Vale a pena investir em ETF de empresas com programas de buybacks?

Os programas de compra de ações próprias atingiram número recorde em julho
Os programas de compra de ações próprias atingiram número recorde em julho
As razões pelas quais uma empresa decide avançar com um programa de compra de ações próprias (buyback) são inúmeras:
- Subavaliação da ação: as empresas podem comprar as próprias ações quando consideram que o valor de mercado é inferior ao seu valor intrínseco;
- Tranquilizar os investidores quanto à solidez da empresa e comunicar informações credíveis positivas sobre os lucros futuros;
- Melhorar a liquidez das ações, reduzir a volatilidade e estabilizar a cotação, com efeitos benéficos para os investidores;
- Empresas com excesso de liquidez evitam acumular capital improdutivo ou investi-lo em projetos de baixo rentabilidade. É uma utilização mais eficiente da liquidez;
- São preferidos aos dividendos porque oferecem maior flexibilidade: podem ser reduzidos ou suspensos sem o sinal negativo que resultaria da diminuição de dividendos. Também têm vantagens fiscais em relação aos dividendos;
- Por fim, ao reduzir o número de ações em circulação, aumenta-se o lucro por ação, o que pode melhorar a avaliação de mercado da empresa,
Se estes pontos representam vantagens para a empresa e para os investidores, há também críticas a considerar:
- Buybacks podem gerar distorções e ser usados para manipular cotações, sobretudo quando a administração tem incentivos ligados a opções sobre ações;
- Criar a ilusão de robustez, fazendo parecer que a performance da ação melhorou no curto prazo sem mudanças nos fundamentais;
- Impacto negativo a prazo: se as empresas canalizam demasiada liquidez para comprar ações em vez de apostarem na investigação, desenvolvimento e crescimento, comprometem a sua competitividade a longo prazo.
Mas olhando para os resultados, que conclusões retirar?
Existem estudos que apontam para que os buybacks estão associados a rendimentos positivos tanto a curto como a longo prazo e não destroem valor para os acionistas.
Contudo, os efeitos não são iguais para todas as empresas. Além disso, existem fatores específicos a cada país que influenciam os resultados: liquidez e eficiência dos mercados desempenham um papel determinante no sucesso dos buyback.
Em suma, é a boa governance e a qualidade da gestão que influenciam mais acentuadamente os efeitos a longo prazo.
Em suma: buybacks produzem benefícios para os acionistas de empresas bem geridas, mas não servem para colmatar falhas estruturais. Por isso, os programas de buyback são um dos elementos que incorporamos nas análises das empresas presentes na nossa seleção, mas um entre muitos.
Pode posicionar-se nesta tendência através de compra de ETF especializados. É uma solução simples para investir nas empresas que mais apostam na compra de ações próprias.
Em termos setoriais, estes ETF também se distinguem devido ao menor peso do setor tecnológico. Com efeito, as techs são menos adeptas dos buybacks. Mais comuns são as ações do setor financeiro, consumo discricionário e energia.
Amundi S&P 500 Buyback UCITS ETF
Invesco Dynamic Buyback Achievers ETF
Invesco Global Buyback Achievers UCITS ETF Dist
Estes três ETF estão bem classificados nas respetivas categorias, confirmando um bom desempenho das empresas que mais apostam em buybacks.
Contudo, há bastantes ETF mais bem classificados para investir nos mercados de ações globais ou norte-americanos. Portanto, ETF de buybacks não têm sido as melhores escolhas para investir a longo prazo nestes mercados.