Exma. Sra. Maria Rosa,
Antes de mais, queremos expressar as nossas mais sinceras condolências pela perda da Suelen e dizer-lhe que compreendemos a dor sentida neste momento. Sabemos o quanto ela significava para si e para a sua família e que a partida de uma companhia de tantos anos é um acontecimento extremamente marcante.
Lamentamos também que a sua experiência com a nossa clínica tenha sido marcada por sentimentos de frustração e desilusão. O bem-estar dos nossos pacientes é, e sempre será, a nossa prioridade.
Recebemos o seu email com toda a seriedade que merece e gostaríamos de prestar alguns esclarecimentos relativamente aos cuidados prestados à Suelen durante o tempo em que esteve connosco.
A Suelen realizou uma ovariohisterectomia devido à ocorrência frequente de gravidezes psicológicas, o que representava um risco real para a sua saúde a médio e longo prazo. A cirurgia decorreu sem qualquer intercorrência, e a Suelen teve alta no dia seguinte, de acordo com os protocolos clínicos adequados à sua espécie e estado geral.
No entanto, dois dias após a alta, recebemos novo contacto da vossa parte a informar que a Suelen se encontrava apática e prostrada, e que estavam a enfrentar dificuldades na administração da medicação e da alimentação de suporte (papa) prescritas na altura da alta. Foi-nos inclusive referido que algumas das medicações não tinham conseguido administrar. Dada a importância de garantir uma boa recuperação pós-cirúrgica, foi prontamente sugerido o internamento da Suelen na clínica para garantir o acompanhamento diário, a administração correta da medicação e a monitorização do seu estado. Durante esse período, fomos comunicando convosco diariamente sobre a sua evolução. Ao fim de aproximadamente uma semana, a Suelen teve alta por apresentar sinais clínicos de recuperação: apetite restabelecido, fezes regulares e comportamento normal.
Após cinco dias em casa, contactaram-nos novamente porque a Suelen tinha voltado a demonstrar apatia e falta de apetite. Nesse momento, foi-nos relatado que nos dias anteriores, após a alta médica, ela manteve-se bastante bem e sem qualquer alteração. No entanto, no dia anterior a este episódio teria roído o resguardo plástico que se encontrava na gaiola. Dado o risco envolvido, foi novamente internada com medicação de suporte. Realizámos uma ecografia abdominal, que confirmou a presença de pequenos corpos estranhos gastrointestinais, mas sem sinais de obstrução no momento. Com este exame, foi ainda possível verificar que as suturas cirúrgicas internas apresentavam uma evolução normal. A Suelen foi mostrando sinais de recuperação gradual: começou a petiscar, a fazer fezes e a responder positivamente à terapêutica instituída. Dada a evolução favorável, teve alta novamente, com a orientação expressa de nos contactarem caso houvesse qualquer alteração negativa.
Salientamos que, à semelhança da ecografia realizada anteriormente, a mesma foi realizada mediante agendamento e poderia ter sido acompanhada por vós. Por indisponibilidade na altura, não estiveram presentes, mas contactámo-vos assim que o exame foi concluído, como é nossa prática. Juntamos, em anexo, o relatório correspondente à ecografia realizada.
Infelizmente, após a última alta, não recebemos qualquer comunicação até ao triste desfecho, nem fomos alertados para sinais de dor ou agravamento clínico. O ranger de dentes, como referiu, é um sinal importante de dor ou desconforto em coelhos, não tem que necessariamente ser por os dentes estarem com sobrecrescimento, e caso nos tivesse sido comunicado, teríamos certamente recomendado uma reavaliação imediata.
Relativamente ao contacto telefónico do dia 26, lamentamos sinceramente que a forma como foi atendida não tenha correspondido àquilo que considera adequado, sobretudo num momento de dor tão intenso. Reconhecemos que a conversa ocorreu num contexto de grande emoção e compreendemos o seu estado de revolta perante a perda da Suelen. Ainda assim, a empatia e o respeito são valores essenciais no nosso atendimento e iremos averiguar internamente o que se passou para garantir que todas as situações de luto sejam sempre acompanhadas com a sensibilidade que merecem.
Quanto ao facto de a médica ter identificado de imediato a Suelen, gostaríamos de esclarecer que realizamos reuniões clínicas diárias, nas quais são discutidos todos os casos em acompanhamento. É precisamente por isso que todos os membros da equipa estão atualizados sobre os nossos pacientes, o que permite um seguimento mais atento e personalizado, algo que valorizamos profundamente.
Compreendemos que nada do que possamos dizer ou fazer poderá alterar o desfecho, mas queremos garantir-lhe que em momento algum houve intenção de omitir informação, nem de negligenciar a Suelen, até muito pelo contrário. Trabalhámos com base nas informações clínicas disponíveis e sempre com o objetivo de proporcionar o melhor tratamento possível. Compreendemos que o desfecho tenha sido doloroso e frustrante, mas asseguramos que todos os procedimentos seguiram os protocolos indicados.
Mais uma vez, lamentamos profundamente a perda da Suelen e a dor que esta experiência lhe causou.
Permanecemos disponíveis para qualquer esclarecimento adicional.
Com consideração,
Ana Mendes, CP 5359
Diretora Clínica da VetExóticos