Análise

Investir nas terras raras: oportunidade?

terras raras

As propriedades destes elementos são únicas, tornando-os componentes imprescindíveis para várias indústrias.

Publicado em: 14 março 2025
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terras raras

As propriedades destes elementos são únicas, tornando-os componentes imprescindíveis para várias indústrias.

As terras raras estão na mira de Trump e são essenciais em muitas tecnologias, mas serão uma boa oportunidade de investimento?

O que são as terras raras?

O nome de "terras raras" ou minerais críticos agrupa 17 elementos químicos (exemplos: escândio, neodímio, ítrio, entre outros). Apesar do nome, esses elementos não são necessariamente raros, embora sejam encontrados em concentrações baixas e misturados com outros minerais, o que torna a sua extração e separação complexa, de elevado custo e poluente.

As propriedades destes elementos são únicas, tornando-os componentes imprescindíveis para as indústrias tecnológicas, de defesa, automóvel e para o setor energético. Estão presentes, por exemplo, em telemóveis, computadores, painéis fotovoltaicos, baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, radares e sonares.

Qual a importância deste mercado?

Embora se trate de um mercado relativamente pequeno (algumas estimativas apontam para apenas 7 mil milhões de dólares em 2024 e uma previsão de 10 mil milhões em 2029), alimenta atualmente indústrias gigantescas.

Só que o preço das terras raras tem vindo a revelar-se muito volátil. É igualmente um mercado muito menos transparente do que o das restantes matérias-primas, sendo que as cotações internacionais baseiam-se, sobretudo, em preços praticados no mercado interno chinês. Estes fatores dificultam a realização de estimativas sobre a evolução dos preços das terras raras e acrescentam uma boa dose de risco.

E do lado da oferta, tem havido uma forte expansão. A produção global de terras raras aumentou rapidamente de 240 mil toneladas, em 2020, para 350 mil em 2023, de acordo com dados do Serviço Geológico dos EUA.

A China é responsável por cerca de 60% da extração mineira de terras raras e não favorece o encarecimento dos preços. Desta forma, permite que as suas indústrias beneficiem de preços fiáveis e mais baixos nestas matérias-primas.

Além disso, as tensões geopolíticas e as restrições às exportações impostas pelo Ocidente ou pela China acabam por limitar o negócio e penalizam a atividade das empresas.

Quem domina o mercado das terras raras?

A China é o país que domina a produção mundial, possuindo uma parte significativa das reservas mundiais. Neste contexto, compreende-se que a diversificação da produção de terras raras se tenha tornado uma prioridade para a Europa e para os Estados Unidos, a fim de reduzir a dependência da China.

A União Europeia, que se comprometeu a alcançar a neutralidade carbónica em 2050, necessitará de produzir muita tecnologia "verde": carros elétricos, turbinas eólicas, painéis solares, entre outros, e precisa precaver uma subida da procura de terras raras na Europa.

Por fim, partindo do pressuposto que a Ucrânia possuiria importantes jazidas destes minerais, o seu controlo tornou-se um fator-chave para Donald Trump. Porém, como a sua existência e mineração são altamente incertas, o acordo exigido passou a ser sobre a exploração de matérias-primas em geral. De qualquer forma, para o Presidente dos EUA é essencial para manter o apoio norte-americano à Ucrânia.

Qual o desempenho deste mercado?

Apesar do potencial destes minerais, o mercado corrigiu bastante e está em crise. Por exemplo, o ETF VanEck Rare Earth and Strategic Metals UCITS acumula uma perda de cerca de 60% em três anos!

Este ETF investe a nível global em ações de empresas que obtêm pelo menos 50% dos rendimentos com a refinação, reciclagem ou produção de terras raras e metais e minerais estratégicos. Em termos geográficos, neste ETF a China é o maior mercado (30% da carteira), seguido da Austrália (19%) e dos Estados Unidos (17%).

No mesmo período de três anos, o índice do setor dos materiais conseguiu uma valorização acumulada de 8,2%. Nada de espetacular face ao mercado acionista global (+37%), mas muito melhor do que o segmento das terras raras.

E apesar da queda brutal, o setor não está barato. Considerando as maiores empresas detidas pelo ETF, o rácio médio do PER é elevado (27) e sem contar que algumas empresas até estão a apresentar prejuízos.

Deve investir?

Com o ressurgimento dos receios sobre o dinamismo económico global, as matérias-primas em geral vão enfrentar uma conjuntura ainda mais desafiante. É altamente improvável que as terras raras tenham um melhor desempenho, apesar da crescente atenção mediática.

Apostar no ETF VanEck Rare Earth and Strategic Metals UCITS ETF ou no seu “irmão” cotado nos Estados Unidos, VanEck Rare Earth and Strategic Metals ETF, apresenta-se como uma opção bastante arriscada. A menos que tenha um perfil muito especulador, fique afastado.

 

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