Análise

Emergentes digerem decisões da Fed

Publicado em:  11 outubro 2024
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O corte dos juros nos EUA permite que os países emergentes se concentrem mais no estímulo às respetivas economias.

Coreia corta juros para 3,25%

O Banco da Coreia cortou a taxa diretora em 0,25%, para 3,25%, iniciando o ciclo de descida dos juros. A taxa encontrava-se nos 3,5% desde o início de 2023 e a decisão foi possível devido ao controlo da inflação, o abrandamento económico e os esforços para reduzir o endividamento das famílias.

O banco central conselho projeta que a inflação permaneça abaixo de 2% este ano e fique em 2,1%, apesar das tensões no Médio Oriente, flutuações cambiais e ajustamentos de tarifas nas utilities coreanas. A redução dos juros permitirá dar um impulso à economia, dado que a previsão do crescimento do PIB para 2025 é de apenas 2,1%.

A bolsa de Seul também poderá beneficiar, até porque negoceia em somente com um rácio cotação/lucro de 9.3. Pode dedicar uma parte da carteira a fundos/ETF de ações coreanas.

Inflação contida na América Latina

No Brasil, os preços subiram 0,44% em setembro, tendo a maior pressão ascendente vindo do custo da habitação. A taxa de inflação homóloga subiu ligeiramente de 4,24% para 4,42%. No México os preços praticamente não variaram em setembro (+0,05%), mas a taxa homóloga caiu pelo segundo mês para 4,58% em setembro de 2024. A moderação da inflação deveu-se principalmente à redução sustentada dos preços dos produtos alimentares.

Ambos os países conseguiram cortar a inflação para menos de metade face aos máximos de 2022, mas enfrentam ainda outros desafios. A economia brasileira está em sobreaquecimento e o banco central voltou a subir as taxas diretoras. No México, as polémicas reformas judiciais do anterior Presidente causaram a fuga dos investidores estrangeiros.

Apesar destas incertezas e da recente pressão cambial sobre o real e o peso, as respetivas bolsas apresentam um potencial interessante, sobretudo o mercado mexicano dada a posição geopolítica privilegiada do México num contexto de desglobalização.

IShares MSCI Mexico Capped UCITS ETF USD (Acc)

Índia: juros mantêm-se a 6,5%

O Reserve Bank of India (RBI) manteve a taxa de política monetária em 6,5% pela décima reunião consecutiva. Esta decisão era esperada, mas referiu ainda que a postura da política monetária passou a neutra, ou seja, abriu a porta para cortes de juros perante sinais de uma desaceleração do crescimento da economia.

Por um lado, a taxa de inflação homóloga permanece finalmente abaixo da meta do RBI de 4%, embora tenha acelerado ligeiramente para 3,65%, em agosto, devido ao aumento dos preços dos alimentos, sendo que estes representam cerca de metade do cabaz de consumo indiano.

Por outro lado, o RBI manteve a sua previsão de crescimento do PIB da Índia do ano fiscal de 2024-25 em 7,2%. A larga margem monetária poderá ser usada para contrariar um abrandamento. Infelizmente, bolsa de Bombaim está com níveis de valorização em máximos históricos e demasiado elevados (rácio PER de 23 contra 17 da média global) revelando um excessivo otimismo: não recomendamos fundos/ETF de ações da Índia.

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