A indústria europeia está em crise, sendo a situação na Alemanha particularmente preocupante, com uma queda de mais de 5% na produção industrial nos últimos doze meses. O fim dos gás barato vindo da Rússia atingiu severamente a indústria europeia, confrontada com preços da energia várias vezes superiores aos dos Estados Unidos e de outros concorrentes asiáticos.
O aumento do protecionismo global também impactou as exportações e a produção no continente europeu. Além disso, os massivos apoios públicos avançados pela Administração Biden levam as empresas a preferir o investimento nos EUA. Ao mesmo tempo, subsidiados de forma significativa, os produtos chineses inundaram os mercados internacionais, competindo, cada vez mais, com a produção europeia. Por fim, a escassez de mão-de-obra e a excessiva burocracia também não favorecem a indústria europeia.
Falta de competitividade
O recente relatório de Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, sublinha que as dificuldades europeias devem-se à falta de competitividade. Nas últimas duas décadas, a produtividade europeia cresceu a um ritmo de praticamente metade dos Estados Unidos, devido à fraca disseminação das novas tecnologias. A Europa perdeu oportunidades da revolução digital, tanto na criação de novas empresas, como na utilização de tecnologias nas empresas existentes.
Enquanto os Estados Unidos investiam em novos setores, a Europa concentrava-se em indústrias históricas, com baixos ganhos de produtividade, como o automóvel. Como resultado, apenas 4 das 50 maiores empresas tecnológicas do mundo são europeias.
Segundo o relatório Draghi, o declínio da Europa não é inevitável. Para inverter a situação é necessário concluir a união do mercado de capitais, permitindo colocar todas as poupanças europeias ao serviço do financiamento das empresas.
A conclusão do mercado único facilitaria também a criação de empresas competitivas a nível global. Seriam, no entanto, necessários grandes investimentos, coordenados a nível europeu, o que está longe de ser garantido. Atualmente, os apoios ao setor industrial e à inovação seguem uma lógica nacional, gerando desperdícios e tensões entre os parceiros europeus. Passar de uma abordagem nacional para uma europeia é muito complexo devido a diferentes visões políticas e a margens orçamentais igualmente muito díspares.
O nosso conselho
A queda da produção industrial e o desvio do investimento para fora da Europa prejudicam a atividade económica. Embora o desemprego esteja em níveis historicamente baixos, o consumo das famílias está sob pressão. Fruto da falta de confiança, a poupança atinge hoje um máximo histórico, semelhante ao período da pandemia. Como resultado, o crescimento económico da zona euro é fraco, com um aumento do PIB de apenas 0,6% nos últimos doze meses.
A médio prazo, a indústria europeia continuará a ser prejudicada pelos preços elevados da energia e pelos subsídios dos concorrentes americanos e chineses. A longo prazo, sem imigração e ganhos significativos de produtividade, a economia da zona euro pode estagnar.
Neste contexto, não recomendamos fundos/ETF de ações dedicados à zona euro. Contudo, as obrigações soberanas em euros propiciam rendimentos interessantes para um baixo nível de risco e as obrigações high yield trazem um acréscimo ao potencial de rendimento de uma carteira.
Fundos recomendados
- Xtrackers II iBoxx Eurozone Government Bond Yield Plus
- SPDR Bloomberg Euro Aggregate Bond
- iShares € Aggregate Bond ESG ETF
- Xtrackers II EUR High Yield Corporate Bond
- Candriam Bonds Euro High Yield C EUR
- PIMCO Euro Sh. Term HY Corporate Bond
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