Qual o mínimo para investir?
Cada obrigação tem um valor de 5 euros e o mínimo a investir são 500 obrigações, ou seja, 2 500 euros.
Em que datas?
O período de subscrição vai de 18 a 31 de outubro. Os resultados da oferta, nomeadamente quantas obrigações serão atribuídas, são apurados dia 4 de novembro, e a 6 de novembro espera-se a emissão e a admissão à negociação na Euronext Lisboa.
Os investidores podem revogar as ordens de subscrição até às 15:00 horas de 31 de outubro.
Qual o juro pago?
As obrigações pagam um juro de 5,25% (taxa anual bruta), que é equivalente a uma taxa efetiva líquida de impostos de 3.78%. Ligeiramente abaixo da emissão anterior da Sporting SAD.
Os juros (cupão) são pagos semestralmente, a 6 de novembro e 6 de maio. Por cada obrigação que detiver, vai receber 0,095 euros líquidos de impostos, nestas datas.
Recomendamos que peça ao seu banco ou corretora a simulação da taxa de rentabilidade do investimento, considerando todos os custos e impostos. Note que deve ser incluída a comissão de guarda de títulos se ainda não possui uma conta de títulos no intermediário que vai usar.
Simulámos a rentabilidade tendo em conta as comissões médias dos principais operadores do mercado, que o seu banco ou corretora podem cobrar, e chegámos a uma TAEL de 3,61% para um investimento de 5000 euros até à maturidade.
O que mais preciso de saber?
O código ISIN que vai identificar estas obrigações é PTSCPIOM0009.
Embora haja uma tendência natural para equiparar as taxas de juro das obrigações às dos depósitos, os riscos são bastante diferentes e mais elevados no caso das obrigações, em particular tratando-se de obrigações alto rendimento / alto risco.
A nossa análise
Risco vs Rendimento
Os capitais próprios a 30 de junho de 2024 eram 20,9 milhões de euros. Continuam em terreno positivo depois dos 8,9 ME de junho de 2023. Uma melhoria significativa, depois de vários anos com capitais próprios negativos (situação de “falência técnica”).
Contudo, a autonomia financeira é de apenas 5,6% e o rácio de liquidez corrente é de 0,53, bastante abaixo do valor recomendado de pelo menos 1. Ainda assim, há uma melhoria significativa face à data da última emissão de dívida em que o valor era de 0,47.
Verificamos que os resultados operacionais (antes de transações de passes de jogadores) voltaram a ser negativos (-44 milhões de euros), ou seja, as receitas (principalmente bilheteira, direitos de transmissão, patrocínios e prémios UEFA) foram insuficientes para pagar os custos de funcionamento do clube (principalmente as remunerações do pessoal e serviços), mesmo antes de se considerarem os custos financeiros.
Os resultados líquidos dos dois últimos exercícios até foram positivos (12 milhões de euros em 2024 e 25,2 milhões em 2023). No entanto, devem-se às mais-valias realizadas com as vendas de jogadores, que são uma fonte de receita irregular e dependente dos resultados desportivos. O desequilíbrio estrutural das contas mantém-se.
Portanto, em termos de risco de crédito, parece-nos que o termo de comparação adequado são obrigações com notação de risco B (escala Standard & Poor’s), descritos como “especulativos”.
O índice que usamos como comparação, o “Markit iBoxx Euro Liquid High Yield B” está com um rendimento (“yield to maturity”) de 6,5%, bastante acima dos 5,25% brutos oferecidos por esta emissão de obrigações.
O que mudou?
Em março deste ano a Sporting SAD emitiu obrigações com um juro bruto de 5,75%. Apesar de ter sido há pouco tempo, muito mudou.
Não só as contas da SAD estão mais saudáveis, como, em virtude das descidas das taxas de juro diretoras realizadas pelo BCE, assistimos a uma diminuição das taxas de remuneração quer dos chamados “produtos sem risco” como depósitos e certificados de aforro quer dos títulos de dívida empresariais.
Quando analisámos as obrigações Sporting SAD 2024-2027 (TAEL de 3,85%), comparámo-las aos melhores depósitos a prazo que rendiam cerca de 2,4% líquidos por ano para o prazo de 4 anos. A diferença entre ambas era de 1,45 p.p.
Neste momento, o “produto sem risco” com a TAEL mais elevada a 4 anos, são os certificados de aforro, com 1,99%. Comparando com os 3,61% das obrigações Sporting SAD 2024-2028, verificamos que a diferença é agora de 1,62 p.p.
Portanto, apesar da taxa bruta ser mais baixa, a remuneração desta emissão obrigacionista (2024-2028) é mais interessante face ao mercado.
Conselho
Face a esta situação de mercado em que as taxas dos produtos de dívida estão mais baixas, e a tendência é que desçam ainda mais. A TAEL de 3,61% é tentadora.
No entanto, e apesar das melhorias significativas do último ano, estamos perante um emitente numa situação financeira ainda difícil, num negócio avesso a contas sólidas e com um juro abaixo da remuneração do mercado para o nível de risco que avaliamos existir.
Do ponto de vista do investimento, não apreciamos, em particular, o negócio do futebol. Está dependente da volatilidade dos resultados desportivos e há a constante tentação de sacrificar a sustentabilidade financeira para reforçar a competitividade das equipas.
Há também o risco de liquidez visto que as obrigações em Portugal são tendencialmente bastante ilíquidas e pode ter dificuldades em desfazer-se delas no mercado caso queira sair antes da maturidade.
Por estas razões, não recomendamos o investimento nas obrigações Sporting SAD 2024-2028 para o investidor em geral. Ainda assim, se estiver disposto a aceitar o risco elevado e está seguro de que não vai precisar de resgatar o seu investimento antecipadamente, dado o prazo de 4 anos não ser muito longo, este produto pode ser uma alternativa a ter em conta. Especialmente se as taxas e custos de subscrição que o seu banco lhe oferece forem atrativos e ficar isento de comissão de custódia (ou se já tiver uma conta títulos).
De qualquer forma, não coloque mais do que 5% a 10% do valor da sua carteira neste produto. Lembre-se que a diversificação é uma importante ferramenta do investidor.
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