Exmos Senhores
Quero apresentar o meu desagrado com o vosso serviço.
O meu cão deu entrada no vosso serviço de urgências, visto estar deslocada da minha residência e nomeadamente do hospital onde é seguido, com uma crise de ataques epilépticos e esteve internado durante 7 dias.
Passei todo o historial do Baco ao médico de serviço e explicando que já tinha sido concluído o diagnóstico e que tinha uma epilepsia difícil de controlar. Para além disso tem ansiedade de separação o que seria impróprio ir visitá-lo porque no passado tinha sido prejudicial.
Prontamente os médicos que o seguem ligaram para o hospital a fim de dar o historial e de ajudar os colegas no controlo desta crise.
Durante estes 7 dias liguei várias vezes ao dia para saber o estado de saúde do Baco tendo sido na maioria delas uma péssima experiência.
1º Ninguém se identifica quando atende o telefone. Por várias vezes pedi para falar com um médico, passavam-me o telefone e só quando perguntava quem falava é que me diziam " auxiliar, enfermeira X, ..." tendo eu pedido para falar com um médico de antemão.
2º Quando pedi notícias do Baco, por várias vezes deram-me informações erradas quer em relação ao número de ataques quer em relação à medicação que tomava (sendo crónica) e deixando-me super apreensiva. Outro dos motivos foi dizerem-me que os médicos que o seguiam nunca entraram em contacto nem mandaram indicações, o que era falso, pois noutros momentos anteriores já me teriam confirmado que estavam em contacto.
3º Uma vez que não ia à visita, pedia sempre para falar com um médico que nunca se encontrava disponível e ligariam mais tarde, raramente acontecendo, tendo eu que retomar a chamada no final do dia
4º Em todos os telefonemas que fiz, geralmente 2/3 por dia, todos os colaboradores diziam-me para ir à visita e alguns deles insistindo. Apesar de todas as vezes explicar porque não ia, ninguém foi capaz de escrever esta nota na ficha do Baco para eu não estar sempre com a pressão de ir ou não visitá-lo (claro que a minha vontade era vê-lo mas conscientemente sei que não o devo fazer)
5º Houve muito pouca interação com o hospital que o segue, as que havendo terem sendo sempre iniciadas pelos outros, e inclusivamente a média do Baco especializada em Neurologia quando regressou de férias, entrou logo em contacto convosco e nenhum médico teve disponibilidade para falar com ela, tendo falado com uma enfermeira.
6º Estariam a tentar dar uma nova medicação ao Baco, sem consultarem com os médicos que o seguiam, e se não fosse por ter pedido para falar com um médico e ter me comunicado isto, teriam dado uma medicação que já deixou o Baco anteriormente com uma grande crise e muito debilitado.
Quando recebo indicações , que por sinal, não muito claras em relação à possível alta e como eram os procedimentos do hospital, vou buscar o Baco com muitas dúvidas no ar e questões.
Para além de o Baco ter tido uma reação estranhíssima (ganir de sofrimento e agonia) quando viu a trela (segundo a médica), nada normal de todas as vezes que o Baco ficou internado e são mais de 2 dúzias, quando chegou ao pé de mim vinha cheio de dejectos agarrados ao pelo e ressequidos, cheio de feridas nas patas (e não eram nas zonas do cateter) e sem mobilidade/força nenhuma nas patas.
Não houve nenhuma troca de palavras entre mim e alguém do hospital no momento da entrega do Baco e qual o meu espanto quando me chamam à receção para pagar. A primeira pergunta que faço é: "Ninguém fala comigo, nem médica, nem enfermeira ... para dar alta?" sendo a resposta curta e grossa "Primeiro tem que pagar"
Após pagar fui chamada a um consultório e atendida por uma médica que salvou um bocado a imagem do vosso hospital tendo sido atenciosa e prestável.
Primeiro: o Baco já teve grandes crises e nunca esteve tanto tempo internado, a falta de medicação apropriada fez com que esta estadia se prolongasse.
Segundo: o Baco esteve 7 dias numa jaula pequeníssima o que lhe deve ter limitado os movimentos. Esteve dois dias e meio sem andar e com os movimentos completamente descoordenados. No princípio achei que fosse pela sedação mas depois de ser reavaliado, havia indícios de ser ortopédico. A probabilidade de ter sido pela falta de mobilidade é muito grande.
Terceiro: o Baco teve a receber uma dosagem de medicação acima da dos recomendada.
Acho que deveriam rever os vossos procedimentos e principalmente tornarem-se mais acolhedores visto que quando deixamos um ser a vosso cuidado, estamos a confiar a olhos cegos e ficamos sempre com o coração apertado quando estamos longe deles e principalmente nestas urgências médicas.
O vosso hospital tem todas as condições para ser de referência, mas como vocês têm transcrito nas vossas instalações "Um cão abana a cauda com o coração" o que é tudo menos verdade no que toca ao serviço prestado.
Com os melhores cumprimentos
Noemi Duarte