Sai um robalo para a impressora 5

Publicado a 04 setembro 2025
cláudia maia
Cláudia Maia Diretora de Publicações

A "carne cultivada", produzida a partir de células animais em ambiente controlado, promete revolucionar a forma como nos alimentamos. Será uma solução real ou mais um produto para nichos? 

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Cláudia Maia Diretora de Publicações
Victor Machado Posta de robalo em 3d a ser produzida em laboratório
Seja um hambúrguer cultivado em Maastricht, uma salsicha de Amesterdão ou um filete de robalo impresso em Lisboa, o futuro dos alimentos não será apenas decidido nos laboratórios. Será decidido no prato e na consciência de cada um.

O que colocamos no prato já não é apenas uma questão de gosto. É cada vez mais uma decisão com impacto no ambiente, na saúde pública, no bem-estar animal e, claro, no orçamento familiar. Neste contexto, um novo protagonista senta-se à mesa do debate: a "carne cultivada". Produzida a partir de células animais em ambiente controlado, esta tecnologia promete revolucionar a forma como nos alimentamos, reduzindo drasticamente o  impacto ambiental e o abate de animais. Mas a pergunta que se segue é inevitável: será uma solução real ou mais um produto para nichos?

Nos Países Baixos, a resposta começa a ser cozinhada... literalmente. Desde 2023, o país permite, sob regras rigorosas, degustações de carne e de marisco cultivados, antes da aprovação formal pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA). Empresas como a Mosa Meat e a Meatable já testaram hambúrgueres e salsichas perante provadores especializados, recolhendo dados sobre sabor, textura e aceitação pública. É uma espécie de laboratório para uma tecnologia que, diz-se, pode reduzir até 92% das emissões de gases com efeito de estufa e consumir muito menos água e terra do que a carne convencional.

Portugal também já tem algo a dizer neste campo. No Instituto Superior Técnico, por exemplo, já se imprime robalo e cavala, que em breve serão provados por especialistas do Instituto de Investigação das Pescas e do Mar. É mais uma aposta que nos coloca no mapa da inovação alimentar e oferece alternativas à pesca intensiva e às importações que dependem de cadeias logísticas frágeis – embora não dispense cautela e vigilância a longo prazo.

Entre a inovação e a prudência, o papel do Estado será decisivo. É preciso apoiar a  investigação, garantindo ao mesmo tempo regras claras, rotulagem rigorosa e informação acessível para que o consumidor possa decidir com conhecimento de causa. No fim, seja um hambúrguer cultivado em Maastricht, uma salsicha de Amesterdão ou um filete de robalo impresso em Lisboa, o futuro dos alimentos não será apenas decidido nos laboratórios. Será decidido no prato e na consciência de cada um. 

Sabia que...?

No Instituto Superior Técnico, por exemplo, já se imprime robalo e cavala,  que em breve serão provados por especialistas do Instituto de Investigação das Pescas e do Mar.

 

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