Outubro impulsiona fundos e ETF
Nos primeiros dias de novembro há um sentimento menos otimista entre os investidores
Nos primeiros dias de novembro há um sentimento menos otimista entre os investidores
Outubro foi bastante favorável para o desempenho da maioria dos fundos e ETF. As bolsas continuaram a ganhar terreno graças às boas notícias vindas da Ásia.
Várias reuniões de alto nível e a deslocação de Trump permitiram atenuar as tensões comerciais entre os Estados Unidos e importantes países asiáticos, nomeadamente a Coreia do Sul, Japão e, sobretudo, a China.
As duas maiores economias globais assinaram um acordo que permite continuar as negociações e não escalar o conflito comercial. É uma trégua por doze meses, embora Trump já tenha reduzido as tarifas sobre a China em 10%. Em troca, Pequim adiou a implementação de restrições à venda de “terras raras”.
Ao mesmo tempo, do ponto de vista empresarial, os anúncios de resultados trimestrais também foram, em geral, bem recebidos pelos investidores.
No entanto, perto do final de outubro e no início de novembro, o sentimento alterou-se. Primeiro, a Reserva Federal dos EUA avisou que poderá cortar menos as taxas de juro do que era antecipado pelos mercados.
Segundo, os resultados e as previsões de alguns gigantes tecnológicos não agradaram aos investidores. A Meta Platforms (Facebook) foi o exemplo mais evidente. Há um disparo colossal nos investimentos na Inteligência Artificial, mas que não está a ser refletido nem nos resultados nem nas perspetivas de crescimento.
E relacionado com o tema da euforia com a IA, multiplicam-se os alertas sobre a existência de uma “bolha” nos mercados com as elevadas valorizações do setor tecnológico.
Aqui não há grande novidade, mas a tomada de mais-valias tomou conta das bolsas no início de novembro. Vai assistir-se a uma correção mais marcada no curto prazo? Neste momento, a resposta é incerta.
Mais preocupantes são os desenvolvimentos no mercado de dívida privada (private debt) nos EUA. Os incumprimentos financeiros de duas empresas relativamente desconhecidas, e que atuavam no crédito automóvel, revelaram ramificações (e consideráveis prejuízos) em todo o setor financeiro, incluindo fora dos EUA.
As semelhanças com o problema da dívida subprime, que espoletou a crise financeira em 2008, são alarmantes. Além disso, surgem num momento em que a administração Trump está a desregular o setor financeiro e a “abraçar os criptoativos” incondicionalmente.
Os fundos e ETF dedicados ao mercado acionista global atingiram uma valorização média mensal de 3,1%. O iShares Core MSCI World (IE00B4L5Y983) conseguiu 3,8% e o JPM Global Research Enhanced Index Equity Active (IE00BF4G6Y48) obteve 3,9%.
Esta evolução global foi bastante suportada pelas ações norte-americanas e o seu setor tecnológico em particular. O UBS S&P 500 Scored & Screened (IE00BHXMHL11) ganhou 4,6% e o ETF Amundi Nasdaq-100 Swap (LU168103824) valorizou 6,7%.
Além disso, em outubro, ao contrário do que aconteceu em boa parte de 2025, o dólar valorizou e contribuiu positivamente para estes resultados.
A maioria dos fundos e ETF de mercados emergentes conseguiram igualmente um mês bastante bom. O destaque vai, sem dúvida, para o fundo JPM Korea Equity (LU0301638341) com 19,1%! O acordo com Trump e a indústria sul-coreana de semicondutores (que navega a euforia da IA) estão por detrás deste impressionante desempenho mensal.
Também com assinaláveis performances mensais, encontramos as ações indonésias e polacas. O fundo Fidelity Indonesia (LU0055114457) valorizou 7,8% e o ETF iShares MSCI Poland (IE00B4M7GH52) obteve 6,5%. Estes dois mercados são atualmente parte integrante das nossas carteiras de fundos/ETF recomendadas.
O mesmo se aplica às ações indianas. Em outubro, o fundo Jupiter India Select (LU0329070915) alcançou uma valorização de 5,8%.
Por fim, uma nota para a China, cujos fundos tiveram resultados mais díspares entre si no mês passado. O fundo Fidelity China Focus (LU0318931192) recuou 0,1%, mas o ETF Xtrackers CSI300 Swap (LU0779800910) ganhou 2,4%.
O primeiro inclui as grandes multinacionais chinesas como a Alibaba e a Tencent e cotadas em bolsas fora da “China Continental” (ex.: Hong Kong). Uma aposta na China terá de passar por uma combinação destas duas abordagens de investimento.
Sem grande novidade é a tecnologia que continua a liderar os ganhos. Destaque para o subsetor dos semicondutores, onde o ETF VanEck Semiconductor (IE00BMC38736) ganhou 15% apenas no mês de outubro.
Realce igualmente para a energia nuclear, que sofreu um novo impulso após notícias de novos apoios públicos de Washington. O ETF Global X Uranium (IE000NDWFGA5) valorizou 17,7%. Dos setores que lideram em 2025, apenas a Defesa recuou no mês passado: o ETF VanEck Defense (IE000YYE6WK5) perdeu 0,6%.
A descida global das taxas de juro foi favorável à valorização das obrigações. Além disso, A apreciação mensal do dólar face ao euro (+1,4%) deu um impulso adicional às categorias dedicadas à moeda norte-americana.
Assim, na zona euro, o Xtrackers II iBoxx Eurozone Government Bond Yield Plus (LU0524480265) valorizou 1%. Na dívida soberana dos EUA, o ETF iShares USD Treasury Bond 7-10 year (IE00B3VWN518) ganhou 2,5% no mês passado.
Por seu turno, a dívida emitida por empresas registou desempenhos mais modestos. Apesar de oferecerem yields mais elevadas do que a dívida soberana, os problemas com o mercado de private debt nos EUA levantaram alguns receios, fizeram subir ligeiramente os spreads e travaram as cotações destes títulos.
No segmento do euro, o ETF Xtrackers II EUR High Yield Corporate Bond (LU1109943388) ficou-se apenas por +0,1%. No dólar, o ETF PIMCO US Short Term High Yield Corporate Bond (IE00BVZ6SQ11) conseguiu 2,2% em outubro, mas também ficou aquém da dívida soberana, neste caso em USD.