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Proteína em pó: teste revela bons produtos

Os concentrados de proteína prometem ganhos de força e de músculo. A DECO PROTeste analisou 31 produtos, e descobriu uma dúzia de muito boa qualidade, mas também três insatisfatórios, sobretudo devido à baixa concentração de proteína.

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28 novembro 2023
homem no ginásio a beber batido de proteína

iStock

Tomados por iniciativa própria ou por recomendação de treinadores ou nutricionistas, os preparados proteicos em pó, que alguns designam por batidos, têm vindo a conquistar espaço nas prateleiras das lojas de desporto, supermercados e ginásios, fruto do aumento do interesse dos consumidores ou funcionando como estímulo à própria procura. Para facilitar a escolha a quem opta por batidos, a DECO PROTeste analisou 21 produtos de soro de leite e 10 de origem vegetal, com base na informação da rotulagem.

Comparar resultados de concentrados de proteína em pó

Dose de proteína insuficiente em três marcas

Três dos produtos testados obtiveram nota negativa na Qualidade Global, sobretudo devido à baixa concentração de proteína. Os valores indicados variam entre 62 e 68 gramas por 100 gramas.

De acordo com a Direção-Geral da Alimentação e Veterinária, responsável pelo controlo dos alimentos e suplementos alimentares, os concentrados de proteína dirigidos a desportistas, como os analisados pela DECO PROTeste, pertencem à categoria “alimentos”, não tendo de obedecer a nenhuma lei específica. Assim, não há quaisquer obrigações, por exemplo, em relação à quantidade de proteína.

A avaliação da DECO PROTeste foi feita por especialistas, tendo em conta as necessidades dos desportistas e a quantidade de produto para as satisfazer. A análise mostra que é mais difícil encontrar um produto vegetal com elevada concentração de proteína do que um de soro de leite. Sem surpresa, os produtos de soro de leite, no geral, obtiveram melhores resultados do que os vegetais, à base de arroz, ervilha e soja, por exemplo. No grupo dos soros de leite, oito concentrados obtiveram cinco estrelas, por conterem mais de 83% de proteína. No segundo grupo, de proteína vegetal, nenhum arrecadou a classificação máxima, e apenas um apresentou um bom teor daquele nutriente (80 por cento).

Os últimos lugares da avaliação são ocupados por vegetarianos, com menos de 70 gramas de proteína por 100 gramas de pó. Não significa, contudo, que todos os concentrados de origem animal sejam melhores do que os vegetarianos. Há diferenças significativas entre produtos, em grande parte, devido ao método de fabrico: o isolado de soro de leite mantém maior riqueza proteica do que o concentrado.

Também foram avaliados os teores em ácidos gordos saturados (componentes das gorduras mais nocivas para a saúde), açúcar e sal. Este último exige atenção: duas amostras de soro de leite e seis de proteína vegetal apresentavam níveis elevados: mais de 1,5 gramas por 100 gramas. Apesar de útil para repor perdas ocorridas durante o treino, o sal, se consumido em excesso, aumenta o risco de problemas cardiovasculares.

Em média, os soros de leite são 9 euros mais caros por quilo, e não podem ser usados por quem tem alergia à proteína do leite. Quer opte por animal ou vegetal, as Escolhas Acertadas permitem poupar cerca de 20 euros face ao produto mais caro do teste, em ambas as categorias.

Por serem considerados alimentos, os concentrados de proteína apenas têm de respeitar a lei geral da rotulagem. Todos os fazem. Alguns, mais briosos, vão além do obrigatório, indicando, por exemplo, o modo de usar e a composição das proteínas (aminograma). Esta informação é importante na hora da escolha, porque há aminoácidos, como a leucina, mais “eficazes” do que outros.

Concentrados de proteína são mesmo necessários?

A necessidade é relativa, já que as proteínas fazem parte da composição dos alimentos, e uma dieta saudável e equilibrada fornece a quantidade necessária para o bom funcionamento do organismo – 0,8 gramas por quilo de peso corporal. A carne, o peixe, os ovos e os laticínios são particularmente ricos neste nutriente. Do lado dos vegetais, a soja, as leguminosas e os frutos secos, por exemplo, também são bons fornecedores de proteínas, embora de qualidade inferior às de origem animal, porque, ao contrário destas, não incluem todos os aminoácidos ditos essenciais.

A principal função da proteína é construir e reparar músculos. Nas situações em que estes são mais solicitados e desgastados, como durante a prática desportiva, é necessária maior quantidade de proteína. É aqui que os produtos concentrados (dissolvidos em água, principalmente) podem entrar em ação, sendo particularmente úteis no caso dos desportistas que fazem exercício de força com a intenção de desenvolverem os músculos. A ciência tem mostrado que a ingestão de uma quantidade adequada de proteína após um esforço físico intenso contribui para aumentar a massa muscular e a força, dado que ajuda a reparar e substituir as células danificadas nos músculos, ossos, tendões e ligamentos.

Não há recomendações oficiais sobre a quantidade a ingerir, até porque depende dos objetivos do consumidor e do seu metabolismo, mas os nutricionistas, normalmente, recomendam entre 1,6 e 2,4 gramas diários por quilo de peso. Ou seja, 112 a 168 gramas para uma pessoa com 70 quilos. É possível obtê-lo, claro, comendo, por exemplo, 100 a 120 gramas de carne ou peixe por refeição, ou quatro ovos inteiros. Mas estes alimentos podem não ser muito apetecíveis e práticos de ingerir na meia hora que se segue ao treino, quando a necessidade de proteína é maior.

Há contraindicações nos concentrados de proteína?

Os concentrados devem ser usados, de preferência, com o acompanhamento de um nutricionista, para assegurar a ingestão de quantidades diárias adequadas à idade, ao peso e às necessidades específicas da pessoa. Por precaução, grávidas e lactantes devem evitá-los, até porque são desnecessários, se a alimentação for saudável e equilibrada. Também não são recomendados para quem segue uma dieta hipoproteica, como alguns doentes renais. Os concentrados de soro de leite são contraindicados para pessoas alérgicas à proteína do leite de vaca. Quem quiser tomar este alimento deve falar primeiro com o médico.

Como escolher um produto de proteína em pó?

Deve ter, pelo menos, 75% de proteína e a menor quantidade possível de edulcorantes – a stevia e os glucosídeos de steviol são os menos problemáticos. O ideal seria incluir também 10 gramas de leucina – componente da proteína – por 100 gramas de produto. Mas a maioria dos rótulos não disponibiliza a composição das proteínas, o que dificulta a escolha.

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