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- As melhores obrigações para investir

Jorge
Duarte
Analista financeiro independente registado na CMVM.
Licenciado em Economia pelo ISEG.
Membro da Ordem dos Economistas.

Em colaboração
com:
Euroconsumers
As melhores obrigações para investir
Há 4 meses - 19 de janeiro de 2022
Jorge
Duarte
Analista financeiro independente registado na CMVM.
Licenciado em Economia pelo ISEG.
Membro da Ordem dos Economistas.

Em colaboração
com:
Euroconsumers
Desde a crise financeira de 2008-2009 as obrigações oferecem juros muito baixos e até negativos em alguns países. Com o ressurgimento da inflação as taxas estão a subir, mas não deverá ser uma tendência acentuada.
O trunfo dos fundos de obrigações continuará a assentar na sua importância para controlar o risco de uma carteira. Não obstante é possível encontrar mais rendimento potencial (por via cambial) nas emissões cujas divisas estejam subvalorizada face ao euro e nas indexadas à inflação.
Por fim, há também fundos especializados em dívida de empresas financeiramente menos sólidas (high yield). Nestas últimas, o risco é mais elevado e a contribuição para a diversificação é menor.
Euro
A yield das obrigações em euros está longe de ser apelativa, rondando em média até valores negativos. Contudo, são dos ativos menos voláteis entre todos.
O risco vindo dos emitentes é reduzido ou mesmo quase nulo para os Estados mais sólidos e as instituições supranacionais da zona euro. E, por definição, em euros não há risco cambial.
O único risco vem de uma subida acentuada das taxas de juro que penaliza a cotação das obrigações. Contudo, não se antecipa uma subida acentuada das taxas por parte do Banco Central Europeu.
Em suma, estando também pouco correlacionado com os mercados de ações, apostar em fundos de obrigações euro é como “pagar” um seguro para reduzir as flutuações de valor da carteira.
A maioria dos fundos e ETF centra-se nos emitentes como França e Alemanha, mas também são aqueles cujas obrigações rendem menos. Há fundos que preferem emitentes periféricos como Portugal, Grécia e Itália, cuja dívida é mais rentável.
Claro que o risco também será superior, mas é uma estratégia que tem dados bons frutos dada a maior integridade da zona euro após as reformas que se seguiram à crise da dívida soberana.
Os fundos de obrigações em euros são hegemónicos na carteira defensiva (peso de 43%) mas também marcam presença na estratégia equilibrada (10%).
Coroa norueguesa
A coroa norueguesa apreciou-se significativamente nos últimos meses, mas permanece significativamente subvalorizada face ao euro. Uma vez que a evolução da coroa continuará intimamente ligada ao preço do petróleo (e do gás) nos próximos anos, há boas hipóteses de esta subvalorização desaparecer lentamente.
A Noruega é um país muito fiscalmente sólido e as obrigações emitidas por este Estado e pelas grandes empresas têm das melhores classificações de rating possíveis.
A yield de 2,1% é bem superior ao das obrigações similares expressas em euros. Bons ratings, moeda subvalorizada face ao euro e rendimento mais atrativo são o trio de condições ideais: investir em títulos de dívida denominados em coroas norueguesas continua a ser atrativo.
Os fundos desta categoria estão presentes nas carteiras defensiva e equilibrada (peso de 5%).
Coroa sueca
A divisa da Suécia continua bastante face ao euro. Esta subvalorização protege a moeda contra qualquer queda acentuada e prolongada e aumenta as hipóteses de o investidor vir a encaixar ganhos pela via cambial.
A Suécia é um país com finanças sólidas (dívida pública, por exemplo, é apenas 40% do PIB). Por isso rating de crédito das obrigações soberanas é dos mais elevados, tal como o da maioria de outras emissões realizadas em coroas suecas.
As yields não são tão apelativas como as norueguesas, mas estão em torno de 0,7%, bem acima dos 0,1% de emitentes do euro como a Alemanha. Os fundos desta categoria estão presentes na carteira defensiva e equilibrada (peso de 5%).
Dólar norte-americano
As emissões soberanas dos EUA são consideradas dos ativos mais seguros do mundo e um refúgio ideal em tempos de turbulência - um seguro contra problemas.
Um trunfo que partilham com a moeda em que são emitidas, o dólar dos EUA, moeda de referência global. Logo, uma aposta forte nas obrigações USD contribui para uma boa distribuição de riscos em qualquer carteira.
Além disso, em média, a yield ronda os 2%, contra rendimentos de 0,7% médios na zona euro. Nem todos os fundos e ETF que incluímos na categoria de obrigações dólar de médio prazo investem exclusivamente em Treasuries, mas é a componente predominante sendo complementada com outras emissões garantidas pelo governo Federal e dívida de empresas com ratings de crédito muito elevado.
Estas estratégias permitem obter yields um pouco superiores sem grande impacto no risco. Os fundos desta categoria estão presentes nas três carteiras (peso de 5%).
Iene japonês
Ainda mais do que os congéneres do euro, os títulos do governo japonês dão rendimentos insignificantes, nulos ou mesmo negativos. A razão pela qual dedicamos 10% da nossa carteira equilibrada é que estes ativos funcionam como valores de refúgio.
Em momentos de turbulência dos mercados, os japoneses repatriam os seus investimentos e compram dívida local. Embora esse movimento tenha pouco impacto nos juros acaba por ser bastante relevante no valor cambial do iene, que beneficia da procura acrescida.
Para um investir em euros, é um ganho que visa compensar momentos menos bons noutros mercados. Uma ótima fonte de diversificação da carteira e controlo do risco.
Além disso, como o iene está bastante subvalorizado face ao euro, há sempre mais hipóteses de as obrigações em ienes gerarem mais ganhos pela via cambial. Os fundos desta categoria estão presentes nas três carteiras (peso de 10%).
Yuan chinês
As obrigações em yuan oferecem taxas de juro em torno de 2,7%. A opção por esta categoria de títulos potencia um rendimento ligeiramente superior sem colocar em causa o nível de risco da carteira.
A China tem estado empenhada em tornar a sua moeda numa referência internacional. Essa determinação tem permitido que as obrigações em yuan tenham tido um comportamento de valor de refúgio, em pouco à semelhança dos dólar dos EUA, e pouco correlacionado com outros mercados.
O seu sucesso, patente na forte apreciação do yuan em 2021 (+10%), tornou a moeda chinesa mais sobrevalorizada face ao euro. É um risco adicional mas justificado. Presentes na carteira defensiva (5%).
Obrigações indexadas à inflação em euros
De acordo com as nossas estimativas, o mercado subestima a inflação na zona euro. Por conseguinte, o investimento em obrigações ligadas à inflação faz sentido.
Se, no final, a inflação efetiva exceder as expectativas atuais, terá ganhos adicionais. O risco de a inflação cair rapidamente parece-nos reduzido.
Os fundos de obrigações indexadas são uma boa alternativa às obrigações euro tradicionais que incluímos nas carteiras recomendadas: defensiva (peso de 35%) e equilibrada (10%). Parte desta percentagem deve, portanto, ser constituída por linkers do euro.
Obrigações indexadas à inflação em dólares
No mercado norte-americano, o termo para obrigações ligadas à inflação é treasury inflation protected securities ou TIPS. Quanto aos valores da inflação implícitos nas respetivas cotações, o cenário para os linkers em dólares é menos favorável do que para o euro. De momento, os TIPS não são uma clara alternativa para a componente dedicada aos fundos convencionais da dívida USD presentes nas carteiras.
Obrigações High Yield em euros
O rendimento das obrigações high yield (“lixo”), emitidas por empresas menos sólidas, é de cerca de 3,4% acima das obrigações de referência em euros. Em troca, é necessário aceitar um risco de incumprimento financeiro estimado em 3% do mercado, de acordo com a agência de rating Fitch.
Mas como os fundos apostam em centenas de empréstimos nas suas carteiras, o risco e o impacto desses eventos sai bastante diluído. A comprová-lo tem estado o melhor desempenho em comparação com as restantes obrigações em euros.
Esta componente obrigacionista visa contribuir para um rendimento mais interessante da carteira sem incorrer em volatilidades típicas dos mercados de ações.
É que este tipo de dívida está mais correlacionado e com as bolsas e não serve de “amortecedor”. Os fundos desta categoria estão presentes nas três carteiras (peso de 5%).
Obrigações High Yield em dólares
Esta categoria inclui os fundos investem em obrigações de empresas de high yield (“lixo”) denominadas em dólares norte-americanos. Esta última parte é o que as diferencia das suas congéneres high yield do euro.
O prémio de rendimento face aos Tresuries americanos ronda os 3,6%, um pouco mais do que acontece na mesma comparação da zona euro. Por isso, é uma categoria interessante em termos de rendimento desde que o risco de incumprimento continue baixo.
Dado que a economia está no caminho do crescimento é o cenário mais provável. Além disso, o elevado número de diferentes empréstimos permite que os gestores destes fundos e ETF possam diluir bem os riscos.
Os fundos desta categoria estão presentes na carteira equilibrada e agressiva (peso de 5%).
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