Bolsa de Londres em máximos

As perspetivas económicas do Reino Unido são fracas
As perspetivas económicas do Reino Unido são fracas
Não recomendamos o investimento em fundos e ETF dedicados às ações britânicas. Apesar de valorizações relativamente atrativas e do desempenho do índice FTSE 100 em 2025, as perspetivas económicas do Reino Unido são débeis e a bolsa de Londres perdeu relevância internacional.
A valorização de Londres não reflete os fracos fundamentos da economia britânica. O Reino Unido depende do crédito para crescer e nunca recuperou totalmente da crise financeira de 2008/2009. Desde então, o PIB per capita e a produtividade registam progressos dececionantes.
Ao mesmo tempo, Londres adia há décadas as reformas necessárias: infraestruturas deterioradas, sistema de saúde em crise e incapacidade para apoiar o investimento. O Brexit, isto é, a saída da União Europeia, e a pandemia agravaram a situação.
O novo primeiro-ministro Keir Starmer prometeu não aumentar impostos e investir no NHS (o SNS britânico). Porém, a margem orçamental é reduzida.
Sem um plano credível, o Reino Unido paga caro pelo financiamento. Atualmente, a taxa das obrigações soberanas a 10 anos ultrapassa os 4,6%. Com uma dívida pública de 96% do PIB, o peso dos juros limita a ação do Governo. Os investidores reagem rapidamente a sinais de risco e criam instabilidade no mercado obrigacionista.
Sem margem na política orçamental, os investidores esperavam estímulos monetários. Com efeito, o Banco de Inglaterra cortou as taxas diretoras quatro vezes desde a chegada do novo Governo, fixando a taxa de referência em 4,25%. Porém, a política monetária não teve o efeito esperado.
Os consumidores, que deviam beneficiar de crédito mais barato, viram o rendimento disponível cair no primeiro trimestre. Os salários subiram ligeiramente, mas a inflação, a carga fiscal e o fim de apoios reduziram o poder de compra.
Por outro lado, as taxas de longo prazo não acompanharam a taxa diretora. Em doze meses, a taxa do Banco de Inglaterra recuou de 5,25% para 4,25%, mas nas obrigações emitidas a 10 anos subiu de 4,1% para 4,6%.
A City de Londres deixou de atrair empresas. Nos primeiros seis meses de 2025, registaram-se apenas cinco IPO (entradas em bolsa), com um volume de cerca de 185 milhões de euros. É o valor mais baixo desde 1995. Após o Brexit, foi Nova Iorque, com maior liquidez, que mais ganhou.
Muitas empresas cotadas em Londres, incluindo grandes nomes do setor energético e farmacêutico britânico, ponderam até mudar-se de Londres para os EUA, onde esperam atingir valorizações superiores.
A bolsa londrina é dominada por setores tradicionais: financeiro (24%), bens de consumo essencial (16%), indústria (16%), saúde (12%) e energia (10%). O setor tecnológico representa apenas 1% do índice!
Pela positiva, a indústria, especialmente a defesa, beneficia do novo interesse do Ocidente. Graças a empresas como a BAE Systems e a Rolls-Royce, a bolsa britânica terminou o semestre com um ganho de quase 5% medido em euros. Mas é difícil identificar novos motores de crescimento.
Apesar do recorde atingido pelo índice FTSE 100, as ações britânicas não estão caras. Com um rácio PER (cotação/lucro) de 13, o mercado acionista de Londres está apenas ligeiramente acima da sua média histórica (12,3) e bastante aquém do índice mundial (18).
Mas este trunfo da bolsa de Londres é insuficiente perante as fracas perspetivas económicas. Não recomendamos fundos e ETF dedicados à bolsa de Londres. Mesmo nas ações individuais há poucas boas opções.
A BAE Systems, que beneficia da procura por armamento, merece o nosso conselho de compra. Também recomendamos a Diageo, no segmento de bebidas destiladas, cujo portefólio de marcas (Guinness, Johnny Walker, Smirnoff, Baileys) e um plano de corte de custos dão os ingredientes para se destacar.
Apesar do fraco desempenho da economia britânica, o índice FTSE avança 10% em 2025. Porém, em euros, devido à depreciação da libra, o ganho cai para 5%. A longo prazo, as perspetivas são pouco animadoras.
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