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- Coinbase, popular site de troca de criptomoedas, entra em bolsa

André
Gouveia, CFA
Analista financeiro independente, certificado pelo CFA Institute e registado na CMVM.
Mestre em Finanças pelo ISEG.
Coinbase, popular site de troca de criptomoedas, entra em bolsa
Há um ano - 15 de abril de 2021
André
Gouveia, CFA
Analista financeiro independente, certificado pelo CFA Institute e registado na CMVM.
Mestre em Finanças pelo ISEG.

A Coinbase é agora uma ação normal que pode ser adquirida através de uma corretora, como as outras ações do Nasdaq.
A norte-americana Coinbase, a mais conhecida e popular “bolsa” de criptomoedas, começou ontem a negociar no Nasdaq. Esta plataforma é uma referência para quem quer investir em criptomoedas: permite comprar e vender de forma simples as principais moedas virtuais, como a bitcoin.
A Coinbase (Nasdaq, ISIN US19260Q1076) não lançou uma oferta pública (IPO, na gíria de Wall Street), mas optou por uma via mais rara: a listagem direta. Em vez de emitir novas ações e contratar bancos de investimento para tratar da valorização e colocação dos títulos, os acionistas vão simplesmente vender algumas das suas ações no mercado, neste caso o Nasdaq, onde qualquer investidor pode agora comprar os títulos. Portanto, a Coinbase é agora uma ação normal que pode ser adquirida através de uma corretora, como as outras ações do Nasdaq.
Não havendo IPO, não havia um preço de colocação, mas foi indicado um preço meramente de referência pelo Nasdaq de 250 dólares, o que valorizaria a empresa em cerca de 65 mil milhões de dólares. Mas a expectativa era que fosse rapidamente ultrapassado.
Essa expectativa confirmou-se. A ação começou a transacionar cerca das 18h25 (hora de Lisboa), a 381 dólares por ação, valor que colocou a empresa muito perto dos 100 mil milhões de dólares e entre as 100 empresas cotadas mais valiosas do mercado americano. A ação chegou a atingir os 429,54 dólares durante a sessão, mas acabou por fechar abaixo do preço inicial, nos 326,28 dólares.
Investir na Coinbase?
O negócio da Coinbase está intimamente ligado ao sucesso das criptomoedas, e é tão volátil como aquelas. Por exemplo, a empresa adiantou dados do 1.º trimestre, incluindo 1,8 mil milhões de dólares em receitas, um aumento enorme que está associado ao recente disparo no valor das criptomoedas, pois no primeiro trimestre de 2020 as receitas foram apenas 11% daquele valor.
Naturalmente, as comissões pelas transações de criptomoedas (sobretudo Bitcoin e Ethereum) representam a quase totalidade das receitas.
Temos advertido em relação ao investimento em bitcoins. No caso da Coinbase, pelo menos a curto e médio prazo, o sucesso depende da continuação do entusiasmo em torno da Bitcoin e as cripto em geral.
Mas mesmo supondo esse cenário, a Coinbase tem uma série de riscos adicionais, onde se destacam a concorrência (incluindo outras bolsas cripto, mas também corretoras como a Robinhood e agora até empresas de pagamentos como a Revolut), o risco de hacks (que conseguiu evitar até agora), e até a própria natureza descentralizada das criptomoedas: a Coinbase é o primeiro sítio que as pessoas encontram para comprar e guardar criptomoedas sem terem de perceber do assunto, mas em última análise não é preciso ter conta nestes sites para guardar e enviar criptomoedas.
Por outras palavras, o sucesso da Coinbase precisa do sucesso da Bitcoin e semelhantes, mas o sucesso das criptomoedas não garante o sucesso da Coinbase. Para o interessado em especular na área, deter diretamente as criptomoedas parece fazer mais sentido do que comprar ações da Coinbase, sobretudo após esta valorização inicial. Não compre.
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