Análise

Investir no “mundo” pode render 9% ao ano

fundos acoes globais

Para obter um rendimento próximo do mercado acionista global, subscreva um fundo de investimento ou compre um ETF (fundo negociado em bolsa) dedicado aos mercados globais.

Publicado em: 17 outubro 2023
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fundos acoes globais

Para obter um rendimento próximo do mercado acionista global, subscreva um fundo de investimento ou compre um ETF (fundo negociado em bolsa) dedicado aos mercados globais.

Os fundos de investimento e ETF dedicados aos mercados globais permitem obter ganhos atrativos a longo prazo sem ter de se preocupar em gerir de forma ativa a carteira. 

Contra factos não há argumentos. O investimento nos mercados financeiros é a forma de conseguir a melhor rentabilidade a longo prazo. Nos últimos vinte anos, o valor do mercado acionista global mais do quintuplicou, acumulando um ganho de 437% por cento. Em média, significou um retorno de 8,8% ao ano. Um resultado assinalável, considerando que, pelo meio, houve a grave crise financeira de 2008, os problemas da zona euro em 2011 e uma pandemia em 2020. 

Apenas nos últimos dez anos triplicou, atingindo uma rentabilidade média anual de 11,5 por cento. É impossível garantir que as próximas décadas serão tão favoráveis, mas não é improvável que as rentabilidades médias sejam igualmente atrativas. Claro que, como sempre, haverá anos maus, com perdas nos mercados. E, nesses momentos, terá de manter a disciplina e não ceder ao pânico. Caso contrário, as vantagens do investimento a longo prazo desmoronam-se. 

Investir a longo prazo é crucial 

Recomendamos que esteja preparado para manter o investimento por, pelo menos, cinco anos. É o período adequado para limitar as hipóteses de registar perdas. Se antevê a necessidade de usar o capital investido daqui a um par de anos (comprar casa, reformar-se, entre outros), não aplique em produtos que dependam das bolsas. 

Para obter um rendimento próximo do mercado acionista global, subscreva um fundo de investimento ou compre um ETF (fundo negociado em bolsa) dedicado aos mercados globais. Ficará exposto às bolsas sem ter de acompanhar os mercados com regularidade. É uma boa forma de implementar uma estratégia a longo prazo de buy & hold (comprar e manter). Não precisa de se preocupar com a escolha dos ativos, bastando selecionar o fundo ou ETF. É a opção mais cómoda para todos os que querem beneficiar do investimento em bolsa, sem dedicar muito tempo à tarefa. 

A desvantagem deste rumo é que num fundo não pode escolher as empresas, mas num fundo global também não consegue definir a repartição dos diferentes mercados de ações. Esse papel cabe à entidade gestora do fundo ou é determinado pela composição do índice subjacente ao ETF. 

Por exemplo, num ETF global de ações terá uma exposição aos mercados acionistas desenvolvidos e de cerca de 60% ao norte-americano, mesmo que este não seja a opção mais atrativa no momento. Num fundo ativamente gerido, o peso dos principais mercados pode ser diferente, mas é definido consoante a estratégia da gestora. Para aplicar nos mercados globais, destacamos, de seguida, um ETF e dois fundos. 

ETF para uma estratégia passiva – Ações

O iShares MSCI World SRI UCITS ETF segue o índice MSCI SRI (Select Reduced Fossil Fuel – peso reduzido de combustíveis fósseis) que, nos últimos cinco anos, valorizou 12,1% ao ano. Diversificado por 366 ações diferentes, a repartição geográfica da carteira reflete o peso de cada mercado no total, sendo, por isso, muito centrado nos EUA. Não inclui mercados emergentes. Para comprar e “esquecer” é, sem dúvida, a melhor opção.

Como alternativa pode optar por fundos geridos ativamente. O American Century Concentrated Global Growth Equity ficou próximo do ETF nos últimos cinco anos (11,7 por cento). O desempenho assentou, em parte, na aposta explícita em ações de crescimento (growth). No entanto, após alguns anos dourados, desde que as taxas de juro começaram a subir, a conjuntura é mais difíceis. Por exemplo, nos últimos 12 meses, o desempenho foi débil ficando-se por +6,3% enquanto o ETF avançou 14,4 por cento. O fundo tem três dezenas de títulos em carteira. A prazo, será uma opção atrativa, sobretudo se as tecnológicas voltarem às graças dos investidores. Em termos geográficos, os EUA pesam 57%, o que é próximo do índice, mas setorialmente é uma aposta mais segmentada no mercado global.

O outro fundo destacado é o Fidelity FAST Global. Em forte contraste com a queda dos mercados em 2022, este fundo obteve um ganho impressionante, mas a sua abordagem mais contrarian perdeu terreno para a concorrência devido à ligeira recuperação das bolsas na primeira metade de 2023. A cinco anos ainda valoriza 13% ao ano (contra 12%,1 do ETF). O gestor do fundo elege empresas de dimensão média (cerca de cinco dezenas) negligenciadas pelos mercados, mas, na sua perspetiva, com potencial para “darem a volta”. É uma estratégia stock picking, com um risco particularmente acentuado dado que as empresas sob o radar do fundo têm problemas de variada índole. Esse risco está patente na volatilidade do valor da UP do Fidelity FAST Global, que foi de 23%, nos últimos cinco anos, contra 17% do ETF. Se o gestor continuar a julgar bem as suas apostas, os bons resultados se seguirão, mas, se as escolhas não correrem tão bem, ficará aquém dos mercados, pois a sua carteira não é representativa das bolsas mundiais.

Mercados emergentes

A abordagem “global” pode ser estendida a outro tipo de produtos, como fundos e ETF dedicados aos mercados acionistas emergentes a nível… global. Podem servir como pequeno complemento aos anteriores e dar uma pitada à sua carteira do potencial dos mercados em desenvolvimento (China, Índia, Brasil, entre outros). As economias emergentes mais dinâmicas apresentam consistentemente taxas de crescimento do PIB muito superiores às do Ocidente. Destaque para um ETF e um fundo. 

O iShares MSCI EM SRI UCITS ETF segue um índice da MSCI que abrange as várias regiões emergentes. Sem surpresa, os mercados asiáticos são hegemónicos em termos de representação, liderados pela China. As bolsas africanas e latino-americanas acabam por ser menos expressivas. Nos últimos cinco anos, o ETF ganhou 3,9% ao ano, bastante aquém do seu homólogo desenvolvido (12,1 por cento). Se os emergentes têm maior potencial, também estão sujeitos a maiores oscilações e eventos específicos. A “vaga regulatória” de Pequim contra muitos dos seus gigantes tecnológicos e imobiliários penalizou consideravelmente as cotações e arrastou os produtos mais expostos à China.  

Em cinco anos, o fundo JPM Emerging Markets Dividend fez um pouco melhor, tal como nos últimos doze meses. Uma estratégia mais conservadora e a aposta em empresas com bons rendimentos do dividendo revelaram-se acertadas.

Obrigações globais

Outra opção são as obrigações globais, cujo objeto de investimento são os títulos de dívida emitida pelos países mais representativos e nas moedas de referência mundial, como o dólar norte-americano, o euro, o iene japonês, a libra esterlina e, em menor medida, divisas como o yuan chinês. 

Os fundos dão preferência às obrigações de dívida pública de países desenvolvidos, mas é frequente terem uma parte alocada a títulos de outros países ou emitidos por grandes empresas, cuja solidez financeira é elevada (“não-lixo”). Em 20 anos, o rendimento médio anual destes ativos foi de apenas 2,7 por cento. 

Claramente, não deverão ser a principal opção para multiplicar as suas poupanças a longo prazo. No entanto, se quiser diminuir o risco global da carteira, podem servir de complemento à vertente acionista. Os ganhos serão limitados, mas as oscilações do património atenuadas. 

O iShares Core Global Aggregate Bond UCITS ETF detém 11 300 obrigações de diferentes mercados e moedas de denominação. Na repartição cambial, o dólar pesa cerca de 37%, o euro 17% e o iene 10 por cento. Devido à forte subida das taxas de juro iniciada em 2022, este ETF desvalorizou 4,3% nos últimos 12 meses. Nos últimos cinco anos rendeu, em média, 0,2% ao ano.

Devido à forte subida das taxas de juro em 2022, este ETF desvalorizou 8,1% nos últimos 12 meses. Nos últimos cinco anos rendeu, em média, 1,1% ao ano. As rentabilidades apresentadas já incluem o custo de gestão anual (apenas 0,10%) e o valor dos dividendos distribuídos semestralmente pelo ETF. 
Partindo de um mercado-alvo idêntico, o fundo JPM Aggregate Bond tem conseguido resultados superiores e que permitem compensar os custos anuais mais elevados.

 

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