Investir em ETF da Austrália: vale a pena em 2025?

A economia autraliana começa a recuperar
A economia autraliana começa a recuperar
A economia australiana está a dar sinais claros de recuperação após um período difícil. O consumo interno está a crescer, os juros estão a descer e o crédito está a reanimar.
No entanto, a bolsa de Sydney continua cara e volátil, o que exige cautela. Para quem procura diversificação, um ETF de ações australianas pode ser uma opção interessante — desde que o seu perfil de investidor aceite um risco acima da média.
Depois de enfrentar anos marcados por inflação elevada, subida das taxas de juro e forte endividamento das famílias, a Austrália começa a recuperar. A inflação deverá situar-se nos 2,5% em 2025, muito próxima da meta do banco central.
A taxa diretora, que estava nos 4,35% desde 2023, já foi reduzida para 3,85% e poderá descer ainda mais nos próximos trimestres. Esta política monetária mais favorável está a impulsionar o crédito ao setor privado e a estimular o consumo, o que deverá traduzir-se num crescimento do PIB próximo de 2% este ano e superior em 2026.
O crescimento populacional tem sido um dos motores da economia. Em apenas uma década, a população australiana aumentou 17%, passando de 24 para quase 28 milhões de habitantes. Este aumento impulsionou o PIB, mas o rendimento por habitante manteve-se estagnado.
A pressão sobre o mercado imobiliário levou muitas famílias a contrair mais crédito para adquirir habitação. A inflação pós-pandemia e a subida dos juros agravaram a situação, com o rendimento disponível a cair cerca de 8% desde 2022, segundo a OCDE.
Ainda assim, os Governos australianos responderam com um aumento da despesa pública, ajudando a mitigar os efeitos negativos.
Como outros países, a Austrália teme o futuro das relações comerciais e os efeitos das tarifas impostas por Washington. Embora sujeita a uma tarifa de 10%, a Austrália exporta pouco para os EUA e não será muito afetada.
A maior preocupação é a China, principal destino das exportações australianas. Um conflito comercial prolongado poderá prejudicar a economia chinesa e indiretamente a Austrália. A China terá meios para estimular a sua economia, mas a incerteza global afetará o investimento e a procura externa pelos produtos australianos.
Em 2025, o mercado australiano apresenta uma queda de 3%. Mesmo sem o efeito cambial, teria valorizado apenas 4,8%, um desempenho bastante abaixo da média global.
A bolsa de Sydney é dominada por setores internos:
- Setor financeiro: 41% do índice MSCI Australia
- Mineração: apenas 17%
- Outros setores relevantes: saúde (9%), consumo não essencial (7%), indústria (6%), imobiliário (6%)
Este perfil torna o mercado australiano menos dependente das exportações e mais sensível ao crédito e ao consumo interno. Em tempos de incerteza global, esta pode ser uma vantagem.
A bolsa de Sydney apresenta um rácio PER próximo de 20, perto dos seus máximos históricos e ligeiramente superior à média global. Níveis de valorização pouco atrativos.
A volatilidade é comparável à de mercados emergentes como a Índia ou a Indonésia, e superior à dos mercados europeu e norte-americano. Apesar das boas perspetivas económicas, este mercado é adequado apenas para investidores com maior tolerância ao risco.
ETF recomendado: iShares Msci Australia UCITS ETF (Acc)
Tickers: IBC6, IAUS
ISIN: IE00B5377D42