As bolsas reagiram mal à ofensiva tarifária de Trump e às medidas de retaliação por parte da China, que também irá impor uma tarifa de 34% sobre as importações dos EUA.
As bolsas tiveram a sua pior semana desde a pandemia, devido a receios de recessão nos EUA com repercussões a nível mundial. O S&P 500 caiu 9,1% e o Nasdaq perdeu 10%. As tecnológicas americanas (-11%) fecharam em forte queda, incluindo a Apple (-13,5%), cuja cadeia de abastecimento depende de fornecedores sediados na China e na Índia. No segmento desportivo, a Nike caiu 9,8%, a Adidas 11,6% e a Puma 9,9% dada a sua dependência produtiva de países asiáticos.
Na Europa, o Stoxx Europe 600 desceu 8,4%, com Frankfurt e Paris a recuaram 8,1%. Todos os setores fecharam no vermelho, sobretudo a banca, que caiu 11,7%. Afetados pelos receios de deterioração económica e pela descida das taxas de juro, o ING caiu 12,9% e o Société Générale perdeu 18,8%.
Vamos deixar de acompanhar o Bank of America (-16,6%), cujo conselho mudou para vender em janeiro. Venda esta ação.
Os grupos de luxo também são penalizados pelas tarifas, embora possam repercutir algumas delas nos preços. A LVMH caiu 9,7%, a Kering 10,5% e a Hermès 5,7%.
Neste contexto de aversão ao risco, os investidores procuram refúgios. O ouro (-1,3%) atingiu um novo máximo durante a semana nos 3167 dólares por onça.
O sector europeu dos serviços públicos (-0,3%) e o alimentar (-0,9%) tiveram perdas limitadas. A National Grid ganhou 2,4% e a Engie 2,2%.
As farmacêuticas (-6,7%) foram penalizadas pela nova política de saúde americana. A Eli Lilly desceu 10,2% e a Pfizer recuou 8,9%.
Nota final para o facto de termos reforçado a nossa carteira de ações com bom dividendo com a entrada de dois novos títulos, EDP e Solvay. Ambas têm um bom histórico de remuneração acionista e um alto rendimento do dividendo: 6,3 e 8%, respetivamente.
Lisboa não escapou à “debacle”
Apesar da queda menos pronunciada, Lisboa não escapou ao sentimento bolsista muito negativo e perdeu 4,5% na semana passada, com apenas dois títulos a fecharem em alta: Jerónimo Martins (+3,6%) e REN (+2,9%).
O BCP (-13,2%), contagiado pela queda da banca no exterior, liderou as perdas, seguido da Mota-Engil (10,8%) e da Galp (-10,7%), penalizada pela queda de 10% do petróleo.
Graças à descida das taxas de juro, a EDP caiu apenas 0,7%, apesar da EDP Renováveis (-7,5%) ter descido bastante mais. Nota final para a correção dos CTT (-6,5%), que, ainda assim, acumulam ganhos de 33% em 2025.
Números da semana
+4,1%
A bolsa de Lisboa é das poucas que ainda está positiva em 2025 (+4,1%) e a contrariar as perdas de 2,2% do Stoxx Europe 600. Porém, a abertura em forte queda esta segunda-feira, pode agravar o cenário. Não ceda ao pânico e mantenha uma estratégia de longo prazo.
-18,7%
Apesar do bom início de ano, as bolsas americanas já acumulam fortes perdas em 2025, com o S&P 500 a perder 18,7% e o Nasdaq 23,9%. As tarifas de Trump ameaçam reduzir o comércio internacional e, por contágio, o crescimento económico, o que está a assustar os investidores.
Top subidas
Jerónimo Martins +3,6%
REN +2,9%
Orange +2,8%
National Grid +2,4%
Engie +2,2%
Top descidas
VF Corp -26,3%Kion Group -20,9%
Société Générale -18,8%
Anglo American -18,7%
Aperam -17,2%
A semana em números
Principais Bolsas | |
Europa Stoxx 600 | -8,4% |
EUA S&P 500 | -9,1% |
EUA Nasdaq | -10,0% |
Lisboa PSI | -4,5% |
Frankfurt DAX | -8,1% |
Londres FTSE 100 | -7,0% |
Tóquio NIKKEI 225 | -9,0% |
Variação das cotações entre 28/03/25 a 04/04/25, em moeda local.
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