Setembro em alta: fundos e ETF beneficiam da subida dos mercados

A maioria dos fundos e ETF tiveram ganhos em setembro
A maioria dos fundos e ETF tiveram ganhos em setembro
Como trabalhador norte-americano exemplar, Donald Trump não parece ter feito uma pausa para férias. O Presidente dos Estados Unidos continua muito ativo, nomeadamente na sua rede social, versando sobre os mais variados temas.
No entanto, não tem lançado novidades com grande impacto nos mercados financeiros. As negociações comerciais com a China prosseguem, mas apenas parece ter havido progressos sobre o futuro do TikTok nos EUA.
Trump anunciou igualmente a imposição de elevadas tarifas sobre a importação de medicamentos (não genéricos), mas era uma medida já esperada.
Ao mesmo tempo, divulgou acordos com farmacêuticas para “reduzir os preços dos medicamentos em mais de 100%” nos EUA. Tomado à letra, passariam a ser totalmente gratuitos ou os americanos ainda receberiam dinheiro para tomar medicamentos!
Por fim, e ainda nos Estados Unidos, o Governo Federal entrou em shutdown. Não é uma situação inédita e parecia inevitável dado o fosso que divide Democratas e Republicanos. A menos que se prolongue por muitas semanas é improvável que cause grande transtorno, pelo menos, aos investidores.
Com este pano de fundo relativamente tranquilo, os mercados acionistas globais ganharam mais um pouco de terreno e diversas bolsas atingiram novos máximos.
O ETF iShares Core MSCI World (IE00B4L5Y983) valorizou 2,8% no mês passado. O desempenho mundial assentou em bons desempenhos dos principais mercados desenvolvidos em setembro:
– nas ações norte-americanas, o ETF UBS S&P 500 Scored & Screened (IE00BHXMHL11) ganhou 3,2%;
– na zona euro, o ETF iShares Core EURO STOXX 50 (IE00B53L3W79) avançou 3,4%;
Até no Japão, o ETF WisdomTree Japan Equity (IE00BYQCZN58) obteve um ganho de 1,7%. A bolsa de Tóquio ganhou terreno apesar de o país atravessar novos desafios.
Por um lado, há uma incerteza política pouco habitual. O principal partido nipónico desde o final da Segunda Guerra Mundial estava a procurar um novo líder (e eventual primeiro-ministro) depois de ter perdido a maioria nas câmaras do Parlamento.
Do lado da economia, o fim do período de deflação é bem-vindo, mas os japoneses já não estavam habituados à subida, mesmo ligeira, dos preços, o que tem gerado contestação. Atualmente, destes três mercados, apenas os ETF de ações norte-americanas fazem parte das nossas estratégias de referência.
As bolsas emergentes estão agora a ter um desempenho mais interessante. A fraqueza do dólar e a redução dos juros nos Estados Unidos são boas notícias e compensam as maiores tensões comerciais causadas pelas tarifas.
• É o caso das ações brasileiras e mexicanas. O ETF Amundi MSCI Brazil (LU1900066207) valorizou 5% e ETF iShares MSCI Mexico Capped (IE00B5WHFQ43) disparou 9,4% no mês passado.
Também considerada emergente, a bolsa de Seul encontra outros catalisadores. Por um lado, as autoridades cancelaram um imposto sobre os investimentos em bolsa. Por outro, há uma forte aposta na melhoria do governance das empresas cotadas à semelhança do que aconteceu no Japão.
Por fim, os gigantes sul-coreanos dos semicondutores, como a Sk Hynix e a Samsung Electronics, estão a posicionar-se para lucrar também com a expansão da IA. Com estes impulsos, o fundo JPM Korea Equity (LU0301638341) progrediu 8,4% num mês.
• Num campeonato diferente, as ações chinesas têm estado igualmente em destaque. O fundo Fidelity China Focus (LU0318931192) ganhou 5%. Apesar da debilidade da procura interna, os investidores estão confiantes com os progressos das empresas chinesas no desenvolvimento e adoção da inteligência artificial e nas medidas de Pequim para estimular as suas bolsas.
• Sob pressão continua bolsa de Jacarta tendo o ETF Amundi MSCI Indonesia (LU1900065811) cedido 2,6%. As dúvidas sobre o atual rumo político-económico do país continuam a preocupar os investidores. Já na Turquia, a bolsa não tem refletido o relativo sucesso do banco central no combate à hiperinflação.
O fundo HSBC GIF Turkey Equity EC (LU0213962813) perdeu 5,2% num mês. Ambas as bolsas assentam em economias de elevado potencial de crescimento, mas o risco político é significativo. Se for bastante paciente, pode dedicar-lhes uma pequena parte da carteira.
O setor da Defesa recebeu um novo impulso depois dos incidentes com aviões e drones russo no flanco leste da NATO. Também na área da Defesa, Trump tem opinado.
Entre outras declarações, de acordo com as suas palavras, os navios furtivos da Marinha dos EUA são “feios” e dever-se-ia voltar a apostar nos couraçados (um tipo de navio que se tornou obsoleto na Segunda Guerra Mundial).
Independentemente destes devaneios, a Casa Branca vai continuar a reforçar o renomeado “Ministério da Guerra” e potenciar a valorização do setor da Defesa em bolsa. O ETF VanEck Defense (IE000YYE6WK5) ganhou 12,1% no mês de setembro.
Os outros dois subsetores que estão entre os nossos preferidos continuam igualmente em forte alta. No mês passado, o ETF VanEck Semiconductor (IE00BMC38736) avançou 12,6% e o ETF Global X Uranium (IE000NDWFGA5) disparou 19,5%.
Estes desempenhos estão interligados, uma vez que a energia nuclear está a ser vista como essencial para o funcionamento do número crescente de centros de dados dedicados à inteligência artificial generativa.
Centros de dados que também são atualmente os maiores consumidores da indústria dos semicondutores. Apesar do potencial deste último, evite uma exposição excessiva da sua carteira. Se, por exemplo, tem ETF de ações americanas ou europeias já investe de forma significativa em empresas como a Nvidia e a ASML.
Bastantes fundos e ETF de obrigações registaram um mês igualmente positivo. A diminuição das taxas de juro resultante da política dos bancos centrais impulsionou as cotações no segmento da dívida soberana. Além disso, o dólar tem estado mais estável face ao euro nos mercados cambiais, o que beneficia o valor da dívida denominada em USD depois de vários meses menos bons.
Em setembro, no segmento euro de longo prazo, o ETF Xtrackers II iBoxx Eurozone Government Bond Yield Plus (LU0524480265) valorizou 0,5% e no dólar, o ETF iShares USD Treasury Bond 7-10 year (IE00B3VWN518) acumulou 0,3%.
Nos títulos corporate (dívida emitida por empresas), as taxas de juro e as cotações seguiram o mesmo rumo. Apesar de alguns sinais menos bons nos EUA e na Europa, os investidores não percecionam graves problemas para as economias. Logo, assume-se que empresas poderão continuar a cumprir com as suas obrigações financeiras.
O ETF JPM EUR 1-5 y Investment Grade Corporate Bond Active (IE00BF59RW70) ganhou 0,3% em setembro. Este tipo de ETF, bem como os high yield, são mais arriscados entre as categorias de obrigações, mas oferecem um maior potencial de rentabilidade à carteira.
O ETF Xtrackers II EUR High Yield Corporate Bond (LU1109943388) valorizou 0,4% no mês passado.
A estrela de 2025 tem sido o metal dourado. Num mês, o ETC Xetra-Gold (DE000A0S9GB0) disparou 11,1% e acumula uma valorização de 30,5% este ano. A cotação do ouro tem batido recordes consecutivos e caminha para a fasquia dos 4000 dólares por onça. Têm sido apontadas diversas justificações para este fenómeno, mas nem todas são convincentes.
Num cenário de crise, as bolsas não estariam em máximos históricos. E o ouro concorre com a dívida americana que oferece agora 4% ao ano, contra menos de 1% há poucos anos. Pode investir até um máximo de 5% da carteira em ouro através de um ETC (similar a um ETF, mas que detém em carteira apenas barras de ouro).