fatima Ramos
Fátima Ramos Editora

Os consumidores, em particular os doentes crónicos, podem poupar centenas de euros anuais, se substituírem o medicamento mais vendido pelo mais barato. Importa reforçar a informação, para que a escolha seja mais consciente.

Fatima Ramos
Fátima Ramos Editora
iStock Mulher na farmácia a pagar medicamentos
Em tempos idos, pedir o genérico era quase sinónimo de pedir o mais barato. Mas já não é assim. Há genéricos mais baratos do que genéricos e, até, marcas originais mais baratas do que genéricos.

A saúde tem preço e os medicamentos também. No que respeita a fármacos, é ponto assente que barato vale tanto, em qualidade e eficácia, como caro, dentro do mesmo grupo homogéneo. Diríamos, então, que o mais racional seria optar pelo que menos pesa no bolso, até porque não somos um país de ricos. Mas não.

O estudo da DECO PROteste a uma amostra de 112 medicamentos – cerca de um terço do mercado nacional – revela que apenas uma ínfima parte dos medicamentos mais consumidos são os mais baratos disponíveis nos respetivos grupos. Terá o consumidor prazer em pagar mais? Até pode ter, e está no seu direito. A dúvida é se, de facto, se trata de uma escolha consciente e informada.

Em tempos idos, pedir o genérico era quase sinónimo de pedir o mais barato. Mas já não é assim. Há genéricos mais baratos do que genéricos e, até, marcas originais mais baratas do que genéricos. E se, para o Estado, a escolha é indiferente, porque comparticipa todos os medicamentos do grupo homogéneo no mesmo valor absoluto, para um doente crónico, o mais barato pode significar centenas de euros de poupança anual.

Importa, pois, que tenha todos os dados. A prescrição ou guia de tratamento deveria fornecer o preço e o nome dos medicamentos mais baratos, para que o consumidor os pudesse solicitar diretamente.

O farmacêutico, pela proximidade aos utentes, tem de assumir o seu papel na informação e formação, mas o Estado não se pode demitir. Ao consumidor cabe ser proativo. Além de pedir diretamente o mais barato na farmácia, pode fazer uma consulta prévia dos preços na app Poupe na receita, do Infarmed. É a saúde da sua carteira que está em jogo.

Sabia que...?

Em 112 dos medicamentos mais vendidos em Portugal, apenas seis são os mais baratos disponíveis no seu grupo homogéneo. No mesmo grupo, a diferença entre o mais e o menos dispendioso pode chegar a 38 euros por embalagem.

 

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