Piolhos e lêndeas: soluções para acabar com a comichão

Não voam nem saltam. Tão-pouco são sinónimo de falta de higiene. A comichão tende a ser sinal de que os piolhos se instalaram numa cabeça inocente. Mas pode não ser diagnóstico suficiente. Há, por isso, que proceder a apurada inspeção da cabeleira.
Apesar de a pediculose, nome por que é conhecida a infestação por piolhos, poder afetar qualquer escalpe de cabelos semeado, os mais tenros são os preferidos. Não tem que ver com a idade, mas com os hábitos da miudagem. Molhos de crianças a rebolar no chão do recreio são cenários potenciadores de infestação. Como os piolhos não voam nem saltam, só por contacto entre cabeças podem atacar de um escalpe ao seguinte.
E é por promoverem o encontro de cabeças que as selfies criam também condições para o florescimento destes parasitas, que precisam, como quaisquer outros, de um hospedeiro que lhes assegure a sobrevivência. Num ambiente povoado de cabelos, resistem 20 a 30 dias. Fora dele, não vão além das 24 a 48 horas. Daí não ser certo que o contacto com objetos contaminados, como chapéus, escovas ou almofadas, resulte em propagação. Longe do hospedeiro, os piolhos desidratam com rapidez.
Enquanto não é desalojada do hospedeiro, cada fêmea tem o dom da multiplicação, à razão de quatro a seis ovos por dia. Conhecidos como lêndeas, estes ovos dão origem a novos insetos sete a dez dias depois, os quais podem libertar mais ovos, e assim sucessivamente.
Apesar de a infestação por piolhos ser benigna, não se resolve de forma espontânea e, por vezes, se não for tratada, degenera em infeção no couro cabeludo. Há que cortar o mal pela raiz, o que não significa que seja preciso recorrer à clássica carecada. Há opções eficazes contra piolhos e lêndeas. Descubra-as no nosso comparador.
Quanto a receitas caseiras, o melhor é esquecer. Deixe o vinagre, a maionese e o óleo de coco para saladas e outros menus, que vai mais bem servido. Contra os parasitas, revelam poucos sinais de eficácia. E o mesmo vale para pentes elétricos, caros e com poucas provas dadas. Ambas as estratégias falham em especial contra as lêndeas.
Opções mais eficazes contêm pediculicidas
Nenhum produto é capaz de prevenir uma infestação. Portanto, se lhe tentarem vender repelentes para piolhos, recuse educadamente. Os parasitas não se deixam impressionar por odores fortes e desagradáveis. A única forma de mantê-los à margem é evitar o contacto com cabeças contaminadas, o que, no caso de gente de palmo e meio, se torna quase impossível. Mas pode manter uma atitude vigilante, sobretudo se lhe chegarem à caixa de correio eletrónico aquelas mensagens da escola, a dar conta de “intrusos” nas salas de aula.
Durante essas fases, passar um pente fino pelo cabelo molhado, a cada três dias e durante duas semanas, pode ser boa ideia. Há-os só para piolhos, além de outros que também capturam as lêndeas. Evidentemente, não são tóxicos, mas também não resolvem o problema à primeira. Disciplina e paciência é o que se quer, tanto de pais quanto de filhos. Conselho de amigo: antes de usar o pente, experimente passar amaciador no cabelo, de modo que aquele deslize sem protestos da criança.
Se as precauções não surtirem efeito, o remédio é avançar para um produto contra os piolhos. Existem várias fórmulas destinadas a sufocar os parasitas. As que recorrem a silicones, como o dimeticone, resolvem o assunto e não envolvem toxicidade, pelo que são preferíveis. Já outros sufocantes, como o miristato de isopropilo, não mostram competência no extermínio.
De acordo com a literatura, os produtos mais eficazes são os que incluem pediculicidas como a permetrina, ou seja, ingredientes capazes de eliminar quimicamente lêndeas e piolhos. Têm, contudo, alguns inconvenientes: podem causar reações alérgicas em couros cabeludos mais sensíveis e suscitar a resistência dos parasitas, à semelhança das bactérias, que podem adaptar-se e resistir aos antibióticos. Já foram observados destes fenómenos em França, no Reino Unido e na República Checa. Portanto, o uso de pediculicidas deve ser criterioso.
Pentes elétricos pouco eficazes contra parasitas
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Para continuar a ler, basta entrar no site ou criar uma conta (disponível para subscritores e não-subscritores).Anunciam eliminar piolhos e lêndeas através de choques elétricos. Testámos dois pentes elétricos a título comparativo, mas verificámos que são apenas razoáveis contra piolhos e têm fraco poder de fogo contra os seus ovos.
Além disso, uma única utilização não basta para alcançar o sucesso. Há que reunir grande disciplina e disponibilidade para passar o pente pelos cabelos da criança durante 14 dias a fio.
Um pente tradicional, que é uma solução muito mais barata, se for usado corretamente, acaba por conduzir a resultados semelhantes.
Receitas caseiras com resultados modestos a controlar lêndeas
Passam de geração em geração e circulam pela net muitas receitas caseiras, ditas naturais, para lidar com os parasitas. Testámos quatro, cuja eficácia contra os piolhos vai de má a excelente. Já face às lêndeas, revela-se nula ou muito próxima disso.
Maionese
Diz-se que só a versão caseira funciona. Como tal, preparámos a nossa receita e passámos uma porção generosa numa mecha de cabelo de teste. O produto permaneceu por duas horas, findas as quais lavámos e penteámos o cabelo. Apenas 60% dos piolhos foram eliminados. Quanto às lêndeas, todas sobreviveram à prova.
Vinagre de vinho branco
Diz-se que “descola” as lêndeas do cabelo. Diluímos uma colher de vinagre num copo de água, e aplicámos por um período de apenas 15 minutos, já que este condimento é ácido. Lavado e penteado o cabelo, os resultados foram dececionantes: só cerca de 10% de piolhos e lêndeas tiveram o final desejado.
Óleo de coco
Diz-se que asfixia os piolhos. Aplicámos uma boa quantidade e deixámo-la por 12 horas. Depois, lavámos e penteámos. Morreram todos os piolhos, mas quatro em cinco lêndeas ficaram vivas. O tempo de aplicação não é realista: para melhores resultados, há que repetir o tratamento.
Óleo de coco + óleo de árvore do chá
Diz-se que o forte odor dos óleos essenciais repele os parasitas. Usámos uma mistura destes dois óleos diluída em água, que, ao fim de 15 minutos de aplicação, provou ser menos eficaz do que o óleo de coco sozinho. Matou cerca de 80% dos piolhos, mas nenhuma das lêndeas.
Dicas para usar um produto contra os piolhos
A aplicação de um antiparasitário tem os seus quês. Até os produtos eficazes podem falhar, se não forem corretamente usados. Seguir as instruções do fabricante é o mais prudente, mas pode não ser suficiente. Portanto, tome nota. Divida o cabelo em mechas e aplique uma boa quantidade em cada uma, para cobrir toda a extensão capilar. Preste atenção às zonas atrás das orelhas e à nuca, e certifique-se de que o produto não escorre para os olhos.
Respeite o tempo de aplicação, que é variável. Depois de passar o cabelo por água e, se recomendado nas instruções, ainda por champô, use o pente fino. Quer ter a certeza de que a infestação é controlada? Repita o tratamento sete a dez dias mais tarde. Pais e irmãos poderão ter de ser sujeitos a igual procedimento, se acusarem a presença de parasitas.
Quanto a cuidados extra, apesar de haver pouca evidência sobre a transmissão via objetos de uso pessoal, por precaução, evite partilhas. O que já é de bom-tom, claro está, é dividir a notícia com a escola...