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Ar condicionado defeituoso em período de extensão de garantia

Os aparelhos de ar condicionado adquiridos por um consumidor na Worten deixaram de funcionar antes de a garantia extra expirar. A loja só assumiu o custo da reparação após intervenção da DECO PROteste.

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22 outubro 2024
Caso leitor - ar condionado defeituoso

iStock

Um consumidor da Amoreira (Óbidos) adquiriu, em julho de 2020, dois aparelhos de ar condicionado da Fujitsu, na Worten de Peniche. Para pagar o valor (4247,98 euros), utilizou uma nota de crédito e entregou o diferencial de 1250 euros. Com o objetivo de prevenir qualquer problema que pudesse surgir, pediu, no ato da compra, uma extensão da garantia por 24 meses. Esta vigoraria, depois de terminada a garantia comercial, de 20 de julho de 2022 a 20 de julho de 2024.

Em boa hora o fez, pois, no decurso da extensão de garantia, o ar condicionado deixou de funcionar, a 9 de novembro de 2023. Contactou a Worten e, por estar próximo o inverno e os aparelhos estarem localizados nos quartos, as assoalhadas mais frias da casa, pediu urgência na resolução do problema.

Anteriormente a esta compra, o consumidor já havia adquirido um ar condicionado à Worten, que também revelou anomalias. Foi no seguimento dessa reclamação que recebeu uma nota de crédito, vendo-se obrigado a utilizá-la para comprar novos aparelhos na mesma loja. Pagou a diferença para adquirir um produto que, em princípio, seria de maior qualidade. O primeiro ar condicionado durou apenas um inverno; estes últimos, três invernos.

Como funciona a extensão da garantia?

É muito comum as lojas de eletrodomésticos sugerirem aos consumidores prolongarem a garantia por mais uns anos a troco de um valor adicional. Em caso de defeito do produto ou avaria de peças, o consumidor tem direito à reposição da conformidade, à redução do preço ou à resolução do contrato, desde que o problema não seja devido à má utilização ou ao desleixo. Neste caso, a reparação fica a cargo do consumidor.

Durante o período da garantia comercial (três anos), cabe ao fabricante a responsabilidade de reparar o eletrodoméstico. Já quando vigora a extensão da garantia, o suporte pode ser assumido pelo vendedor, pelo fabricante, ou por qualquer intermediário. Depende quem é o garante.

Antes de aderir, avalie se vale a pena pagar um montante adicional para estender a garantia. Nem sempre a extensão inclui os mesmos direitos da garantia comercial dos primeiros três anos.

Avaria no ar condicionado analisada

Reportado o problema, a empresa de assistência enviou um técnico à morada, que terá comunicado à Worten a falta de limpeza de filtros como causa da avaria. Juntou uma imagem, que, no entanto, se veio a concluir pertencer a outro imóvel que não o do consumidor da Amoreira. A foto identificava outro casal e outra habitação. Para comprovar o engano, o consumidor enviou uma foto sua e da mulher, bem como dos filtros em perfeitas condições. A 12 de novembro de 2023, preencheu, através do portal da Worten, um formulário de reclamação.

Decorrido quase um mês, a loja de Peniche apresentou um orçamento de reparação, no valor de 1431,11 euros. Referia: "Anomalias detetadas: possível placa control + placa de potência avariada." O orçamento foi prontamente recusado pelo consumidor. No seu entender, o valor de reparação era demasiado elevado e desproporcional ao valor de aquisição dos aparelhos, e não tinha a certeza de que a reparação resolveria o problema. Além disso, comunicara a avaria dentro do prazo da extensão de garantia. A Worten deveria assumir os custos da reparação.

Em resposta, o consumidor sugeriu entregar à Worten um relatório técnico de uma empresa especializada. Assim, em 15 de dezembro de 2023, a Frifoz detetou que a placa eletrónica estava avariada, embora não tenha identificado a causa. O problema não era, de todo, a falta de limpeza dos filtros. Para substituição da placa de controlo, apresentou um orçamento de 838,86 euros.

Nesse mesmo mês, a Worten também enviou uma equipa técnica, que, após vários testes e medições, concluiu que existia "uma anomalia na placa de potência K04BA-0505HUE-P0 e sua auxiliar". Seria preciso substituí-la.

Apoio da DECO PROteste e recurso ao Tribunal Arbitral 

O impasse na resolução do problema levou o consumidor a pedir ajuda à DECO PROteste. Através da Plataforma Reclamar, é possível expor a situação, e a DECO PROteste junta o seu nome à reclamação, para dar mais peso à mensagem.

Reclame aqui

Nos termos da lei (Decreto-Lei n.º 84/2021, de 18 de outubro), o prazo para a reparação ou substituição de um produto não deve exceder os 30 dias. Todavia, só depois de muita insistência, a Worten aceitou, em janeiro de 2024, mais de dois meses após a denúncia dos defeitos no aparelho, o relatório da Frifoz. Disponibilizava-se a transferir para o consumidor o valor de 838,86 euros, com vista à reparação do ar condicionado. O consumidor, porém, recusou. Pretendia novos aparelhos, a sua instalação sem encargos, ou a devolução integral do valor pago, e não um crédito em loja. Queria ainda uma indemnização de 350 euros pelos danos morais de a família passar o inverno sem aquecimento.

Perante esta recusa, a DECO PROteste contactou, de novo, a Worten, para aferir se a loja aceitava as condições exigidas pelo consumidor. Não aceitou.

Sem acordo à vista, foi sugerido ao consumidor que recorresse ao Centro Nacional de Arbitragem. Não comporta custos e a DECO PROteste assegura assistência jurídica, reencaminhado a reclamação para esta entidade. O recurso ao Centro de Arbitragem não garante uma decisão favorável, é certo, mas trata-se de uma alternativa aos tribunais. É frequente consumidores e empresas chegarem a acordo antes mesmo de ser proferida uma decisão. Como aconteceu neste caso em concreto: o consumidor acordou com a Worten receber a quantia de 838,86 euros, para reparar o ar condicionado. 

Se está a pensar adquirir um aparelho, siga os resultados dos testes e as recomendações da DECO PROteste para escolher o modelo de ar condicionado mais adequado para as suas necessidades.

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