Nos mercados financeiros, o risco é habitualmente quantificado através da volatilidade. Este indicador estatístico mede a amplitude das variações ao longo do tempo.
Quanto mais intensas forem as oscilações das cotações, maior será a incerteza quanto ao resultado do investimento. Em termos simples, um mercado mais volátil é mais arriscado.
Mercados emergentes: volatilidade elevada e forte heterogeneidade
Os mercados emergentes apresentam, de forma geral, níveis de risco mais elevados. Economias com estruturas produtivas e institucionais menos consolidadas, frequentemente dependentes de capitais estrangeiros, tendem a atravessar períodos de maior instabilidade, o que se traduz numa volatilidade mais acentuada das respetivas bolsas.
Contudo, as diferenças entre estes mercados são significativas. A Turquia e o Brasil são os casos mais extremos, com volatilidades de 32% e 30%, respetivamente. Este comportamento resulta das flutuações das bolsas locais e da instabilidade cambial.
A forte e, sobretudo, irregular depreciação da lira turca e do real brasileiro face ao euro na última década contribuiu de forma decisiva para o aumento do risco total.
Outros mercados emergentes apresentam perfis de risco mais contidos. A Polónia e a China registam volatilidades de 24% e 23%, enquanto Coreia do Sul, Indonésia e México e Índia se situam em torno dos 20%.
Mercados desenvolvidos e o impacto da diversificação global
Nos mercados desenvolvidos, o risco é mais reduzido e as diferenças entre praças financeiras menos marcadas. Os Estados Unidos apresentam uma volatilidade de 16%, enquanto a zona euro regista 15%, valor idêntico ao observado na bolsa de Lisboa. A Suíça e o Japão surgem com um nível de risco ainda mais baixo, de 13% e 12%, respetivamente.
Mais importante é o efeito da diversificação e que é evidente quando se observa o mercado mundial. O seu nível de risco está em torno de 13%, sendo inferior ao da maioria das bolsas individualmente.
O mesmo se verifica quando se considera o conjunto dos mercados emergentes, porque tendem a oscilar de formas muito diferentes. Por exemplo, um problema na economia Indonésia será bastante distinto de uma crise no Brasil e tenderão a não estar correlacionados nem na dimensão nem no momento.
Risco, rendimento esperado e decisões de alocação
O risco é apenas um dos elementos a ponderar nas decisões de investimento. Em teoria, assumir um risco mais elevado está associado a um rendimento esperado superior, mas há limites.
- implica aceitar a possibilidade de perdas significativas, algo desajustado para a maioria dos investidores.
- os mercados nem sempre funcionam de forma plenamente eficiente, existindo distorções que podem subestimar os riscos reais ou gerar oportunidades.
- o risco histórico constitui apenas uma referência para o futuro. As diferenças de volatilidade entre mercados evoluem ao longo do tempo e o nível global de risco não é constante.
Em síntese, uma estratégia de diversificação adequada passa inexoravelmente por combinar ETF e fundos dedicados a vários, e mais promissores, mercados (e incluindo obrigações). Esta abordagem permite reduzir o risco total de uma carteira sem comprometer de forma excessiva o rendimento esperado.
Volatilidade dos mercados de ações
Turquia: 32%
Brasil: 30%
Polónia: 24%
China: 23%
Coreia do Sul: 20%
Indonésia: 20%
México: 20%
Índia: 19%
Estados Unidos: 16%
Zona euro: 15%
Portugal: 15%
Mercado mundial: 13%
Mercados emergentes: 13%
Suíça: 13%
Japão: 12%
Fonte: Refinitiv; com base nos índices de ações Datastream, nos últimos 10 anos e incluindo efeitos das variações cambiais face ao euro
O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROteste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições.