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Combater o plástico descartável

Todos os anos, são produzidos cerca de 58 milhões de toneladas de plástico na Europa, 40% dos quais para embalar produtos. Deixamos algumas sugestões para diminuir a quantidade de produtos descartáveis que usa no dia-a-dia.

Embalagens de plástico com fruta e legumes

iStock

Quinhentos e treze quilos foi a quantidade de lixo que cada português produziu no ano de 2019, de acordo com dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Um valor cem quilos acima da meta definida para 2020 pela União Europeia.

Destes resíduos, apenas 13% são devidamente separados e encaminhados para reciclagem e menos de 20% são usados para valorização energética. A maioria acaba por ser colocada no contentor dos resíduos indiferenciados (lixo comum) e tem como destino o tratamento mecânico biológico ou o aterro.

No que diz respeito ao plástico, na Europa, produzem-se cerca de 58 milhões de toneladas de plástico por ano, 40% dos quais destinados a embalar produtos. Só em Portugal, cada pessoa gera 31 quilos de resíduos plásticos por ano, de acordo com a Comissão Europeia.

Mas nem tudo são más notícias. Segundo a Sociedade Ponto Verde (SPV), entidade gestora de resíduos de embalagem, os portugueses estão cada vez mais comprometidos com a sustentabilidade ambiental, e, em 2020, a taxa de reciclagem no País aumentou em média 13% face a 2019.

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Lutar contra o excesso de embalagem

Preocupação global com plásticos descartáveis

Em 2018, a Comissão Europeia decidiu focar-se no problema dos plásticos descartáveis, apresentando um plano robusto para reduzir a sua utilização até 2025. A ideia é banir o plástico de diversos objetos de uso quotidiano, com destaque para objetos como cotonetes, talheres, pratos, palhinhas, agitadores de bebidas e paus para balões de plástico, dado que podem já ser produzidos exclusivamente a partir de matérias-primas de fontes renováveis. Além destes produtos, também os recipientes descartáveis para alimentos e bebidas estão na mira da Comissão Europeia.

Os Estados-membros tiveram, assim, de fixar objetivos nacionais de redução, tornando disponíveis produtos alternativos nos pontos de venda e proibindo o fornecimento gratuito de plásticos descartáveis, tal como aconteceu com os sacos de plástico distribuídos nas caixas dos supermercados. Assim, a comercialização destes produtos, como pratos e talheres, em plástico descartável é proibida em toda a União Europeia desde 3 de julho de 2021.

A União Europeia pretende ainda aumentar a reciclagem das garrafas de plástico descartável para bebidas, esperando que para tal exista um aumento na recolha seletiva destas embalagens, atingindo 77% em 2025 e 90% em 2029. Para alcançar esta meta, pode-se recorrer à restituição de depósitos, como taras recuperáveis, como acontecia na generalidade das garrafas de vidro noutros tempos. Esta prática é, aliás, comum em vários países europeus, nos quais se conseguem elevadas taxas de recuperação de embalagens de vidro, metal e mesmo plástico.

Em Portugal, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática lançou um projeto-piloto que incentiva a devolução de garrafas de plástico (em PET), permitindo aos consumidores depositá-las em 23 máquinas automáticas disponíveis em supermercados. Como contrapartida, os consumidores recebiam talões de desconto para as suas compras ou para entregar a instituições de solidariedade social.

Implementado em março do ano passado em apenas algumas superfícies comerciais do País, o sistema de incentivo à devolução de garrafas de plástico já recebeu 12 milhões de garrafas para reciclar, originando 500 mil euros de desconto em compras. Noutra fase deste projeto-piloto, as garrafas de plástico (PET) entregues irão ser trocadas por donativos a 23 instituições de solidariedade social, previamente selecionadas online pelos consumidores.  

Embalagens de uso único também são necessárias

É inegável que as embalagens de uso único, independentemente do material em que sejam feitas, são indispensáveis para proteger os alimentos ou outros produtos, facilitar o transporte do produto, fornecer informações úteis ao consumidor através do rótulo e diferenciar os produtos através de estratégias de comunicação das marcas. No entanto, existem contrapartidas: os impactos ambientais associados à produção e transporte de embalagens que assim que cheguem à casa do consumidor irão ser depositadas no ecoponto ou, no caso de más práticas ambientais, no lixo comum. Caso estas embalagens não sejam corretamente separadas e colocadas no ecoponto, podem demorar séculos até desaparecerem totalmente. 

No vídeo, veja alguns exemplos de embalagens desnecessárias usadas para acondicionar alimentos frescos. 

 

A situação nos oceanos, em particular, preocupa, sobretudo no Pacífico e no Índico. Os países asiáticos têm muita dificuldade em gerir os seus resíduos – muitos não fazem, sequer, a respetiva recolha e o tratamento – , e o destino, na maior parte dos casos, é o mar. Para piorar a situação, existem também alguns países do Ocidente que exportam resíduos para países asiáticos, aumentando a pressão na correta gestão de resíduos. Cerca de metade dos resíduos de plástico que acabam nos oceanos são gerados em cinco países: China, Indonésia, Filipinas, Tailândia e Vietname. Mas os oceanos não têm fronteiras, e o plástico, que pode demorar centenas de anos a desaparecer do fundo dos mares, vai-se degradando em partículas cada vez mais finas – os chamados microplásticos – e afetar espécies marinhas.

Como reduzir a produção de resíduos?

Pode parecer uma missão impossível, sobretudo quando chegamos de uma visita ao hipermercado e enchemos os contentores com embalagens. Mas há pequenos passos que pode dar todos os dias para contribuir para uma redução na quantidade de resíduos gerados.

Evite usar sacos para pesar fruta e legumes no supermercado

Quando for comprar fruta ou legumes, certifique-se de que o produto necessita mesmo de ser acondicionado num saco ou então dê preferência a frescos que não se encontrem previamente embalados. Os sacos têm apenas a função de agrupar várias unidades, mas se o produto já estiver agrupado, como um cacho de bananas, não necessita de utilizar nenhum saco. Pode também reutilizar sacos antigos para guardar os seus frescos durante as compras. A reutilização é sempre preferível à compra de novos sacos.

Voltar à venda a granel

Antes do boom do plástico, era comum comprar a granel. Hoje, volta a ser possível fazê-lo em algumas lojas. Esta prática está em crescimento, e há várias cadeias de distribuição no nosso país que já contam com zonas dedicadas à venda a granel, assim como pequenos comerciantes dedicados a este conceito que permitem que leve os seus recipientes vazios para acondicionar os produtos. No site A Granel pode consultar quais as lojas que já aderiram à venda a granel, onde se localizam e quais os produtos disponibilizados.

No que diz respeito a produtos de limpeza, as alternativas ainda são um pouco limitadas. Alguns contêm substâncias perigosas, como a lixívia, por exemplo, e apenas devem ser vendidos em embalagens específicas e munidas com tampas de segurança. Contudo, os detergentes que não apresentam a mesma classificação de perigo são já comercializados a granel em muitas cadeias de supermercados de vários países, como é o caso de Espanha, França e Itália.

Opte por produtos sem embalagem ou com embalagens mais sustentáveis

Procure produtos cujas embalagens se encontram adequadas ao tamanho e às características do produto. Procure alternativas às embalagens que misturam vários materiais e que possam ser mais difíceis de reciclar.

No que diz respeito aos sabonetes líquidos, géis de banho e champôs, opte por embalagens maiores e sem dispensador, e, quando tiver de reabastecer, sempre que possível, pondere a compra de recargas. Desta forma, estará a reduzir a quantidade de plástico de uso único que traz para casa. 

Outros passos para reduzir o uso de embalagens

  • Evite a utilização de produtos descartáveis, optando por produtos que se possam reutilizar.
  • Evite comprar água engarrafada. A água da torneira é mais barata e de elevada qualidade.
  • Qualquer que seja o material de embalagem, há sempre um contentor – amarelo, verde ou azul – pronto para transformar as embalagens em novos produtos. 

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