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O que se passa com os juros e a inflação? Ajudamos a perceber

A inflação continua a subir, e o BCE aumenta novamente a taxa de juro. O que vai acontecer ao seu dinheiro? As notícias não são boas, mas ajudamos a entender o que se passa.

12 setembro 2022
Subida da inflação

iStock

Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), anunciou, a 8 de setembro, mais uma subida de 0,75% para a taxa de juro de refinanciamento. Foi o segundo aumento em menos de dois meses, após um longo período de taxas de juro a 0%, que ajudavam os consumidores a conseguir prestações mais baixas nos seus contratos de crédito. Esclarecemos o que está em causa e que implicações tem na sua carteira.

O BCE voltou a subir a taxa de juro de refinanciamento para 1,25%. O que significa isso?

Significa que o BCE vai cobrar mais caro pelo dinheiro que vai emprestar aos bancos de cada país. Até 21 de julho, essa taxa de juro estava fixada em 0%, mas sobe agora para 1,25%. Ou seja, o dinheiro vai chegar mais caro aos bancos, que, por consequência, também vão cobrar mais por emprestá-lo aos seus clientes.

O que justifica esta decisão?

Esta decisão procura responder à subida da inflação, que tem vindo a evidenciar-se nos últimos meses. Em julho, a taxa de inflação na zona euro chegou aos 8,9% e em Portugal atingiu os 9,4 por cento. Isso acontecia, entre outras razões, porque a oferta não conseguia responder ao elevado nível de procura de bens e serviços. Ora, ao aumentar o preço do dinheiro, o BCE impõe um travão indireto ao consumo.

No entanto, o atual aumento da inflação também está relacionado com uma crise energética sem precedentes e com dificuldades nas cadeias de produção e de distribuição, que não estão a ser “tratadas” com esta decisão.

A guerra na Ucrânia tem alguma influência neste cenário?

Sim, veio agudizar ainda mais as dificuldades sentidas. O ano 2022 já tinha começado com uma subida do consumo, que dificilmente conseguia ser acompanhado pela oferta. Mas a guerra na Ucrânia trouxe novos problemas, como a quebra na distribuição de cereais provenientes daquele país, mas também a implementação de vários pacotes de sanções à Rússia, que prejudicaram o acesso dos países europeus a várias matérias-primas.

Para os consumidores, o custo do crédito vai ficar mais caro?

Sim, sem dúvida. Os bancos vão pagar mais pelo dinheiro que pedem emprestado e, naturalmente, também vão cobrar mais pelo dinheiro que emprestam. Quem contratou um empréstimo com taxa variável, indexada à Euribor, deverá ver a sua prestação subir já na próxima revisão.

Quem vai contratar o seu empréstimo agora deve optar pela taxa fixa?

Não há uma resposta óbvia para esta questão e, em alguns casos, até pode ser conveniente optar por uma taxa mista, que combina uma taxa fixa nos primeiros anos e uma taxa variável posteriormente. Alguns bancos já estão a oferecer boas propostas de crédito com taxa mista.

Ainda assim, para já, não é óbvio que a taxa fixa seja uma melhor opção face à taxa variável, até porque ambas devem acompanhar este movimento ascendente.

Esta subida dos juros será uma “dor” temporária?

Não. É inevitável que os juros continuem a subir mais. Aliás, o BCE já antecipou a possibilidade de voltar a subir a taxa de juro nos próximos meses. É muito provável que, no final de 2022, a taxa de juro já esteja próxima de 2 por cento. Daí que sempre tenhamos alertado os consumidores para simularem cenários de subida de 1% e de 2% quando ponderavam contratações de créditos.

Os depósitos bancários vão passar a render mais?

Teoricamente, sim, mas não é garantido que tal aconteça. É possível que os bancos aproveitem para redesenhar os seus produtos e os seus tarifários, melhorando as suas margens de lucro. É plausível que venhamos a assistir a uma subida dos rendimentos dos depósitos, mas nunca na mesma intensidade com que sobe o custo do crédito.

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