Onde investir agora com ETF? Tecnológicas e emergentes lideram ganhos em junho

O dólar e Trump estão a influenciar os resultados dos ETF nos mercados
O dólar e Trump estão a influenciar os resultados dos ETF nos mercados
Apesar das notícias marcantes — como o cessar-fogo entre Israel e Irão ou a aprovação da proposta fiscal de Trump — o impacto direto nas bolsas foi limitado. A nova proposta ("Big, Beautiful Bill") traz cortes de impostos e aumento da despesa militar, o que agrava as contas públicas dos EUA e pressiona o dólar. Desde o início do ano, o dólar perdeu 12% face ao euro.
No entanto, esta depreciação cambial não travou o entusiasmo das bolsas norte-americanas, que atingiram novos máximos. E com a queda das taxas de juro, muitos investidores continuam confiantes.
Em junho, os ETF de ações globais obtiveram um ganho médio de 0,2%. O ETF iShares Core MSCI World (IE00B4L5Y983) esteve um pouco acima, valorizando 0,9%.
Em termos dos três maiores mercados desenvolvidos, EUA, zona euro e Japão, os resultados mensais foram, respetivamente, os seguintes:
- ETF UBS S&P 500 Scored & Screened (IE00BHXMHL11): +2,1%
Depois de alguma subperformance, os Estados Unidos voltaram à liderança. Este resultado foi obtido apesar da depreciação de 3,3% do dólar face ao euro no mês passado.
- ETF iShares Core Euro Stoxx 50 (IE00B53L3W79): 1,1%
Por seu turno, os mercados da zona euro fizeram uma “pausa”, após vários meses positivamente surpreendentes dados os desafios que se colocam às economias do Velho Continente.
- Fundo Goldman Sachs Japan Eq. (LU1217870671): -0,1%
Talvez mais do que outros países, o Japão aguarda com ansiedade os resultados das negociações comerciais com os EUA. Os seus importantes setores exportadores serão bastante penalizados se Washington impuser as elevadas tarifas “recíprocas”.
Em termos setoriais, o setor tecnológico voltou a assumir o seu papel de locomotiva. Em junho, as categorias de ETF que mais valorizaram foram as ações do setor tecnológico (5,6%) e do setor das comunicações (4,6%), sendo que este último é dominado por gigantes “tecnológicos” como a Alphabet (Google) e a Meta (Facebook).
As nossas escolhas, centradas em subsetores específicos, estiveram particularmente bem face à média dos mercados:
- ETF Global X Uranium (IE000NDWFGA5): +16,5%
A energia nuclear é, entre as energias alternativas, aquela que agrada mais a Donald Trump. Apesar da versão final da Big, Beautiful Bill poder ser menos favorável do que o esperado, o setor continua a ter um potencial atrativo até porque outros países estão a apostar no nuclear, nomeadamente a China.
- ETF VanEck Semiconductor (IE00BMC38736): +12,3%
Nos semicondutores, regressou o otimismo em torno da Nvidia e a infraestrutura necessária para “correr” a Inteligência Artificial. Um fenómeno que parece longe de estar esgotado, dado que se trata agora de uma competição entre os EUA e a China.
- ETF VanEck Defense (IE000YYE6WK5): +2%
Por fim, o setor da Defesa (inserido no Industrial) ganhou mais um impulso com a cimeira da Nato. Os países-membros acordaram em gastar a médio prazo 5% do PIB em defesa (e atividades similares).
A desvalorização do dólar teve um impacto negativo nos ETF de obrigações emitidas nessa moeda. Mesmo com a descida das taxas de juro — o que favorece as cotações — os resultados foram penalizados em euros.
Nos segmentos da dívida soberana, de empresas e do high yield, os resultados foram, respetivamente:
- ETF iShares USD Treasury Bond 7-10 years (IE00B3VWN518): -1,8%
- ETF Vanguard USD Corporate Bond (IE00BGYWFK87): 1,5%
- ETF PIMCO US Short Term High Yield Corporate Bond (IE00BVZ6SQ11): -1,8%
Nas obrigações em euros, onde não existe o efeito cambial, os resultados foram melhores. Nos segmentos da dívida soberana, de empresas e do high yield, os desempenhos mensais atingiram, respetivamente:
- ETF Xtrackers II iBoxx Eurozone Government Bond Yield Plus (LU0524480265): -0,1%
- ETF JPM EUR Corporate Bond 1-5 year Research Enhanced Index Active (IE00BF59RW70): +0,3%
- ETF Xtrackers II EUR High Yield Corporate Bond (LU1109943388): +0,4%
O semestre fechou com perdas médias de 3,3% nos ETF de ações globais e de 4,1% nos de obrigações. Ainda assim, alguns produtos destacaram-se:
ETF iShares MSCI Poland: +33,7%
ETF iShares MSCI Mexico Capped: +15%
ETF Amundi MSCI Brasil: +13,7%
As maiores perdas vieram de países com instabilidade política:
Fundo Fidelity Indonesia: -17,4%
Fundo HSBC GIF Turkey Equity: -19%
Vale a pena investir em ETF em 2025?
Sim, especialmente em setores como, semicondutores e energia nuclear, bem como em alguns mercados emergentes como a Polónia.
Porque é que o dólar está a cair e como afeta os ETF?
A expectativa de défices públicos mais elevados nos EUA está a penalizar o dólar. Para os investidores europeus, isso reduz os ganhos em ETF que investem em ativos norte-americanos.