Eu e a minha companheira fizemos uma reserva para o festival Paredes de Coura 2019 de uma tenda Quibi da Sleep Em All, cujo aluguer custou um total de 260 euros. As condições anunciadas são a de uma “casa de madeira”, com “2 camas compostas por estrados de paletes e colchões personalizados Sleep Em All”, inserida numa área reservada do campismo, com WC e chuveiros próprios e entrada controlada (informação retirada do site).Desde o início tudo foi falhando. Para começar, os estrados anunciados não existiam, e quando questionámos a colaboradora que nos recebeu sobre isso foi-nos dito simplesmente que o que havia disponível eram só os colchões.A tenda que nos deram não tinha minimamente as condições anunciadas: o isolamento era nulo, entre o chão e as paredes havia um espaço de mais de 2cm por onde entrava a relva, a terra e todo o tipo de insectos e nas paredes e tecto as frinchas eram várias, o que fazia com que a tenda fosse um forno nas horas de maior calor e um gelo tremendo durante a noite, tornando impossível que se dormisse lá com o mínimo de conforto. De todas as vezes que acampei, no mesmo festival, nunca tive problemas com bichos a entrarem na tenda fechada e nunca senti tanto frio durante a noite, portanto era um problema da estrutura em si. No segundo dia do festival, uma das janelas da nossa tenda estava aberta, quando a tínhamos deixado fechada. Felizmente, nada nos levaram.Isso remete-me para o segundo ponto: o controlo de entradas nunca existiu. Ninguém estava na entrada do glamping a verificar coisa nenhuma, encontrando-se apenas 2 colaboradores (ou, durante a noite, só 1) na tenda do check-in, que é afastada da porta e de onde é impossível verificar pulseiras ou seja o que for, muito menos de noite no escuro. A prova disso foi o progressivo instalar de tendas normais no espaço do glamping, à medida que o festival avançava. Quando falámos disso aos colaboradores, a resposta que nos deram foi que a organização do festival não fornecia seguranças para a entrada do glamping (como se a segurança à porta do glamping não fosse uma condição anunciada pela Sleep Em All, que é quem cobra o dinheiro como contrapartida desses benefícios).O que acabou por acontecer foi dormirmos no carro em todas as noites e fazer check-out antes do fim do festival, tendo gastado quase 300 euros por um serviço que anunciava condições e conforto que nunca cumpriu. À saída fomos ter com os dois rapazes que estavam na tenda do check-in para tentar falar com alguém responsável no sentido de pedirmos um reembolso e eles tentaram contactar os superiores, mas ninguém atendeu os telefones. Resultado: falham aos clientes e não estão ali para dar a cara.É evidente que um campismo, por mais glamping que seja, é sempre um campismo e não se espera dele um conforto igual a uma casa ou um hotel. Mas o mínimo que se pede é que, cobrando a exorbitância que se cobra e anunciando determinadas condições, essas condições sejam cumpridas. Entende-se isto como elementar e basilar em qualquer transacção comercial. Anunciar o que não se tem e não se fornece é ludibrio, é enganar as pessoas. É uma atitude lamentável e que não é digna duma empresa séria.