Investir na Índia: riscos e oportunidades na bolsa de Bombaim

A economia indiana mantém um crescimento sólido
A economia indiana mantém um crescimento sólido
A Índia estava na linha da frente para beneficiar do confronto comercial entre os Estados Unidos e a China. Para evitar as tarifas proibitivas entre estas duas potências, as grandes empresas globais transferiam a produção para Índia, como anunciou, por exemplo, a Apple. Esperava-se que a Índia viesse a ocupar, pelo menos parcialmente, o papel da China como o novo centro industrial do globo.
Contudo, de forma algo surpreendente, a relação entre a Índia e os EUA deteriorou-se por completo nos últimos meses. Provavelmente porque Trump queria a abertura da Índia aos produtos agrícolas norte-americanos, mas este é um setor muito sensível para Nova Deli.
Foi assim que Trump impôs tarifas de 50% sobre produtos indianos de mão-de-obra intensiva. É praticamente um embargo e ameaça milhões de postos de trabalho, numa economia que já não cria empregos suficientes para absorver os milhões de jovens adultos que entram no mercado de trabalho.
Washington justificou as tarifas de 50% com as importações indianas de petróleo russo. Nova Deli considera este argumento como pretexto, lembrando que os EUA continuam a comprar urânio, fertilizantes e químicos à Rússia.
Em vez de ceder às pressões americanas, Narendra Modi optou por aproximar-se publicamente da China, apesar do histórico de confrontos fronteiriços.
A Índia procura novos mercados e tenta atrair capitais estrangeiros, em particular da China, mas foi sobretudo um sinal dirigido a Washington. Trump compreendeu a mensagem, apelando para o regresso das negociações.
As elevadas tarifas americanas poderão reduzir em 0,5% o crescimento do PIB este ano. Ainda assim, com uma expansão próxima de 6%, a Índia continuará a figurar entre as economias mais dinâmicas. É um país relativamente fechado e as exportações para os EUA representam apenas 2% do PIB.
Para mitigar o choque da guerra comercial, as autoridades dispõem de margem para estimular a procura. O banco central já reduziu a taxa diretora este ano de 6,5% para 5,5%. Paralelamente, o Governo vai reduzir o IVA e simplificar o sistema fiscal para diminuir os custos das transações e estimular o consumo.
Riscos de médio prazo para a economia indiana
Apesar de ter um impacto direto limitado, uma guerra comercial prolongada com os EUA pode comprometer o ritmo de desenvolvimento da Índia. O reforço do consumo doméstico gasta recursos que poderiam financiar o investimento em infraestruturas e a incerteza trava igualmente os planos de investimento estrangeiro.
Como Washington exige o fim das importações de petróleo russo e a abertura do mercado agrícola indiano, não se antecipa uma solução rápida. Acima de tudo, a agricultura não suporta a concorrência externa e é essencial para metade da população ativa da Índia.
Ainda assim, o mais provável é que, a médio prazo, as relações com os EUA melhorem. A Índia é um parceiro indispensável na estratégia americana para conter a China. Só que até lá, a incerteza pressiona a bolsa de Bombaim e a rupia indiana.
A bolsa de Bombaim está bem diversificada. O maior peso cabe ao setor financeiro (29%), seguido dos bens de consumo (20%), atividades mais dependentes do bom dinamismo interno do que das trocas comerciais. Com o PIB a crescer em torno de 6% ao ano é um trunfo.
Pelo lado dos riscos, Bombaim apresenta elevados rácios de valorização. O PER está em 21,7, muito acima da média histórica de 16,4 e o rendimento do dividendo é de apenas 1,2%. Além disso, a curto prazo, dadas as fricções com Washington, o desempenho da bolsa deve permanecer sob pressão.
Uma aposta em fundos e ETF de ações indianas deve ser visto numa ótica de muito longo prazo e apenas para investidores menos sensíveis ao risco.
Jupiter India Select L EUR Acc
Franklin FTSE India UCITS ETF
Mirae Asset India Sector Leader Equity A EUR
MSIF Indian Equity A USD Acc
iShares MSCI India UCITS ETF USD Acc