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Obrigações SIC 2021-2025: investimento à primeira vista?
Há 2 anos - 24 de maio de 2021A SIC vai emitir 30 milhões de euros em obrigações. As obrigações SIC 2021-2025 vão ter um prazo de 4 anos e prometem uma taxa bruta de 3,95% (2,86% após impostos, se detida até ao fim do prazo). O objetivo declarado é alongar a maturidade da dívida e reduzir o custo do financiamento da SIC.
Obrigações SIC 2021-2025: principais informações
- Data de Emissão: 11/06/2021
- Data de reembolso (maturidade): 11/06/2025
- Taxa Anual Nominal Bruta (Taxa de cupão): 3,95%
- Taxa Anual Efetiva Líquida (após impostos): 2,86%
- Valor Nominal de 1 obrigação: 30 euros
- Mínimo a subscrever: 50 obrigações (1500 euros)
- Pagamento dos juros: Semestral, a 11 de junho e 11 de dezembro
- ISIN: PTSINBOM0002
Direito de reembolso antecipado: quando se aplica?
Obrigações SIC: qual o risco?
A SIC é integralmente detida pela Impresa, que, como acionista única da SIC, é responsável perante os obrigacionistas. Pelo que devemos considerar ambas as sociedades em conjunto ao avaliar o risco da emissão. A Impresa consta aliás da nossa seleção de ações.
Do ponto de vista financeiro, o endividamento continua a ser o ponto mais sensível da SIC. Por exemplo, a autonomia financeira continua fraca, situa-se em apenas 16% (desejam-se normalmente valores próximos de 35%). Já a Impresa melhorou nesse aspeto (37%), e a dívida líquida está no seu valor mais baixo desde 2005.
Mas ambas as empresas mostram uma capacidade razoável de cumprir os compromissos financeiros. O Quick Ratio melhorou para perto de 0,6 (a SIC tinha 0,39 em 2019), ainda que o ideal sejam valores próximos de 1. O EBTIDA cobre 5 vezes os custos financeiros (6 vezes no caso da SIC), uma redução comparativamente à última emissão, mas bem acima das 3 vezes que se recomendam como mínimo.
Parece-nos apropriado manter como termo de comparação um índice de obrigações high yield com ratings BB e B, em euros. O índice está com um rendimento atual de 2,68% brutos, significativamente inferior ao cupão oferecido pela SIC de 3,95%.
De referir que a anterior emissão da SIC (2019-2021) tinha uma taxa de rendimento de 4,5%, enquanto o índice tinha 3,5% na mesma altura, pelo que a redução do juro da obrigação foi inferior à redução no rendimento do índice.
O nosso conselho
Considerámos que as obrigações da SIC emitidas em 2019 poderiam ser uma boa opção de investimento. Para esta nova emissão, constatamos que o rendimento reduziu-se, mas menos do que as taxas no mercado, o risco do emitente manteve-se aproximadamente no mesmo nível e a duração das obrigações aumentou (o prazo passou de três para quatro anos).
Deve também levar-se em conta a falta de opções de investimento para os investidores nacionais. Há poucas obrigações nacionais cotadas e a maioria tem um risco muito superior, como as obrigações das SAD e da TAP, por exemplo.
Quanto a obrigações de outros países, podem ser difíceis de encontrar nos intermediários financeiros.
Neste contexto, parece-nos que esta nova emissão tem também uma boa relação risco/rendimento. Recomendamos o investimento mas apenas para investidores cujo perfil seja compatível com obrigações de alto risco. Mesmo nesses casos, o investidor deve evitar que este tipo de investimento ganhe demasiado peso na sua carteira (recomendamos um limite de 5% à posição individual).
Prevê-se um forte rateio
Um conselho prático para quem pretender subscrever. É previsível que a procura seja elevada, até porque a SIC está a propor uma troca de obrigações que vai concorrer com a subscrição para os mesmos 30 milhões de euros.
As regras de rateio reservam 15 milhões de euros para a subscrição, e estipulam que sejam atribuídos os primeiros 3000 euros a cada investidor.
Pela nossa experiência neste tipo de operações, é improvável que se consiga mais do que esse valor, e provavelmente só as ordens que derem entrada nos primeiros dias é que serão satisfeitas, portanto os interessados devem dar a ordem subscrição o mais cedo possível.
Datas-chave
- 24 de maio: início do período de subscrição.
- 2 de junho (15h00): data-limite para revogar ou cancelar ordens de subscrição.
- 7 de junho (15h00): final do período de subscrição.
- 8 de junho: apuramento dos resultados e divulgação do número de obrigações a atribuir.
- 11 de junho: subscrição e admissão à negociação das ações.
Obrigações SIC 2019-2022: operação pública de troca
A SIC está também a propor a troca de obrigações da anterior emissão, com maturidade em 2022 e taxa de cupão 4,5% (brutos), pelas novas obrigações.
As atuais obrigações têm uma taxa de cupão bruta de 4,5%. Para quem adquire as obrigações na Euronext, porque um investidor tem de pagar mais do que o valor de reembolso (estão cotadas a 101,64%), o rendimento (yield to maturity) é menor: 2,95%.
Para incentivar os investidores a trocar, a SIC vai pagar um prémio em dinheiro correspondente à diferença entre a cotação atual e o valor de reembolso, 1,639% (0,4917 euros por obrigação).
Portanto, quem subscreveu a anterior emissão de obrigações tem duas escolhas: ou mantém o investimento atual, com um rendimento de 4,5%, até julho do próximo ano, tendo depois de reinvestir o capital, ou aceita a troca, embolsando já um prémio de 1,6% e começando um novo investimento por quatro anos à taxa anual de 3,95%.
Do ponto de vista financeiro, qual das propostas é financeiramente superior depende do que se assumir aquando do reembolso em 2022, mas a troca parece ser vantajosa.
Por exemplo, assumindo que na data de reembolso das obrigações 2019-2022 poderia vender as novas obrigações pelo seu valor nominal, conseguiria uma TAEL de 4,24%, superior à TAEL de 3,26% que os subscritores das obrigações antigas têm garantidas até à maturidade.
Claro que é um pressuposto forte. É natural que as obrigações de prazo mais longo tenham um prémio no rendimento precisamente porque estão longe da maturidade e portanto os investidores estão mais expostos aos riscos, incluindo o risco relacionado com o preço de mercado das obrigações. Estimamos que uma subida generalizada de 1% nas taxas de juro reduziria em 3,6% o preço das obrigações.
O principal critério deve ser a necessidade, e estratégia, do investidor. Se tem utilidade para o capital em 2022, mantenha as suas obrigações. Se, pelo contrário, vê com bons olhos o prolongamento do investimento e aceita os riscos inerentes, então aceitar a oferta de troca é uma boa opção.
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