Bom dia,
Não é a primeira nem a segunda vez que esta "empresa" faz perguntas ilegais após pressionar os candidatos.
O ano passado, após gastar mais de 10€ em transportes para me dirigir ao continente bom dia da maia, a mulher que me fez a entrevista, após fazer questão de me mostrar toda a lista de candidatos que iria entrevistar (sem qualquer tipo de motivo, visto que eu era a primeira candidata a ser entrevistada e a unica com o nome em questão...) procedeu a entrevista com perguntas acerca da minha morada (o que não interessava porque, como ela fez questão de me dizer, aquela entrevista era para todos os continente bom dia, não só is da maia). Obviamente que quem comete uma ilegalidade, comete duas ou três porque lhes é igual especialmente depois do que já tinha feito. Decidiu entro perguntar se tomava qualquer tipo de medicação... Não específico, só qualquer tipo. Visto que até eu sei que isso é ilegal (e não trabalho nos recursos humanos), repeti a pergunta para ter a certeza se ela estava de facto a fazer uma pergunta daquelas. Não só me respondeu de forma rude, como se eu fosse a burra naquela situação, como ainda quis saber para que era a medicação e a frequência de toma. Obviamente que já sabia que não ía ser vista como candidata... E antes que me ataquem e digam "não tinhas que dizer nada", deixe-me relembrar do 'power move' que ela propositadamente fez com a lista e deixem-me também informar-vod que estou à mais de 4 anos à procura de emprego e tenho vários anos de experiência por isso obviamente que o jogo dela resultou.
Mas claro, sendo a Sonae, não fica por aí.
Recentemente fui contratada a termo mas apenas porque tive de mentir à médica deles. Sim, à médica deles.
Não só me fizeram todo o tipo de perguntas acerca de local de habitação, família, etc durante a entrevista, seguiram-na a dizer-me que teria de ir a exames médicos para ver se era possível ser contratada.
Os primeiros exames fizeram sentido porque seria necessário ter boa audição ao trabalhar nos armazéns da Sonae da maia. O que já não fez sentido foi a obrigatoriedade (sim, obrigatório) de lhes dar todo o meu historial medico e da minha família, seguido dos meus hábitos e dependentes.
Claro que menti. Sou autista e hiperativa e já sabia que, como sempre, se dissesse a verdade nunca seria contratada.
Duas semanas mais tarde tive uma crise durante o trabalho ( mas fora das horas deste porque estava em horário de almoço). Uma colega notou e com a intenção de ajudar falou com a chefia. Eu já estava 'bem" porque já tinha tomado os meus SOS's receitados pela minha psiquiatra, mas mesmo assim obrigaram-me a ir à médica deles. Que basicamente me humilhou por eu ter mentido (como se eu sequer quisesse ter feito tal) e ainda por cima mentiu-me a dizer que nada tinha haver com o eu ser contratada ou não...
Obrigou-me a trazer um papel da minha psiquiatra para saber para o que estava a ser medicada, quais as medicações, dosagens e se estava apta para trabalhar num armazém com máquinas pequenas (apesar de saberem que conduzo e nunca ter tido um único acidente de trabalho, algo que não podem dizer dos meus colegas que nao precisam de atestados).
Até a minha psiquiatra ficou parva com o pedido porque ela segue muitas pessoas com as mesmas "aflições" e nunca tal lhes foi pedido pelas empresas.
Quando cheguei lá com o papel e finalmente consegui sair para ir trabalhar, estupidamente pedi desculpa pelas mentiras e a resposta que recebi foi "não devias porque agora dá mais trabalho" . Foi aí que mais uma vez lhe disse " mas se não o tivesse feito, não tinha emprego", ao que a médica deles me respondeu "pois, mas não estávamos agora a ter trabalho".
Ou seja, depois de me mentir e dizer que não interessava, agora já disse a verdade acerca da descriminação que têm contra pessoas que não consideram "normais".
O mesmo tipo de pessoas que tenta seguir todas as normas de segurança para depois ouvir "não faças isso que não tem nada haver contigo. O que interessam são os números não a segurança nem o trabalho bem feito".
Um dia de formação acerca de medidas de segurança, para depois não nos darem o equipamento obrigatório, nós criticarem por fazer-mos aquilo que é suposto para ser seguro para todos... Tanto eu como colegas meus já levamos em cima com caixas de paletes a serem feitas porque eles só querem rapidez. Depois fica tudo mal e só a rapidez não chega porque tem que estar perfeito. Mas não pode estar perfeito senão não fazemos número e eles querem é números para a "equipa deles não perder".
Fizeram do trabalho um jogo, por isso ninguém quer saber dos produtos, do trabalho ou da segurança dos outros. Aliás, até me atrevo a dizer que muitas pessoas lá fazem de propósito para atrasar os outros e assim conseguirem mais números.
Não há luvas, algo também obrigatório, o que significa que não só ficamos com os dedos todos queimados por causa da Tesa e a a sangrar por causa das caixas, como também estamos sempre com farpas espetadas por causa das paletes estarem todas estragadas.
Já para não mencionar os líquidos, cartão e plásticos espalhados pelo chão que, mais uma vez eles dizem ser um perigo, mas nada fazem e dizem que nada tenho haver com isso apesar de quase ter caído no lixo que deixam pelo chão.
Claro que também tem que ser mencionado as rachaduras enormes no chão que há lá, mas ninguém parece ver a não ser eu e que , mais uma vez, não tem nada haver comigo apesar de ser mais um problema de segurança (de acordo com as 6 horas de formação que nos deram acerca disso).
Para além disso as máquinas não funcionam direito, eles fazem questão de não avisar das horas de pausa e almoço porque ao que parece é suposto eu saber que horas são, apesar de ser proibido a utilização de telemóveis e não haver relógios em lado nenhum.
Ah claro, falta mencionar as paletes partidas com pregos enferrujados para ver se alguém se aleija e é culpado por isso (algo que eles adoram de constantemente fazer); e do suposto "banco de horas" que surpreendentemente (só que não) não tem as horas extras todas que tivemos que dar...
Depois claro que a maioria dos meus colegas que lá estão são estrangeiros a serem explorados, muitos sem ajudas na comunicação porque ninguém lá fala inglês ou tenta sequer; enquanto as chefias são tudo portugueses (sim , "-eses", nao "-esas", óbvio) que dizem mil e uma coisas todas a contradizerem-se e sem quererem sequer ouvir as opiniões de quem lá está a trabalhar...
Especialmente se essas opiniões vier de estrangeiros a serem abusados ou da "anormal" que vai ser despedida assim que o contrato terminar e vai ficar com mais uma mancha no sistema deles.