Contexto
Na segunda-feira, dia 1 de setembro de 2025, a criptomoeda WLFI, lançada pelo projeto World Liberty Financial (WLF) — com o apoio público de Donald Trump — fez a sua estreia nas principais plataformas de negociação, como a Binance, a OKX, a Bybit e outras.
Criada originalmente como token de governação, o WLFI pretende permitir aos seus detentores votar em decisões relacionadas com o protocolo.
Tokenomics e oferta inicial
O lançamento envolveu a disponibilização de aproximadamente 24,6 mil milhões de tokens WLFI, distribuídos da seguinte forma: 10 mil milhões para a WLF Inc., 7,78 mil milhões para a Alt5 Sigma, 2,88 mil milhões destinados à liquidez e marketing, e pouco mais de 4 mil milhões disponibilizados ao público — representando inicialmente 20% das participações.
Capitalização e reação inicial
O token entrou no mercado com uma capitalização estimada entre 6 e 7 mil milhões de dólares, o que deu ao token uma capitalização bolsista total ligeiramente abaixo dos 7 mil milhões de dólares, tornando o WLFI o 31.º maior token de criptomoeda em circulação.
A World Liberty afirmou que os primeiros investidores podem vender até 20% das suas participações. Os tokens começaram por ser negociados acima dos 0,30 dólares na sua estreia de segunda-feira, mas mais tarde sofreram uma desvalorização de cerca de 30%, para 0,21 dólares.
Várias das maiores bolsas de criptomoedas do mundo, incluindo a Binance, a OKX e a Bybit, estão a disponibilizar estes tokens nas suas plataformas.
Envolvimento da família Trump
A controversa transação entre Alt5 Sigma e WLFI ocorre logo após a Crypto Week, mas serve como alerta: sem regras robustas e fiscalização, o setor de ativos digitais pode continuar vulnerável a operações que misturam poder político, concentração de tokens e conflitos de interesse, exatamente o tipo de risco que os projetos da semana de julho tentavam evitar.
A família Trump detém uma participação significativa em tokens: cerca de 15,75 mil milhões permanecem nas mãos de Donald Trump, com um valor estimado em 3,6 mil milhões de dólares, tendo em conta os preços iniciais. No total, a posição acumulada aproxima-se dos 6 mil milhões de dólares. Saiba quais as criptomoedas com apoio de Trump.
O lançamento incluiu ainda operações controversas — nomeadamente uma compra de tokens pela própria Alt5 (empresa ligada à WLF), através da qual foram levantados 750 milhões de dólares. Esta operação gerou acusações de self-dealing (auto-negociação).
Várias figuras políticas, como as senadoras Elizabeth Warren e Maxine Waters, salientaram potenciais conflitos de interesse, dado o papel de Donald Trump como presidente num contexto regulatório, aumentando assim os riscos de favorecimento.
Ambição da plataforma DeFi
A World Liberty Financial apresenta-se como uma ponte entre as finanças tradicionais (TradFi) e descentralizadas (DeFi), com o WLFI a desempenhar a função de token de governação. A plataforma promete oferecer funcionalidades como empréstimos, monitorização de riscos e participação comunitária através de mecanismos de votação.
Oportunidades, riscos e expetativas futuras
Especulação alimentada pela marca Trump: o token ganhou notoriedade imediata, impulsionado pela visibilidade política e pelas promessas de governação descentralizada.
Volatilidade extrema: oscilações rápidas de preço são esperadas num ativo novo com grande exposição mediática.
Conflitos de interesse e regulação: a sobreposição entre funções políticas e interesses financeiros privados levanta sérias questões éticas e legais.
Estratégia de desbloqueio gradual: a libertação de tokens está sujeita à governação comunitária, o que poderá ampliar a volatilidade à medida que mais unidades forem colocadas em circulação.
Foco na governação comunitária: o WLFI foi concebido como token com utilidade real dentro da plataforma, distinguindo-se de memecoins puramente especulativas.
Conclusão
O lançamento do WLFI ficou marcado por uma visibilidade mediática sem precedentes, uma valorização inicial significativa e uma onda de controvérsia. A criptomoeda começou por ser apresentada como um ativo de governação com potencial de utilidade prática, mas as ligações profundas à família Trump aumentaram o escrutínio público e as preocupações quanto a possíveis conflitos de interesse.
Embora represente uma aposta ousada na governação descentralizada do sistema financeiro, os riscos regulatórios, operacionais e reputacionais são evidentes. A evolução futura do WLFI será um teste crucial à fronteira entre poder político e especulação financeira, num momento em que as criptomoedas se cruzam cada vez mais com as estruturas tradicionais de poder.
Segundo cálculos da Reuters baseados nos termos e condições da empresa, em transações monitorizadas por firmas de análise de criptomoedas e em negócios divulgados publicamente, desde o lançamento da World Liberty no ano passado, a família Trump já arrecadou cerca de 500 milhões de dólares com o projeto.
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