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António
Ribeiro
Especialista em produtos de poupança.
Analista financeiro independente registado na CMVM.
Licenciado em Economia pela Universidade de Coimbra.
Como escolher os melhores depósitos
Há um ano - 28 de dezembro de 2020
António
Ribeiro
Especialista em produtos de poupança.
Analista financeiro independente registado na CMVM.
Licenciado em Economia pela Universidade de Coimbra.
Se procura um depósito a prazo, encontrará dezenas de propostas numa única instituição bancária, e centenas em termos nacionais. A escolha pode revelar-se mais difícil do que seria de supor. Como encontrar o que mais se adequa aos seus objetivos? Além da taxa de juro, definimos, no nosso comparador de depósitos, um indicador de qualidade que avalia o risco dos bancos.
Atualmente, a oferta de depósitos a longo prazo quase desapareceu. Os mais comuns vão até 12 meses, e as taxas oferecidas são muito baixas. Sugerimos, por isso, que aplique apenas o montante que necessita para o fundo de emergência. Em regra, recomendamos até seis salários, e uma aplicação de três, seis ou doze meses parece-nos razoável.
Ao constituir o depósito, certifique-se de que pode levantar o capital antes do fim do prazo, caso surja um imprevisto e necessite do dinheiro. Alguns bancos não permitem a mobilização antecipada, obrigando a esperar pela data de vencimento.
As restantes poupanças invista-as a médio e longo prazo, em aplicações mais rentáveis, como Certificados de Aforro ou Certificados do Tesouro Poupança Crescimento, que, tal como os depósitos, garantem o capital.
Garantia até 100 mil euros
O Fundo de Garantia de Depósitos assegura o reembolso do dinheiro aplicado, até ao limite de 100 mil euros por depositante e por banco, se uma instituição tiver problemas e enfrentar, por exemplo, a insolvência.
Nem todos os bancos que operam no mercado português participam, porém, neste fundo. É o caso do Abanca e do Bankinter, que integram o fundo de garantia do país de origem. Os montantes são, contudo, semelhantes. Mas, em situação de insolvência, terá de dirigir-se a uma instituição não-nacional (no caso, espanhola). Por isso, esta é também uma questão a ter em conta ao escolher um depósito.
Mas a segurança não se limita ao fundo de garantia, razão pela qual introduzimos algumas melhorias no nosso comparador de depósitos, nomeadamente, um indicador de qualidade dos bancos.
A arte de bem escolher um depósito
Apesar de os juros estarem muito baixos, na maior parte dos casos próximos de zero (a taxa média é de 0,1%), as diferenças são significativas. Por exemplo, para o prazo de um ano, variam entre zero e 0,7% líquidos. Para facilitar a escolha, consulte o nosso comparador de depósitos a prazo e contas-poupança.
O objetivo desta ferramenta é ajudá-lo, de forma simples, a encontrar o depósito mais rentável, mas também a escolher um banco com boa qualidade, porque a segurança é cada vez mais importante.
No comparador de depósitos insira o montante que pretende aplicar, escolha o prazo (em meses ou anos) e mencione se já está reformado. Se for o caso, podem ser consideradas as contas-poupança reformado. Com estes dados, obterá uma simulação. Se pretender um resultado mais personalizado, faça o teste para definir o seu perfil de risco como investidor. Grave-o para, numa pesquisa posterior, ficar registado.
Um dos aspetos diferenciadores do nosso comparador é prever um indicador de qualidade que mede o risco do banco, o qual aparece junto de cada um dos depósitos. Este indicador varia de zero a 100 e resulta de uma ponderação entre a satisfação dos clientes, medida através de inquéritos anuais da DECO PROTESTE, e três critérios de solvabilidade financeira do banco. Isto é, a capacidade de cumprir os compromissos a médio e longo prazo. São eles o rating atribuído por entidades internacionais, como a Moody’s ou a Fitch; o rácio de transformação (relação entre os depósitos bancários e o valor dos empréstimos concedidos); e o rácio Common Equity Tier 1 (nível mínimo de capital que as instituições devem ter em função dos requisitos de fundos próprios).
Um mau rating condiciona logo o conselho sobre um banco, embora nem todos tenham este indicador. Quando isso acontece, baseamos o indicador de qualidade nos outros dois critérios de solvabilidade mencionados e na satisfação do cliente.
Como referimos, o rácio de transformação mede a relação entre os créditos concedidos e os depósitos captados pelo banco. Definimos que deve ser inferior a 130 por cento. Quanto ao rácio Commom Equity Tier 1, que estabelece o nível mínimo de capital que as instituições devem ter em função dos requisitos de fundos próprios decorrentes dos riscos associados à atividade, deve ser sempre igual ou superior a 10 por cento.
Pequenos bancos lideram
Do inquérito de satisfação aos bancos, que fazemos anualmente, resulta uma classificação que varia entre 10 e 100. Segundo os últimos dados apurados, ActivoBank, Banco BNI Europa e Banco Invest apresentam níveis de satisfação mais elevados (acima de 80), seguidos do BiG, do Carregosa e do Best, com valores próximos de 80. Ou seja, os bancos online e de dimensão mais pequena, com taxas de juro mais elevadas, reúnem as preferências dos depositantes.
Pelo contrário, as grandes instituições são as menos apreciadas, o que não surpreende, dado oferecerem taxas próximas de zero ou mesmo zero. Banco BPI, Santander Totta, Caixa Geral de Depósitos, Abanca e Deutsche Bank obtiveram a classificação mais baixa. Salientamos que o Banco Privado Atlântico Europa não foi considerado, porque não recebemos respostas suficientes.
É através de uma ponderação de todos estes critérios, em percentagens estabelecidas pela PROTESTE INVESTE, que resulta o nosso indicador de qualidade.
No nosso comparador de depósitos, pode ordenar o resultado da simulação por rendimento ou indicador de qualidade. Mas, ao optar pelo último, também aparecerão nos primeiros lugares instituições com uma taxa de juro muito baixa, como é o caso do Banco BPI.
Daí que, embora importante, o indicador de qualidade não deva ser o único critério de escolha, até porque, segundo os dados mais recentes, todos os bancos apresentam boa pontuação, com valores que variam entre 69 e 79.
Em anos anteriores, tivemos diferenças bem mais acentuadas, mas talvez uma maior atenção da entidade supervisora tenha gerado maior controlo das contas e dos indicadores de solvabilidade pelos bancos. Concluindo, nem sempre as instituições com os melhores indicadores de qualidade apresentam as taxas mais altas.
Inflação versus taxas de juro
Apesar do cenário desolador das taxas de juro, os portugueses continuam a preferir os depósitos para canalizar as suas poupanças. Como a previsão da inflação é de 0%, todo o rendimento acima disso é positivo.
As previsões para 2021, contudo, apontam para uma subida da inflação. Assim, se tenciona aplicar em depósitos, é conveniente escolher as melhores taxas do mercado, para que as poupanças não percam valor. Ou seja, para obter ganhos reais, é necessário que a taxa de juro seja superior à da inflação.
Pode tirar partido dos chamados superdepósitos, contas especiais para captar novos clientes ou novos montantes. Em regra, proporcionam as melhores taxas do mercado, ainda que para prazos curtos.
No entanto, certifique-se de que as comissões de manutenção da conta não lhe retiram o parco rendimento do depósito. É no prazo de três meses que encontra as taxas mais elevadas do mercado, em contas promocionais exclusivas para novos clientes.
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