Análise

Quais os ETF que beneficiaram com Trump?

Publicado em:  05 junho 2025
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Descubra os ETF com maiores valorizações desde o regresso de Trump à Casa Branca. E em que consiste o “TACO”? 

Desde o regresso de Donald Trump à Casa Branca, o ouro, a banca europeia, o setor da Defesa e alguns países emergentes estiveram em destaque. Contudo, nem todos estes bons desempenhos resultaram diretamente das políticas de Washington.

Destaques na era Trump 2.0. 

– O ouro continua na moda e está a ser um claro vencedor em 2025. O fundo Franklin Gold and Precious Metals (LU0496369389) que investe em empresas do setor aurífero e similares ganhou 47,6% em cinco meses. O metal dourado valorizou apenas 26% (em dólares), mas as ações do setor têm tipicamente oscilações maiores do que a matéria-prima (subidas e descidas).

Para ter exposição ao ouro prefira produtos como o Xetra-Gold (DE000A0S9GB0) cuja carteira é constituída por barras de ouro. 

– As ações europeias estão, de forma algo surpreendente, a ter um desempenho invejável. O destaque vai sobretudo para a banca, que aos bons resultados da margem financeira também acrescentaram os lucros com a volatilidade recente dos mercados. O ETF Invesco EURO STOXX Optimised Banks (IE00B3Q19T94) regista +42% desde o início do ano. 

– A retórica militar no Ocidente continua a impulsionar as ações da Defesa. O Reino Unido foi o mais recente país a anunciar um reforço nos gastos militares. O ETF VanEck Defense (IE000YYE6WK5) avança 35,3% em cinco meses e permanece um investimento atrativo.

O risco geopolítico está em alta e não se vislumbram fatores que possam vir a alterar esta tendência. Mesmo uma eventual trégua na Ucrânia não será significativa para mudar a nova perceção da Defesa na Europa. 

– Outras bolsas europeias estão a conseguir resultados igualmente assinaláveis. Dedicado à bolsa de Varsóvia, o ETF iShares MSCI Poland (IE00B4M7GH52) acumula uma valorização de 27,1%. Na Península Ibérica, os mercados estiveram igualmente em forte alta. Dedicado às ações espanholas, o ETF Xtrackers Spain (LU0592216393) ganhou 2,7%, enquanto por cá, o fundo IMGA Ações Portugal R (PTIG1DHM0003) acumula um ganho de 19,6% em 2025. 

A Polónia, como mercado emergente, continua a ser uma aposta interessante para investir via ETF. Pelo contrário, as ações ibéricas só são recomendadas no âmbito do investimento direto em ações de empresas específicas. 

- Por fim, destaque ainda para as ações brasileiras e o fundo DWS Invest BrazilianEquities (LU0616857313) com uma valorização acumulada de 20,4% em 2025.

Apesar dos problemas orçamentais do Governo de Lula, a economia do Brasil está a crescer e o banco central mantém uma política credível que permite sustentar o valor do real no mercado cambial.

No âmbito de uma carteira com perfil de risco mais agressivo pode incluir até 5% de ações brasileiras. O ETF Franklin FTSE Brazil (IE00BHZRQY00) é atualmente o produto mais bem avaliado na categoria. 

Recuperação generalizada em maio 

Os ETF que referimos tiveram um bom desempenho desde o início de 2025, mas no mês passado, quase todos os mercados recuperaram. 

A suspensão da maioria das tarifas alfandegárias devolveu alento às bolsas. Porém, o desempenho nos próximos meses está igualmente nas mãos do Presidente Trump e das suas decisões comerciais. 

Até agora, os investidores têm apostado no TACO (Trump always chickens out), ou seja, o Presidente recua sempre perante uma reação negativa dos mercados. Com efeito, esse fenómeno tem-se verificado com o anúncio de elevadas tarifas alfandegárias e a sua posterior suspensão.

Resta saber se o Presidente dos EUA manterá esse padrão quando terminar o prazo de suspensão relativo à maioria das tarifas, em meados de julho. Mais do que “acobardar-se” perante os mercados, Donald Trump já provou ser imprevisível. 

Tarifas em pausa, mercados em alta 

Os mercados globais ganharam cerca de 6% no mês passado, como por exemplo, o ETF iShares Core MSCI World (IE00B4L5Y983) que registou uma valorização mensal de 6,1%.

O movimento foi relativamente idêntico dos dois lados do Atlântico. Dedicado às ações norte-americanas, o ETF UBS S&P 500 Scored & Screened (IE00BHXMHL11) ganhou 5,8% em maio.

Na zona euro, o iShares Core EURO STOXX 50 (IE00B53L3W79) valorizou 5,4%. Porém, no acumulado do ano 2025, as ações europeias estão a ter um desempenho bastante superior.

No caso destes dois ETF, o resultado é de -9,9% e 12,8%, respetivamente. Apesar de estar mais vulnerável a uma guerra comercial, a Europa beneficiou com a intenção da Alemanha em aumentar acentuadamente os investimentos na Defesa e nas infraestruturas, rompendo a rigidez orçamental das últimas décadas.

Por seu turno, a performance das ações norte-americanas tem sido penalizada pela forte depreciação do dólar face ao euro. 

Emergentes também avançam 

Entre os ETF dedicados às ações emergentes, o mês de maio foi também muito positivo. A categoria “emergentes globais” obteve uma progressão média de 5%. Nos mercados individuais, o destaque foi para as bolsas de Seul e Jacarta.

O fundo JPM Korea Equity D (LU0301638341) ganhou 10,2% e o ETF Amundi MSCI Indonesia (LU1900065811) avançou 9,7%. A Coreia do Sul elegeu um novo presidente, pondo fim a um período de grande instabilidade política. Contudo, os desafios causados pelas tarifas dos EUA permanecem elevados para uma economia exportadora: não recomendamos a aposta na bolsa de Seul. 

Na Europa, o ETF iShares MSCI Poland (IE00B4M7GH52) valorizou 4,6% e acumula um ganho de 30% em 2025. Com efeito, a economia polaca tem apresentado um excelente dinamismo e está na linha da frente para beneficiar com uma futura reconstrução da Ucrânia. No entanto, já no início de junho, o resultado das eleições presidenciais trouxe incerteza política e a bolsa de Varsóvia perdeu terreno. 

Voltando a maio, mesmo as ações chinesas avançaram e o ETF Xtrackers CSI300 Swap (LU0779800910) obteve uma valorização mensal de 3,4%. Recorde-se que a China é o país que está mais na mira da administração Trump, em termos comerciais e geopolíticos. Ambos os países aceitaram fazer uma pausa do nível de tarifas proibitivas, mas não há nenhum acordo efetivo. 

Os mercados de ações da Polónia, China e Indonésia permanecem atrativos para incluir na carteira, mas o seu peso individual não deve exceder os 5%. No total, e numa carteira de investimento com perfil mais dinâmico, a percentagem dos ETF dedicados aos mercados de ações emergentes poderá ir, no máximo, até 30%. 

ETF de obrigações divergem 

Nas categorias de obrigações, maio foi igualmente mais favorável. Na dívida em euro, os ganhos prosseguem graças à diminuição das taxas de juro de longo prazo. 

No segmento da dívida soberana, o ETF Xtrackers II iBoxx Eurozone Government Bond Yield Plus (LU0524480265) ganhou 0,3%. Apostando em obrigações de maior risco/rendimento, o ETF Xtrackers II EUR High Yield Corporate Bond (LU1109943388) avançou 1,2% em maio.

Estes ETF de obrigações denominadas em euros permanecem um complemento interessante para a carteira, sobretudo para atenuar o risco. 

Nas obrigações em dólar americano, o panorama continua menos favorável. A moeda norte-americana estabilizou no mês passado, mas as taxas de juro subiram, o que penaliza o valor das obrigações. Esta subida dos juros de longo prazo deve-se aos receios em torno das medidas orçamentais desejadas por Trump.

Os cortes de impostos previstos na “Big Beautiful Bill” não são suficientemente compensados pela redução das despesas e vão contribuir para um maior desequilíbrio das contas públicas e o consequente aumento da dívida dos EUA. Assim, o ETF iShares USD Treasury Bond 7-10 year (IE00B3VWN518) acabou por perder 1,3% no mês passado. 

A restante dívida em dólares esteve bem melhor, pois não é impactada diretamente pelos problemas do endividamento público. As taxas de juro da dívida privada recuaram no mês passado, bem como o respetivo spread face aos Treasuries. O ETF Vanguard USD Corporate Bond (IE00BGYWFK87) conseguiu +0,1% e o ETF PIMCO US Short Term High Yield Corporate Bond (IE00BVZ6SQ11) ganhou 1,9%. 

Apesar do período recente ter sido marcado por resultados mais fracos, a dívida em USD continua a ser uma opção incontornável numa carteira diversificada. 

 

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