Criptomoedas em queda: oportunidade ou risco?
Evitar decisões impulsivas e manter a visão de longo prazo é importante num cenário mais volátil
Evitar decisões impulsivas e manter a visão de longo prazo é importante num cenário mais volátil
Neste cenário volátil, torna-se visível a importância de adotar uma estratégia disciplinada, capaz de filtrar o ruído (num mercado já muito barulhento), evitar decisões impulsivas e manter o foco numa visão de longo prazo.
Uma abordagem ponderada, assente em método, análise estatística e gestão de risco, pode transformar períodos de turbulência em momentos de construção de valor. Contudo, convém ter sempre atenção nos principais eventos que podem impactar agressivamente este mercado.
Se quer investir em criptomoedas através de ETF, perceba mais sobre as atuais correlações existentes entre o mercado de ações, de criptomoedas e de ETF de criptomoedas.
O chamado índice de medo — tanto no mercado de ações quanto no de criptomoedas — é uma medida criada para tentar representar o sentimento dominante dos investidores em determinado momento.
A lógica por trás desses índices é simples: quando há muito medo, os investidores tendem a vender, os preços caem e o risco percebido aumenta; quando há ganância ou confiança excessiva, os investidores compram mais, elevam preços e podem gerar bolhas.
Cada mercado tem suas próprias formas de medir esse sentimento, mas todos combinam diferentes indicadores de volatilidade, procura por ativos de risco, volume de negociação e outros sinais comportamentais.
No mercado de criptomoedas, o índice equivalente mais conhecido é o Crypto Fear & Greed Index. Este indicador combina diversos dados: volatilidade e quedas bruscas de preço (que indicam medo), volume e impulso do mercado (que sugerem otimismo), análise de redes sociais, tendências de busca, entre outros.
0 a 24 – Medo extremo
25 a 49 – Medo
50 - Neutro
51 a 74 – Ganância
75 a 100 – Ganância extrema
Todos esses componentes são normalizados e misturados para gerar um número de 0 a 100: valores baixos significam medo extremo, valores altos significam ganância.
Ainda que não seja tão matematicamente rigoroso quanto o VIX, ele captura o comportamento emocional típico do mercado cripto, que costuma ser volátil e altamente sensível a notícias.
Nas últimas semanas, o mercado cripto sofreu uma descida acentuada forte. A Bitcoin caiu para valores abaixo de 81 000 dólares — algo que não acontecia desde abril.
Além disso, o sentimento do mercado cripto está em “medo extremo”- o mesmo chegou a valores de 10- refletindo preocupações macroeconómicas e realização de lucros.
Pois com quebra após quebra de níveis de procura anteriores, aumenta o medo de a cotação chegar a níveis de abril, que rondaram os 75 000 dólares (mínimo: 74 436 dólares).
Se este bear market em curto termo continuar no mercado cripto, é possível que o preço por bitcoin volte a esses níveis, Dependendo da reação dos especuladores, este ativo, ou irá suster o seu preço nesses níveis ou romper essa zona de procura e aproximar-se de novo a níveis pré-eleições americanas.
Desde 6 de outubro, a Bitcoin (BTC) já desceu de 126 271 dólares para cerca de 80 700 dólares, representando uma queda de 36%. A Ethereum (ETH) que teve o seu máximo a 4956 dólares dia 24 de agosto, desde então caiu 47% para 2624 dólares.
No que toca à ripple (XRP), a queda foi ainda mais expressiva tendo apagado parte dos incríveis ganhos de mais de 300% que já vinha acumulando desde o último ano. O máximo deste ano da ripple foi a 3,66 dólares a 18 de julho de 2025, e desde então a cotação já caiu 50,3%, estando agora em torno dos 2 dólares.
A queda acentuada do mercado de criptomoedas para alguns especuladores está a ser vista como motivo para pânico.
Contudo, para quem especula de uma forma mais estruturada — como retirar lucros parciais em fases de alta, e reinvestir gradualmente com DCA (Dollar-Cost Averaging) – pode ser visto como uma boa oportunidade para continuar a comprar nos mesmos montantes fixos predeterminados. Ou até, para os mais amantes de risco, reforçar em maior quantidade nestas alturas também interpretadas como períodos de possíveis “saldos”.
Se é um investidor em criptomoedas e/ou um trader, é muito importante ir também acompanhando os volumes de compras e volumes de venda nas criptomoedas.
Estes mostram onde os especuladores estão a concentrar as suas operações e podem indicar níveis de procura (suporte) e oferta (resistência), além de ajudar a identificar possíveis movimentos de alta ou baixa no mercado.
A eleição de Trump trouxe consigo expectativas de políticas económicas mais agressivas no estímulo ao crescimento. E com o Genius Bill, uma maior abertura à inovação tecnológica e, uma postura mais favorável em relação ao setor cripto.
Esse otimismo alimentou um fluxo de capital que ajudou a impulsionar o mercado nas semanas subsequentes. A perceção de maturidade crescente do ecossistema de criptoativos e a maior liquidez atraíram tanto investidores institucionais como de retalho.
Estas mudanças permitiram também que grandes players dentro dos mercados financeiros, como SWIFT, JPMorgan e Nasdaq, começassem a implementar projetos baseados em blockchain, explorando desde soluções de liquidação mais rápida e segura de transações até novos produtos financeiros digitais.
No entanto, à medida que a realidade política pós-eleitoral se instalou — marcada por incerteza regulatória, tensões institucionais e dúvidas sobre a capacidade de execução das novas políticas assim como a possibilidade de novos cortes nos juros — parte desse entusiasmo começou a dissipar-se.
Vários fatores ajudam a explicar esta correção:
- Realização de lucros após várias semanas de valorização contínua.
- Dados macroeconómicos mistos, que reforçam a incerteza sobre cortes nas taxas de juro.
- Movimentações de grandes carteiras (“whales”), que aceleraram a pressão vendedora.
- Correções técnicas naturais, depois de o mercado ter ficado sobrecomprado em vários indicadores (RSI, MACD).
Índice do medo a níveis de medo extremo – como as criptomoedas não têm valor intrínseco contabilístico, dependem em grande parte de finanças comportamentais, procura e oferta e especulação.
Com estas descidas no mercado de criptomoedas, os amantes de risco e criptoentusiastas levam estes momentos como oportunidades de comprar a níveis considerados baratos.
As criptomoedas não têm um valor intrínseco próprio. Mas, é de reconsiderar certas questões quando inclusive Larry Fink, CEO da maior gestora de fundos do mundo, Blackrock, afirmou, ainda no passado mês, que as criptomoedas têm um papel a desempenhar nos mercados tal e qual o ouro.
Contudo, na DECO PROteste já mencionámos mais do que uma vez que as criptomoedas não devem ser equiparadas ao ouro, porque não têm condições para serem classificadas como um ativo de refúgio nem uma reserva de valor.
O racional que muitos destes especuladores segue é que estas quedas fazem parte dos ciclos da Bitcoin, e também das influências causadas pelas narrativas correntes sobre o mercado.
Parte das pessoas que investe em criptomoedas perceciona que o mercado vai voltar a valorizar a médio longo prazo, muitas delas sem precisar de dar sequer qualquer tipo de justificação em termos fundamentais ou técnicos.
À semelhança do que aconteceu com a Gamestop, às vezes, basta acreditar e através de aumentos de volumes de compra o preço do ativo vai subindo. No entanto, por vezes estes investidores não se lembram que o contrário também pode acontecer e as quedas podem prosseguir...
A DECO PROteste Investe não aconselha o investimento em criptomoedas mas, se mesmo assim quiser especular e aceitar correr um risco muito elevado, sugerimos que não invista mais do que 5% da sua carteira, e veja os nossos conselhos para a Bitcoin, Ethereum e Ripple.
Será crucial observar os próximos sinais macroeconómicos para avaliar se estas retiradas marcam o início de uma nova fase de retração (bear market) ou apenas uma pausa para reajuste.
Para investidores individuais, técnicas de repartição de investimentos como DCA (Dollar-Cost Averaging) podem ser úteis para entrar de forma gradual em posições de longo prazo, evitando o risco de comprar em picos de valorização ou reagir de forma impulsiva às quedas. Além disso, é recomendável evitar especulações de curto prazo, mantendo disciplina e foco no horizonte de investimento.