A União Europeia adotou uma estratégia de apaziguamento e, ao contrário da China, não entrou numa escalada tarifária. O aço, alumínio e os automóveis europeus enfrentam uma taxa de 25% para entrar nos EUA e os restantes bens são taxados em 10%.
A Comissão Europeia preparou listas de produtos norte-americanos suscetíveis de sofrer represálias, mas não tenciona agir antes de julho. O objetivo é dar tempo para alcançar um compromisso.
Para já, limita-se a sublinhar que o défice comercial de bens face à União Europeia foi de 236 mil milhões de dólares em 2024 (Trump referiu 350 mil milhões) e menos de 60 mil milhões se incluir os serviços. Para reduzir esse défice, a UE propõe eliminar todas as tarifas sobre bens e aumentar as importações de produtos, como o gás natural liquefeito.
Qual a importância comercial dos Estados Unidos para a Europa?
Uma tarifa de 10% seria gerível para os exportadores europeus, sobretudo quando os concorrentes estrangeiros até podem enfrentar tarifas mais elevadas. Porém, segundo Trump, a União Europeia foi criada para “tirar proveito” dos EUA e a lista de críticas e exigências é longa: normas sanitárias que impedem as exportações de carne norte-americana, proteção dos dados dos utilizadores que prejudica os gigantes digitais e também o IVA. Portanto, um acordo está longe de se alcançado.
Dependente do comércio, a UE terá mais a perder neste confronto. Além disso, só a Comissão Europeia pode negociar, mas enfrenta pressões internas, devido aos interesses díspares dos vários países europeus.
Tendo em conta que o objetivo de Donald Trump é eliminar o défice comercial abissal dos EUA, uma meta irrealista, além do caos criado, não há progressos palpáveis.
Houve declarações triunfalistas de que a maioria dos líderes mundiais já estava a fazer fila e a implorar de joelhos para negociar com Washington. Contudo, os progressos reais foram mínimos.
Apenas o Reino Unido conseguiu um acordo preliminar, onde aceitou a maioria das exigências americanas. Porém, o défice de bens dos EUA é pouco significativo e, para Londres, o mais importante é preservar o seu setor dos serviços. Ao invés, para a UE, China, Japão, Coreia, Vietname, entre outros, as exportações de bens para os EUA são a parte mais relevante.
O que esperar desta guerra comercial?
Por agora, não é possível prever o desfecho da novela. O prazo de suspensão das tarifas irá terminar em meados de julho. Até lá, é altamente improvável que surjam acordos comerciais abrangentes.
Dificilmente, a China ou a União Europeia cederão à maioria das exigências da Casa Branca. A dúvida é se Trump dará tempo para o prosseguimento das complexas negociações ou repõe de imediato as tarifas retaliatórias anunciadas no início de abril.
O cenário é agora ainda mais complexo porque um tribunal federal nos EUA deliberou que o Presidente não tem poder para impor a maioria das tarifas com a alegação de ser uma emergência nacional. A prerrogativa para determinar as tarifas caberia só ao Congresso. Trump apelou e conseguiu suspendê-la, mas o processo vai arrastar-se no sistema judicial.
Deve investir na Europa?
Apesar dos grandes desafios, as bolsas europeias têm demonstrado uma elevada resiliência. O índice Stoxx Europe ganha 8% em 2025, contra uma queda de 5% do índice global. Mesmo assim, as ações europeias continuam com níveis de avaliação mais atrativos do que as congéneres americanas. O rácio PER é 14, contra 21 dos EUA e está mais perto da respetiva média histórica (13 face a 16).
Infelizmente se a guerra comercial com os EUA escalar, a Europa ficará mais vulnerável. Por isso, apesar dos níveis de avaliação e de haver empresas europeias com potencial, de momento, consideramos que os ETF dedicados às ações europeias não são a melhor alternativa.
Ações europeias: fundos e ETF
Amundi MSCI Europe UCITS ETF DR
Fidelity MSCI Europe Index P EUR Acc
SPDR STOXX Europe 600 SRI UCITS ETF Acc
Vanguard European Stock Index Investor Acc
Xtrackers MSCI Europe UCITS ETF 1C
O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROteste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições.