Dicas

Pé diabético: o que é e como prevenir

Os diabéticos devem ter especial cuidado com os pés: cerca de 25% deles têm condições favoráveis para desenvolver lesões. Saiba como prevenir o pé diabético.

Especialista:
Editor:
17 maio 2024
Pés de uma pessoa a ser examinado no médico

iStock

Sabia que o pé diabético é responsável pelo maior número de amputações em Portugal? Trata-se de uma das mais frequentes complicações da diabetes, mas pode prevenir-se.

Como pode surgir? A diabetes é uma doença crónica em que existe glicose (açúcar) em excesso no sangue. A glicemia começa a aumentar quando o pâncreas não produz insulina suficiente ou quando o organismo não consegue utilizar a insulina que produz. O aumento da glicemia prejudica vários órgãos, especialmente os vasos sanguíneos e os nervos. Quando os nervos das pernas são afetados, surge a falta de sensibilidade. Esta leva a que a pessoa não sinta dor, mesmo que lhe surja uma ferida causada, por exemplo, por um sapato apertado. 

Daí que os cuidados a ter com os pés – incluindo a higiene e a hidratação da pele, o conhecimento dos agentes agressores, o uso de palmilhas ou suportes plantares, o calçado adequado e a remoção de calosidades – sejam fundamentais para a prevenção. E previnem não apenas novos casos, como também a gravidade do quadro clínico dos já existentes.

Quem tem maior risco de sofrer de pé diabético?

As pessoas com maior risco são as que apresentam:

  • deformações dos pés;
  • dores;
  • formigueiro ou sensação de queimadura;
  • diminuição ou ausência de reflexos;
  • diminuição da sensibilidade ao tato, à pressão, à temperatura, à dor ou à vibração.

Se é diabético, deve fazer uma observação sistemática dos pés, complementar à observação clínica feita pelo seu médico. Esteja atento aos sinais de alerta

  • feridas ou bolhas;
  • manchas de sangue ou amareladas na meia;
  • alteração da cor do pé ou dos dedos;
  • unhas grossas ou com alteração da cor;
  • inchaço.

6 passos para prevenir o pé diabético

As lesões surgem da insensibilidade provocada por neuropatia sensitivomotora (comprometimento dos nervos) e/ou da isquemia provocada pelas lesões de aterosclerose (obstrução dos vasos sanguíneos) no membro inferior. Consoante uma das estruturas, nervos ou vasos, seja mais afetada, estamos perante um pé neuropático ou um pé neuroisquémico.

O controlo da diabetes, da hipertensão arterial e do colesterol é igualmente muito importante. Como o tabaco compromete a circulação e o risco de amputação é maior em diabéticos fumadores, é obrigatório não fumar.

1. Observe os pés

Os diabéticos devem observar os pés pelo menos uma vez por dia, de preferência ao final do dia, quando se descalçam. Devem fazê-lo num local com boa luminosidade e numa posição confortável e segura. Quando não conseguem observar diretamente a planta do pé, podem recorrer a um espelho, segurando-o na mão ou colocando-o no chão. Devem ter uma atenção especial aos espaços entre os dedos, locais propícios ao desenvolvimento de lesões ou infeções provocadas por fungos. E devem ir ao médico quando verificarem alterações como:

  • feridas;
  • verrugas;
  • manchas vermelhas;
  • zonas de descamação da pele;
  • calosidades. 

2. Cuidados de higiene

Deve lavar diariamente os pés, de preferência ao final do dia, com água tépida corrente. Antes de molhar os pés, verifique a temperatura da água com um termómetro ou com o cotovelo – se os nervos estiverem afetados, ao mergulhar os pés em água muito quente, sentindo-a apenas morna, queima-os. É importante que a lavagem não seja feita colocando os “pés de molho”. Utilize sabonete e não sabão, que é mais agressivo e seca mais a pele.

Seque os pés com uma toalha clara, de algodão. Não utilize secadores de cabelo nem outras fontes de calor, devido ao elevado risco de queimadura. Mesmo a emitir apenas ar frio, o secador seca demasiado a pele e, por isso, agride-a.

3. A importância da hidratação

Aplique um creme hidratante diariamente nos pés e nas pernas, com exceção dos dedos e espaços interdigitais. Nos espaços entre os dedos e nos dedos não se deve aplicar nenhum creme, pomada ou loção, uma vez que normalmente estas zonas já estão sujeitas à humidade que se gera dentro dos sapatos.

4. Atenção às unhas e calosidades

Cortar as unhas deve ser feito com cautela, devido à falta de sensibilidade e à diminuição da acuidade visual. Não se devem utilizar instrumentos cortantes como tesoura, alicate, corta-unhas, lâminas, etc. O ideal para o desbaste das unhas é a utilização de limas de cartão, uma ou duas vezes por semana.

Para remover calosidades não se devem utilizar objetos cortantes nem metálicos por causa do risco elevado de provocar feridas. É preferível usar lixas de pés, uma a duas vezes por semana. Não se deve recorrer a calicidas.

5. Aquecer convenientemente os pés

Não utilize fontes de calor. A insensibilidade causada pela doença pode não permitir que a pessoa se aperceba da temperatura real que a sua pele atinge, e arrisca-se a fazer uma queimadura profunda. Por isso, não se podem utilizar lareiras, braseiras, escalfetas ou aquecedores. São também desaconselhados cobertores elétricos, botijas de água quente, etc.

As meias são uma das melhores formas para proteger o pé que perde a sensibilidade. A utilização de meias impede que a fricção provocada pela deslocação do pé dentro do sapato, o que acontece sempre que caminhamos, seja exercida diretamente na pele. Para além da fricção, a meia também protege o pé de pequenas agressões como, por exemplo, causadas por areias, e absorve a humidade que surge dentro do sapato. Esta humidade aparece não só devido à sudação, que vai desaparecendo nos membros inferiores com os anos de evolução da diabetes, mas também pela condensação do vapor de água que existe no ar e que vai aquecendo dentro do sapato.

As meias devem ser de fibras naturais, como o algodão ou a lã; use estas últimas principalmente no inverno. Não devem ter costuras que possam magoar um pé insensível, nem elásticos. No entanto, também não devem ser largas demais, ou seja, que descaiam na perna e se enruguem para dentro do sapato. A cor das meias deve ser clara. Uma mancha de sangue é mais fácil de identificar numa meia branca do que numa meia escura.

6. Calçado adequado

O calçado é a causa mais frequente de lesão do pé diabético, gerando calosidades ou ulcerações nos locais de maior pressão ou atrito. Para evitar o aparecimento destas lesões, os sapatos devem ter espaço para os dedos: devem medir mais um centímetro para além do dedo mais comprido (com a pessoa em pé) e devem ser suficientemente altos e largos nas pontas para impedirem a lesão dorsal e marginal dos dedos. 

Além disso, devem ter as seguintes características: 

  • biqueira larga e alta, sem costuras no interior;
  • construídos em pele;
  • com atacadores ou velcro;
  • sola de borracha;
  • salto entre 2 e 4 centímetros. 

É importante, ainda, sacudir os sapatos sempre antes de os calçar, e colocar a mão dentro para se assegurar de que não contêm qualquer objeto que possa vir a magoar um pé que já não tem sensibilidade.

Gostou deste conteúdo? Junte-se à nossa missão!

Na DECO PROteste, defendemos os consumidores desde 1991. A nossa independência é a chave para garantir a qualidade da informação que disponibilizamos gratuitamente. 
 
Adira ao plano Subscritor para aceder a conteúdos exclusivos e a todos os serviços. Com o seu apoio, conseguimos continuar a disponibilizar mais conteúdos de valor.

Subscreva já e faça parte da mudança. Saber é poder!
 

 

SUBSCREVER

 

O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROTeste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições.

Temas que lhe podem interessar