Qual o mínimo para investir?
Cada obrigação tem um valor de 5 euros e o mínimo a investir são 500 obrigações, ou seja, 2 500 euros.
Em que datas?
O período de subscrição decorre entre 11 e 22 de março. Os resultados da oferta, nomeadamente quantas obrigações serão atribuídas, são apurados no dia 25 de março, e a 27 de março espera-se a emissão e a admissão à negociação na Euronext Lisboa.Os investidores podem revogar as ordens de subscrição até às 15 horas de 22 de março.
Qual o juro pago?
As obrigações pagam um juro de 5,75% (taxa anual bruta), que é equivalente a uma taxa efetiva líquida de impostos de 4,18%. Ligeiramente acima da emissão anterior.
Recomendamos que peça ao seu banco ou corretora a simulação da taxa de rentabilidade do investimento considerando todos os custos e impostos.
Note que deve ser incluída a comissão de guarda de títulos se ainda não possui uma conta de títulos no intermediário que vai usar. Por exemplo, na nossa parceria com o Banco Carregosa, que inclui uma redução na comissão sobre os juros pagos. Um investimento de 3 mil euros tem uma taxa anual efetiva líquida de 3,85%.
Os juros (cupão) são pagos duas vezes ao ano, a 27 de março e 21 de setembro. Por cada obrigação que detiver, vai receber 0,104 euros líquidos de impostos, nestas datas.
No último ano, 2027, está previsto o dividendo de março, mas não em setembro. Em vez disso, na data de reembolso, 27 de novembro, será pago um cupão referente a 8 meses, com valor líquido de impostos de 0,1368 euros.
O que mais preciso de saber?
O código ISIN que vai identificar estas obrigações é PTSCPAOM0007.Embora haja uma tendência natural para comparar as taxas de juro das obrigações com os depósitos, os riscos são bastante diferentes e mais elevados no caso das obrigações, em particular tratando-se de obrigações alto rendimento / alto risco.
A nossa análise
Risco vs Rendimento
Os capitais próprios a 30 de junho de 2023 eram 8,9 milhões de euros. Regressaram a terreno positivo pela primeira vez desde o exercício 2016/17 (as SAD fecham as contas em junho). Assim, a situação de “falência técnica” deixou de ser a realidade da SAD leonina. Contudo, a autonomia financeira é de apenas 3%. O rácio de liquidez corrente é de 0,47, bastante abaixo do valor recomendado de pelo menos 1. Ainda assim, há uma melhoria significativa face à data da última emissão de dívida quando o valor deste rácio era de 0,24.Verificamos que os resultados operacionais (antes de transações de passes de jogadores) voltaram a ser negativos (-6 milhões de euros), ou seja, as receitas operacionais (principalmente bilheteira, direitos de transmissão, patrocínios e prémios UEFA) foram insuficientes para pagar os custos de funcionamento do clube (principalmente as remunerações do pessoal e serviços), mesmo antes de se considerarem os custos financeiros.
A Sporting SAD alcançou um resultado de 25 milhões de euros tanto em 2022-2023 como em 2021-2022, mas isso foi conseguido devido às mais-valias realizadas com as vendas de jogadores, que são uma fonte de receita irregular. O desequilíbrio estrutural das contas mantém-se.
Portanto, em termos de risco de crédito, parece-nos que o termo de comparação adequado são as obrigações com notação de risco B (escala da Standard & Poor’s), descritos como “especulativos”.
O índice que usamos como comparação, o “Markit iBoxx Euro Liquid High Yield B” está atualmente com um rendimento (“yield to maturity”) de 7,3%, bastante acima dos 5,75% em termos brutos oferecidos por esta emissão de obrigações.
Se a situação da SAD é melhor, porquê o aumento da taxa?
As contas da SAD estão mais saudáveis desde a última emissão de obrigações, mas então, porque é que a taxa anual bruta anterior era de 5,25% e agora aumentou para 5,75%?Apesar de a situação financeira da SAD ter melhorado, o contexto económico é bastante diferente dos anos anteriores. As subidas das taxas de juro realizadas pelo BCE levaram a um aumento das taxas de remuneração dos chamados “produtos sem risco” como os depósitos a prazo. No nosso comparador pode verificar que existem produtos que rendem cerca de 2,4% líquidos por ano para o prazo comparável de 4 anos. Comparando com os 3,85% líquidos destas obrigações da Sporting SAD, chegamos a uma diferença de 1,45 p.p. que, apesar de ser significativa poderá não compensar o risco acrescido.
Riscos específicos do futebol
Do ponto de vista do investimento, não apreciamos, em particular, o negócio do futebol devido à elevada volatilidade da atividade. Está muito dependente dos resultados desportivos e há a constante tentação de sacrificar a sustentabilidade financeira para reforçar a competitividade das equipas.
Conselho
Estamos perante um emitente numa situação financeira ainda frágil, numa atividade volátil e com um juro oferecido que está abaixo da remuneração do mercado obrigacionista para o nível de risco que avaliamos existir.Há também o risco de liquidez, visto que as obrigações em Portugal são tendencialmente bastante ilíquidas e pode ter dificuldades em desfazer-se delas de um momento para o outro no mercado, caso queira sair antes da maturidade.
Nestas condições, o nosso conselho é para que não invista. A taxa de juro é tentadora se for comparada com opções sem risco, mas as realidades não são comparáveis e consideramos que o prémio risco oferecido não é suficiente.
Se mesmo assim quiser avançar porque está disposto a aceitar o risco elevado e está seguro de que não vai precisar de resgatar o seu investimento antecipadamente, peça uma simulação de custos no seu banco ou intermediário financeiro. Em todo o caso, não coloque mais do que 5% a 10% do valor da sua carteira de investimentos nesta obrigação. Lembre-se que a diversificação é uma importante ferramenta do investidor.
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