Opinião

O grande desafio das alterações climáticas

20 dezembro 2019
Rita Rodrigues, responsável pelas relações institucionais da DECO PROTESTE

20 dezembro 2019
Os últimos meses foram dominados pelas alterações climáticas. Nenhuma notícia captou mais a atenção do que este tema, e muito justamente, pois é difícil imaginarmos questão mais importante para o nosso futuro coletivo.

Em matéria de combate ambiental, o problema, até agora, tem sido o excesso de retórica, para ficar bem na fotografia, nas redes sociais e nas televisões; e a escassez de ação concreta, para garantir um horizonte credível de sustentabilidade, para nós e para os nossos filhos.

A presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula Von der Leyen, revelou na cimeira do clima COP25, em Madrid, que em março apresentará a primeira lei climática europeia, para tornar a transição climática irreversível na União Europeia (UE). O objetivo da nova legislação é "dotar de uma perspetiva climática todos os setores económicos". Isto é, teremos finalmente, à dimensão europeia, ação política à altura do desafio.

Como defendemos há muito – através, por exemplo, do consumo responsável e a taxação dos poluidores, seguindo o princípio do poluidor-pagador proposto igualmente pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres -, colocar a preocupação ambiental em todas as políticas é um dos principais motores da mudança.

Von der Leyen detalhou depois o plano de investimentos necessários para avançar com uma ação climática sustentada na investigação, na inovação e na tecnologia. Este plano envolve perto de um trilião de euros nos próximos 10 anos, segundo a presidente da CE, que acrescentou que deverá ser aplicada, se necessário, uma taxa de carbono ao comércio internacional. "Alguns falam-me do custo. Apenas temos de recordar qual seria o custo se não fizéssemos nada".

E porque a mudança não acontece de um dia para o outro, neste final de ano, uma palavra também para Greta Thunberg. Desde logo, é preciso mobilizar as novas gerações. São elas que, pela ordem natural das coisas, vão conduzir o processo.

Noutros tempos, na aquisição progressiva de vontade de agir, havia uma escala informal: os jovens evoluíam de estudantes para praticantes de atividade associativa e a seguir para simpatizantes ou militantes da causa. Nessa época, o grande objetivo era ganhar “consciência política”. Em 2019, o objetivo é ganhar “consciência da urgência em enfrentar as alterações climáticas” mas o modelo continua válido, da simpatia à militância.

Rita Rodrigues - Responsável pelas Relações Institucionais da DECO PROTESTE

Artigo originalmente publicado a 20/12/20 na edição online do DN.